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Chefe de gabinete argentino refuta comparação com crise de 2001

Marcos Peña concedeu entrevista nesta quarta para discutir o pedido de ajuda feito ao FMI

Chefe de gabinete argentino refuta comparação com crise de 2001
Notícias ao Minuto Brasil

19:23 - 09/05/18 por Folhapress

Economia Governo

O chefe de gabinete do governo argentino, Marcos Peña, deu uma entrevista a jornalistas na Casa Rosada, na tarde desta quarta-feira (9), para falar do pedido de ajuda que o ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, foi levar ao FMI, da inflação e do projeto (ainda em discussão no Congresso) de um novo "tarifaço" nos serviços (água, eletricidade, transporte) devido à retirada de subsídios da época do kirchnerismo (2003-2015).

Peña pediu que se evitassem "comparações e rumores" que indicassem que a Argentina esteja vivendo uma crise como a de 2001 -que acabou com a derrubada do então presidente Fernando de la Rúa.

"Não há uma situação que deva levar os argentinos a pensar que há uma crise com nossa moeda, nem que estejamos perdendo a batalha contra a inflação", afirmou, apesar de admitir que esse índice não vem baixando como o programado.

O governo fechou as negociações paritárias com os sindicatos com a projeção de 15%, e a cifra atual segue em 23%. Em razão disso, os sindicatos estiveram reunidos também durante o dia para acordar se fariam uma greve geral ou uma série de atos.

Peña também disse que o montante da linha de crédito que será negociada com o FMI num processo que durará "algumas semanas" não será necessariamente de US$ 30 bilhões, como veicularam alguns meios de comunicação. "Quando tivermos a cifra definida, nós informaremos."

Peña negou que a ida ao FMI tenha sido uma medida desesperada ou pensada de um dia para o outro.

"Nós, desde o primeiro dia, dissemos que nossa proposta para seguir adiante é o gradualismo. Ou seja, não promover políticas de impacto, grandes choques, e, para fazer isso com segurança, transmitindo tranquilidade ao mercado, precisamos desse auxílio. Não há outro caminho possível."

Acrescentou novamente que a ida ao FMI é "preventiva para que não haja um impacto grande nos salários dos trabalhadores" e que não se deve dizer que "voltamos ao FMI, porque sempre estivemos com o FMI. [O ministro] Dujovne viajou para iniciar um processo que vai durar algumas semanas. Entendemos as inquietudes, mas a ideia é encontrar o melhor acordo para dar mais segurança e confiança para a nossa economia."

Chamou a atenção para o fato de que a Argentina de hoje convive com 30% de pobreza e que, portanto, os cortes nos gastos públicos são limitados e que "não há outro caminho responsável neste momento, porque não vamos deixar essa população ainda mais vulnerável".

Indagado sobre as condições que o FMI pode pedir para oferecer a linha de crédito, Peña disse que "este governo sempre se baseou na verdade e agora nos toca uma etapa em que vão nos exigir mais, vão nos observar mais, mas fiquem seguros de que podemos enfrentar esse desafio porque estamos em condições de atravessar isso, é um momento de transição".

Peña apresentou entre as justificativas para o pedido de ajuda ao FMI "a influência de variáveis que não dependem de nós", citando os preços do petróleo, a seca que fez com que a última colheita de soja fosse mais baixa na última temporada e a situação econômica internacional "que fez com que as moedas emergentes ficassem mais vulneráveis".

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BATER NA PORTA DO DIABO

Enquanto isso, durante todo o dia, houve debate no Congresso sobre o conjunto de aumentos de tarifas de serviços que o governo quer aprovar. A discussão foi tensa e marcada pelo pedido de ajuda ao FMI.

A Câmara de Deputados, de maioria opositora, assim como o Senado, manifestou várias vezes o repúdio às mais recentes ações do governo.

Axel Kicillof, deputado e ministro da Economia do governo Cristina Kirchner, disse que o pedido é "um exagero e uma vergonha". E acrescentou: "Nossa gestão atravessou a crise de 2008-2009 e muitas outras crises e nunca tivemos de tomar uma atitude como essa. Está claro que os que estão governando não sabem o que estão fazendo".

"Estamos voltando a bater na porta do diabo", disse o deputado kirchnerista Fernando Espinoza. Do mesmo partido, Andrés Larroque disse que "Néstor Kirchner demorou dois anos para tirar o FMI de cima de nós, e Macri, dois anos para voltar a ele."

Victoria Donda, do partido Libres del Sur, afirmou que votaria contra o tarifaço e que se opõe a que "voltemos a estar de joelhos diante do FMI.

A principal defensora do governo no Congresso foi a líder da Coalizão Cívica, que faz parte da bancada governista, Elisa Carrió: "Se é para dar mais força ao governo e às reformas, estou de acordo".Com informações da Folhapress.

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