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Paixão: Flamenguistas acumulam histórias e otimismo em Doha

Depois de viver talvez o momento mais feliz da sua vida e ver de perto a virada histórica do Flamengo por 2 a 1 sobre o River Plate

Paixão: Flamenguistas acumulam histórias e otimismo em Doha
Notícias ao Minuto Brasil

13:30 - 14/12/19 por Estadao Conteudo

Esporte Futebol

As noites de George Sotero não têm sido as mesmas desde a vitória do Flamengo na final da Libertadores, em 23 de novembro, em Lima. Ansiedade, preocupação e, ao mesmo tempo, a certeza de que viria à Doha acompanhar o Flamengo, no Mundial de Clubes, tiraram algumas noites de sono do fanático rubro-negro.

Depois de viver talvez o momento mais feliz da sua vida e ver de perto a virada histórica do Flamengo por 2 a 1 sobre o River Plate, ele só pensava que iria para Doha, mesmo sem saber como. Assim como muitos outros, que compartilham as mais surpreendentes histórias, George veio através de um patrocínio inusitado: uma "vaquinha" que viralizou na internet, custeando boa parte da passagem área: "Pedir dinheiro para os outros dá muita vergonha. Mas as pessoas sabem que o Flamengo é a minha vida e, por isso, muitos colaboraram com o meu sonho".

A mãe de George deu o empurrãozinho que faltava: "Ela disse pra eu não ter vergonha de realizar meus sonhos e mandou 'toma aí, filho. Já pode começar a sua vaquinha'. Quando vi, era um depósito de R$ 500", diz o torcedor caminhando pelas ruas de Doha com uma das várias camisas do Flamengo que trouxe para a viagem - uma por dia, conta.

Essa história com o Flamengo começou desde cedo. Influenciado pelo avô, George hoje comanda uma das maiores torcidas organizadas do clube, a Urubuzada. Com apenas 24 anos, ele assumiu, por dois anos, a presidência. Mesmo tão novo, já coleciona histórias de "torcedor raiz": perdeu namoradas, compromissos, investe seu dinheiro nisso e não perde um jogo in loco desde 2017.

Nesse ano histórico do Flamengo, George foi em dez jogos da Copa Libertadores, sendo a final com um valor inexplicável: na véspera, pagou uma passagem mais cara para comemorar, no Rio, o aniversário do avô. No dia do jogo, completou 24 anos e ganhou o melhor presente possível. E no dia seguinte, uma mistura de muita emoção e felicidade na volta pra casa, e o frenesi do Mundial de Clubes. O carioca já arrecadou cerca de R$ 4,5 mil, o que já contribui com mais de 70% dos gastos com passagem aérea e hospedagem para 13 dias.

Assim como muitos outros torcedores, certamente impulsionados pelo custo altíssimo das passagens para Doha, George não passará o Natal com a família, porque só retorna ao Brasil no próximo dia 26. Segundo ele, tudo vai valer a pena. Confiante, ele aposta muito na vitória do Flamengo tanto na semifinal, quanto na decisão.

Emocionado, ele conta que tem uma missão importante para o dia do jogo. Depois de doar uma quantia bem alta para a vaquinha, o amigo fez uma exigência que se tornou a missão mais importante da tão sonhada viagem de George. "Depois de tentar desistir, ele foi um dos que contribuiu para o meu sonho. Ele me pediu que levasse a foto dele com a filha de 6 anos, que morreu esse ano vítima de uma doença rara. Isso me emocionou muito. A foto está comigo e eu só vou tirar da mochila no dia do jogo", conta.

Assim como George, muitos outros que circulam de preto e vermelho pelo cenário moderno e cheio de arranha-céus de Doha, também contam histórias que provam a importância de acompanhar o Flamengo tão longe de casa. Reginaldo Pessoa é um desses.

Ir a Doha era mais que obrigação para o único flamenguista na família. Durante a infância, Reginaldo resolveu torcer pelo time da Gávea justamente e 1981. O sentimento que muitas crianças vivem nesse ano de guinada histórica do Flamengo, ele sentiu há 38 anos. E não parou mais.

"Aqui em Doha vejo que há pessoas com grana, com condições financeiras de bancar a viagem, mas também outras que não tem nada para gastar. Mas o que impressiona e me deixa feliz é ver como elas são iguais pelo Flamengo. Como se igualam socialmente para o mesmo objetivo. E é muito bom fazer parte disso", diz Reginaldo ao lado de outros torcedores, a maioria usando chinelos e bermuda, como se estivessem no Rio.

O Barba, como é conhecido, já fez muitos amigos, coleciona experiências, carimbos no passaporte e se mantém tradicional à sua superstição de assistir aos jogos sempre na última fileira atrás do gol. "Atrás do gol não tem erro. É ali onde todo mundo me encontra e eu tenho a certeza se foi gol ou se não foi", diz ele. Dono de estabelecimento comercial, Reginaldo abriu mão do mês com maior chance de vendas para ver de perto a equipe de Jorge Jesus.

A paixão pelo futebol deixou o Barba com mais saúde. Há um ano sem beber, ele já notou mudanças significativas e até já participou de uma maratona. Impulsionado pelo excesso de álcool que o prejudicava em desfrutar da sua maior paixão, o Flamengo, claro, ele já não tem mais vontade de voltar à vida antiga.

"Essa decisão me fez reaprender a ver os jogos. E amar mais o Flamengo. Hoje eu consigo voltar pra casa do jogo, tomar um banho e assistir ao jogo novamente. Isso faço sempre. E o melhor: passando esse legado para minhas filhas", relata.

São milhares ou talvez milhões de Georges e Reginaldos pelo mundo que já fizeram algum sacrifício para o Flamengo. Pelas vielas do Souq Waqif, o Mercado Municipal catari que virou a sensação desse Mundial, é possível encontrar e cruzar essas histórias de paixão e ver que esse sentimento vai além das dívidas da viagem, das distâncias e da ausência em celebrações com familiares e amigos.

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