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Judoca retribui com projeto social aprendizado que teve na Rocinha

O Reação na cidade de Cuiabá, inaugurado oficialmente no início deste mês, já tem 250 crianças e adolescentes matriculados.

Judoca retribui com projeto social aprendizado que teve na Rocinha
Notícias ao Minuto Brasil

16:15 - 19/03/20 por Folhapress

Esporte JUDÔ-PROJETO

CUIABÁ , MT (FOLHAPRESS) - Há oito anos, o mato-grossense David Moura, 32, filho do judoca Fenelon Oscar Muller, medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos de 1975, foi ao morro da Rocinha para treinar no Instituto Reação. Queria aprender com o medalhista olímpico Flávio Canto a lutar melhor no chão.

O programa social fundado por Canto em 2004 atende a 1.750 crianças e adolescentes no Rio de Janeiro - desses, 37% estão abaixo da linha da pobreza. Foi onde Rafaela Silva, campeã olímpica em 2016, começou a praticar o esporte.

"Eu estava perdendo muitas lutas no chão, inocentemente, e procurei pelo Flávio Canto, o melhor do mundo no chão", afirma Moura, de 1,92 m e 130 kg.

O lutador da categoria acima de 100 kg passou a ir para o Rio de Janeiro com frequência a partir de 2012. Quando não dava, treinava na escola construída em Cuiabá pelo pai, a sua maior inspiração.

"Eu nunca quis sair daqui. Temos hoje na academia sete bons atletas no peso-pesado, o que é difícil de reunir nessa categoria. São atletas do interior, de São Paulo, de Minas Gerais querendo o seu espaço. Isso deixa o treino mais bruto", afirmou Moura.

Campeão pan-americano em 2015, em Toronto, o cuiabano voltou para o Brasil após aquela conquista com a sensação de estar em dívida com a população desassistida. "O Reação mudou a minha maneira de ver a vida e o judô", explica.

Inicialmente sem um patrocinador ou benefícios como a lei de incentivo ao esporte, Moura deu início ao seu projeto social em um tatame improvisado numa igreja, no bairro de Cidade Alta. Para manter a atividade, o lutador contou com a ajuda dos pais e familiares, que contribuíam com dinheiro, refeições e quimonos.

Após visitá-lo, Canto demonstrou interesse em abrir uma unidade do Reação na capital mato-grossense. "Éramos uma pequena fábrica de refrigerantes, de repente alguém chega e nos pergunta se queremos ser a Coca-Cola", compara Moura. "Tínhamos uma estrutura improvisada numa igreja, era bom, mas não como um instituto que, hoje, conta com assistente social, psicólogo...".

O Reação na cidade de Cuiabá, inaugurado oficialmente no início deste mês, já tem 250 crianças e adolescentes matriculados.

A prefeitura cedeu um espaço em uma escola municipal no bairro de Três Barras, periferia de Cuiabá, e vai arcar com despesas mensais de água e de luz. O banco BV, patrocinador do judoca e do instituto, contribuirá com R$ 800 mil por ano.

Realizado com a inauguração do Reação Cuiabá, Moura tem outro desafio pelos próximos meses. Tentar garantir uma vaga na Olimpíada de Tóquio, até o momento marcada para acontecer entre 24 de julho e 9 de agosto.

O Brasil tem direito a uma vaga por categoria, e o melhor no ranking até o final de junho será o representante. Moura tem a concorrência de Rafael Silva, o Baby, duas vezes medalhista olímpico (2012 e 2016) e a quem se refere como pedra no seu sapato.

Atualmente, Baby é o sexto do ranking olímpico da Federação Internacional de Judô, com 3.983 pontos. Moura, o nono, tem 3.445.

Ele terá que tirar a diferença até o fim da classificação, mas a grande questão do momento é se haverá eventos no calendário para isso. Vários já foram cancelados por causa da pandemia do novo coronavírus.

O cuiabano acredita que Tóquio-2020 seja sua última chance de realizar o sonho de disputar uma Olimpíada. Por isso a classifica como a oportunidade da vida.

"Com 32 anos, não sei se dará para ir na próxima [em 2024, na França] e me sinto num bom momento hoje, mais experiente e forte, com chances de conquistar uma medalha", disse o judoca.

Em 2016, na Olimpíada do Rio, Moura não conseguiu tomar a vaga de Baby. "Vou ficar triste se sair o nome dele para ir para Tóquio, e o meu, não. Mas não tem sensação pior que não ter ido no seu país."

Em outubro passado, o cuiabano foi superado pelo francês Teddy Riner na final do Grand Slam de Brasília. Foi sua quarta derrota para o astro, incluindo a na final do Mundial de 2017.

Em fevereiro, o bicampeão olímpico perdeu em casa uma invencibilidade de dez anos, para o japonês Kokoro Kageura. Moura estava na arquibancada do Grand Slam de Paris.

"A derrota foi um susto. Ele não estava bem naquele dia, achei até que fosse abandonar a competição, e o japonês de perto é outra coisa. Já lutei contra ele, é canhoto e espera o adversário entrar para tentar reverter", conta o brasileiro.

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