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Coreia do Sul cancela pacto de inteligência com Japão

Com a decisão de não renovar o pacto, as desavenças políticas e comerciais entre Seul e Tóquio se estendem para algumas das questões de segurança mais sensíveis da região

Coreia do Sul cancela pacto de inteligência com Japão
Notícias ao Minuto Brasil

06:38 - 23/08/19 por Folhapress

Mundo Crise

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Coreia do Sul anunciou nesta quinta (22) que vai romper um acordo de cooperação de inteligência militar com o Japão, em mais uma etapa da recente escalada de tensões entre os países.

Com a decisão de não renovar o pacto, as desavenças políticas e comerciais entre Seul e Tóquio se estendem para algumas das questões de segurança mais sensíveis da região.

O Acordo Geral de Segurança de Informação Militar (GSOMIA) deveria ser renovado automaticamente neste sábado (24), a menos que um dos lados decidisse cancelá-lo.

O arranjo foi firmado no fim de 2016, com o apoio dos EUA, em resposta aos lançamentos de mísseis e aos testes nucleares da Coreia do Norte. O objetivo era obter melhor uma coordenação contra Pyongyang, facilitando o compartilhamento de informações.

Kang Kyung-wha, chanceler da Coreia do Sul, enfatizou que a decisão de acabar com o pacto foi provocada pela perda de confiança no Japão. "Continuaremos a fortalecer a cooperação com os Estados Unidos e a desenvolver a aliança", afirmou. Tanto o Japão quanto a Coreia do Sul são aliados dos EUA, mas têm um histórico tumultuado de relação bilateral.

O imbróglio é causado principalmente por desavenças do domínio colonial japonês sobre a península coreana entre 1910 e 1945. A principal questão refere-se à indenização a sul-coreanos vítimas de trabalhos forçados durante a ocupação japonesa da Coreia na Segunda Guerra.

Em outubro de 2018, a Suprema Corte sul-coreana condenou a empresa japonesa Nippon Steel a pagar indenizações a quatro ex-funcionários sul-coreanos que foram vítimas de trabalhos forçados. A sentença ordena o pagamento de 100 milhões de wons (cerca de R$ 330 mil) a cada um deles.

A decisão gerou irritação em Tóquio, que apontou para uma erosão da confiança na Coreia do Sul. Para o governo japonês, todas as indenizações relacionadas à Segunda Guerra foram resolvidas em um acordo de 1965, e reabrir o caso é uma violação da lei internacional.

A contenda se desdobrou em retaliações econômicas quando, em julho, o Japão tirou a nação vizinha de uma lista de parceiros preferenciais para exportação de produtos químicos, o que facilitava o comércio entre os países.

Com a decisão, Tóquio passou a impor duras restrições às exportações de elementos usados em semicondutores e telas, cruciais para gigantes do setor tecnológico, como a sul-coreana Samsung.

A decisão de encerrar o acordo de cooperação militar, nesta quinta-feira, coincide com o lançamento de mísseis balísticos de curto alcance pela Coreia do Norte como protesto contra o que o país vê como escaladas militares na Coreia do Sul e no Japão.

Kim You-geun, primeiro diretor do Conselho de Segurança Nacional da Coreia do Sul, confirmou que a decisão se deve à exclusão de seu país da lista de parceiros preferenciais e afirmou que a ruptura do pacto representa "uma mudança significativa" na cooperação entre os países na área de defesa."Diante desta situação, determinamos que não serviria ao nosso interesse nacional manter um acordo que assinamos com a meta de compartilhar informações militares que são sensíveis para a segurança", disse o sul-coreano.

O ministro japonês das Relações Exteriores, Taro Kono, reagiu ao anúncio algumas horas depois e afirmou que Tóquio "rejeita com veemência" a decisão de Seul. "Tenho que dizer que a decisão do governo sul-coreano de acabar com este pacto é um grande erro de julgamento da situação da segurança regional", disse o chanceler em comunicado.

Os EUA, por meio do tenente coronel Dave Eastburn, porta-voz do Pentágono, manifestaram "grande preocupação e decepção" depois do anúncio da Coreia do Sul.

"Estamos totalmente convencidos de que a integridade de nossa defesa mútua e de nossos laços de segurança devem ser mantidos, apesar da fricção em outras áreas das relações entre Coreia do Sul e Japão", acrescentou o porta-voz.

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