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Vereador é suspeito de ser mandante da morte de radialista do Pará

Operação Pérola prendeu sete acusados de envolvimento no crime; vereador César Monteiro (PR-PA) está foragido

Vereador é suspeito de ser mandante da morte de radialista do Pará
Notícias ao Minuto Brasil

17:20 - 20/11/18 por Folhapress

Justiça Assassinato

O vereador César Monteiro (PR-PA) é suspeito de ter encomendado o assassinato do radialista Jairo de Sousa, 43, morto em junho de 2018, na cidade de Bragança, no Pará.

Até agora a polícia prendeu sete pessoas e outras duas estão foragidas, entre elas o vereador. Segundo apuração da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), Monteiro estaria em Belém, desde 18 de novembro de 2018, planejando com advogados sua apresentação à delegacia.

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Segundo as investigações, Jairo de Sousa foi morto porque fazia denúncias diárias contra a administração pública da região em seu programa de rádio. O crime aconteceu em 21 de junho de 2018, quando ele chegava à rádio onde trabalhava. Há 12 anos, usava colete à prova de balas devido às ameaças recebidas ao longo da carreira; naquele dia, porém, estava sem o colete.

A polícia diz que o grupo investigado como responsável pela morte do radialista atuaria no interior do Pará trabalhando com mortes por encomenda. Segundo as investigações, o vereador César Monteiro teria negociado a morte de Jairo com José Roberto Costa de Sousa, 48, conhecido como Calar, que está preso desde o dia 12. Também foi detido Dione Sousa Almeida, 29, acusado pela polícia de atirar no radialista.

Na sexta-feira (16) foi deflagrada a Operação Pérola -alusão ao programa de rádio Show da Pérola, apresentado por Jairo-, que tinha sete mandados de prisão, mas apenas cumpriu quatro. Foram detidos Jadson Guilherme Reis de Sousa (filho de José Roberto Costa de Sousa),  Moisaniel Sousa da Silva, Jedson Miranda da Silva e Octacílio Antonio da Silva. Um dos investigados, Edvaldo Meireles da Silva, já estava preso; dois escaparam: o vereador César Monteiro e o suspeito Madson de Melo.

A morte de Jairo é o segundo caso investigado pela equipe da Abraji dentro do Programa Tim Lopes. O primeiro foi o do radialista Jefferson Pureza, 39, em Edealina, no interior de Goiás, executado com três tiros na cabeça enquanto descansava na varanda de sua casa, em 17 de janeiro de 2018.

Seis pessoas estão detidas neste caso, entre elas um vereador. José Eduardo Alves da Silva (PR-GO) é acusado pela polícia de ser o mandante do crime – e que teria lhe custado R$ 5.000 e um revólver, dizem os investigadores. Ele aguarda julgamento. 

Até outubro deste, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) já contou 29 mortes de repórteres, radialistas e fotojornalistas, quatro são brasileiros. Além de Jairo de Souza e Jefferson Pureza, as mortes de Marlon de Carvalho Araújo (jornalista independente de Riachão do Jacuípe, BA) e  Ueliton Bayer Brizon (Jornal de Rondônia, de Cacoal, RO) são, segundo a SIP, também em razão de sua atuação profissional.

Segundo a ONG internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o Brasil é o segundo país da América Latina com o maior número de jornalistas assassinados entre 2010 e 2017.

Durante este período, 26 repórteres foram mortos no país por motivos relacionados ao exercício da profissão. O número põe o Brasil atrás apenas do México, com 52 assassinatos de profissionais de imprensa no período.

"O assassinato é o ápice dos atos de violência contra a imprensa que, em muitas ocasiões, se inicia com ameaças e agressões físicas", declarou, em nota, Gustavo Mohme, presidente da SIP.

Ainda segundo o estudo "O ciclo do silêncio: impunidade em homicídios de comunicadores", lançado nesta quinta-feira (8) pela ONG Artigo 19, houver 22 assassinatos de blogueiros entre 2012 e 2016.

Por causa deste cenário, a Abraji desenvolveu o Programa Tim Lopes, visando combater a violência contra jornalistas e a impunidade dos responsáveis. Em caso de crimes ligados ao exercício da profissão, uma rede de veículos da mídia tradicional e independente é acionada para acompanhar as investigações e publicar reportagens sobre as denúncias em que o jornalista trabalhava até ser morto. Integram a rede hoje: Agência Pública, Correio (BA), O Globo, Poder 360, Ponte Jornalismo, Projeto Colabora, TV Aratu, TV Globo e Veja. Com informações da Folhapress.

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