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Vagas de altos salários empacam no mutirão em SP

Até as 11 horas, apenas três candidatos com ensino superior haviam sido encaminhados, mas nenhum com foco em vendas

Vagas de altos salários empacam no mutirão em SP
Notícias ao Minuto Brasil

11:43 - 07/08/18 por Folhapress

Economia Oportunidade

Vagas para gerência e especialistas foram a novidade do segundo mutirão de emprego promovido pelo Sindicato dos Comerciários de São Paulo, na região central da capital paulista, porém postos com salários de até R$ 8.000 tiveram baixa procura.

Segundo o sindicato, 5.500 pessoas compareceram ao evento nesta segunda-feira (6).

A Unifisa, empresa de consórcios, levou ao mutirão 50 vagas para vendedor externo, para as quais exigia ensino superior completo.

Até as 11 horas, apenas três candidatos com ensino superior haviam sido encaminhados, mas nenhum com foco em vendas. No fim do dia, a empresa agendou dinâmica de grupo com 20 trabalhadores e marcou oito entrevistas.

"Esperávamos maior procura no início do dia, mas o resultado final foi satisfatório. Foi nossa primeira experiência em um evento de seleção como este", disse o gerente comercial da Unifisa, André Zena.

O Grupo IMC, das redes Brunella, Viena e Frango Assado, tinha 11 posições para cargos com ensino superior -gerente de lojas e nutricionista-, porém não recebeu nenhum currículo para essas vagas.

A mesa situação vale para a C&C. Dos currículos recebidos, nenhum foi para gerência, apenas para cargos operacionais.

Procuradas, as empresas não se manifestaram sobre a participação no evento.

A IBM, que buscava analistas de suporte ao cliente, não divulgou o número de vagas. Segundo a organização do evento, 70 currículos foram recebidos pela empresa.

Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, 79.538 cargos de chefia foram fechados no primeiro semestre de 2018.

O especialista em recursos humanos Renato Grinberg afirma que há resistência entre os mais qualificados para buscar vagas em eventos como o do sindicato.

"Ainda existe uma certa vergonha das pessoas de se exporem e procurarem emprego em um mutirão", diz.

O sindicato abriu também participação para outros setores, como o de serviço. Os salários são a partir de R$ 1.200.

O maior número de oportunidades, 2.000, era para operador de telemarketing. No total, foram 4.000 vagas de 26 empresas. Nesta segunda, 1.800 pessoas foram atendidas. O restante voltará durante a semana.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 12,9 milhões de brasileiros estavam desempregados no segundo trimestre.

Para tentar deixar a estatística, o músico Glehison Thiales, 24, fez do Viaduto do Chá a sua casa. Ele foi o primeiro a chegar à fila, no sábado (4).

Thiales saiu de Chapecó (SC) em busca de um emprego. O jovem, que está há quatro anos sem carteira assinada, decidiu largar tudo e tentar a vida na capital paulista.

Ele veio para São Paulo com apenas R$ 250, o valor da passagem. "Aceito qualquer oportunidade. Já trabalhei em atendimento, de servente de pedreiro. Desta vez, se tiver de escolher, prefiro algo no comércio, porque serviço de servente é muito pesado."

A auxiliar de loja Valéria de Oliveira, 34, chegou no domingo, às 19 horas, à fila do mutirão. Demitida na semana passada, ela usou o primeiro dia do desemprego para procurar uma vaga.

"Trabalho 15 anos em mercado, acho que isso me qualifica como uma boa candidata", diz. Oliveira foi ao mutirão acompanhada da amiga, a segurança Priscila da Fonte, 35.

Desempregada há seis meses, Fonte também é mãe de três filhos e quer uma recolocação em sua área, mas aceita qualquer vaga. "O que for possível para me recolocar, me restabelecer e começar a sonhar novamente", afirma.

O casal Mailson Celso de França, 29, e a mulher Alcineia Araújo Gouveia, 38, chegou por volta das 22 horas de domingo ao Viaduto do Chá.

Sem carteira assinada desde 2013, França diz que conseguir emprego fixo depois de tanto tempo "chega a ser melhor que sonho".

Gouveia, que está sem emprego há um ano, afirma que não foi fácil passar a noite de pé, no frio e longe das filhas, de 14 e 2 anos.

"A gente não tem escolha. Como sou mais velha, tenho medo de não conseguir. Falei para ele que vamos arranjar emprego e sair só aposentados." Com informações da Folhapress.

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