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Evo faz festa na Argentina para comemorar 14 anos de 1ª posse

Evo faz festa na Argentina para comemorar 14 anos de 1ª posse

Evo faz festa na Argentina para comemorar 14 anos de 1ª posse
Notícias ao Minuto Brasil

06:20 - 23/01/20 por Folhapress

Mundo Boliviano

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Centenas de wiphalas, as bandeiras com quadrados coloridos que representam diversas linhagens étnicas andinas, flamulavam no estádio Deportivo Español, em Buenos Aires, na tarde desta quarta (22).

Além delas, via-se bandeiras da Bolívia, da Argentina e de organizações de esquerda. Pela primeira vez, a festa de aniversário do Estado Plurinacional da Bolívia, cuja data marca também os 14 anos da primeira posse de Evo Morales, ocorre fora do país, em território argentino, onde seu criador, o ex-presidente, está refugiado.

Às 19h, ele subiu ao palco, sob os gritos de "Evo não está sozinho" e falou por uma hora.

Agradeceu o presidente argentino, Alberto Fernández, e o juiz espanhol Baltazar Garzón, que, segundo o líder cocaleiro, vai ajudá-lo ante a Justiça de seu país. Garzón esteve em Buenos Aires para se encontrar com Evo.

O boliviano, que renunciou em novembro após pressão das Forças Armadas e de atos populares contra o processo eleitoral que o teria reeleito, criticou o neoliberalismo e os "programas econômicos que vêm de fora, roubando nossos recursos naturais".

Voltou a atacar Jeanine Añez, que assumiu a Presidência interinamente em um processo controverso, chamando seu governo de "ditadura com a Bíblia" que "humilha o povo e a wiphala".

Evo ficou sentado ao lado do candidato do MAS nas próximas eleições, Luis Arce, e do ex-vice Álvaro García Linera.

Além da de Arce, estão confirmadas as candidaturas do ex-presidente Carlos Mesa (centro-esquerda), que teria perdido para Evo na eleição de outubro, anulada por irregularidades, o também ex-presidente Jorge "Tuto" Quiroga (direita), o líder do movimento cívico de Santa Cruz de la Sierra, Luis Fernando Camacho (direita), e o pastor de origem coreana Chi Hyun Chung.

O novo pleito está agendado para 3 de maio e, se não houver um vencedor no primeiro turno, haverá um segundo, marcado para 14 de junho.

Nesta quarta, ministros de Añez demonstraram apoio a uma eventual candidatura da atual presidente interina.

Nas redes sociais, publicaram a bandeira tradicional da Bolívia com a "#YSiFueraElla?" ("E se fosse ela?").Na Bolívia, o feriado do Estado Plurinacional foi respeitado pela administração interina. Diferentemente das vezes anteriores, porém, não houve discurso na Assembleia nem desfiles e festas. Añez enviou 70 mil policiais extras às ruas das grandes cidades para acompanhar os atos, que ocorreram pacificamente.

CANDIDATO DO MAS

O candidato escolhido pelo MAS (Movimento ao Socialismo) para disputar a eleição que acontece após a crise que levou à renúncia de Evo surpreendeu muitos apoiadores do ex-presidente boliviano.

Afinal, havia um setor importante da legenda, a mais ligada às organizações sociais indígenas, que preferia a escolha do nome do ex-chanceler David Choquehuanca, de origem aimara, para o posto.

Evo, por sua vez, já vinha defendendo que o presidenciável fosse Luis Arce, 56, como acabou acontecendo. Na apresentação de sua candidatura, num hotel em Buenos Aires, Arce negou que houvesse uma disputa dentro do MAS.

"Minha candidatura reflete o fato de que hoje há mais de 2 milhões de bolivianos que tiramos da pobreza e que agora são parte da classe média. Essa gente não está desencantada conosco", afirmou.

"Ao contrário. Essas são as pessoas que hoje vivem melhor e são resultado do processo de mudança que realizamos."

Ministro da Economia de Evo de 2006 a 2017, ele destacou o fato de a Bolívia ter crescido, em média, 4% ao ano durante sua gestão.

A dificuldade que terá nesse período eleitoral, porém, é a mesma de Evo, que atua como chefe de sua campanha: Arce evita voltar para a Bolívia.

Na segunda (20), a Procuradoria anunciou que Arce é investigado por supostamente ter participado de um escândalo de desvio de verbas do Fundo de Desenvolvimento Indígena, um processo que já estava em andamento antes da renúncia de Evo, mas que até então não o envolvia.

Caso retorne ao país e a procuradoria local peça sua detenção, o agora candidato do MAS pode ser detido.Arce considera a acusação um ato de perseguição política por parte do governo de Áñez e uma "instrumentalização da Justiça", na tentativa de inviabilizar sua candidatura.

Nascido em La Paz, Arce estudou economia na Universidad Mayor de San Andrés e fez mestrado na Universidade de Warwick, na Inglaterra.

Sua carreira começou em 1987, no Banco Central da Bolívia, onde trabalhou até Evo o chamar para fazer parte do governo, após ajudá-lo a montar o programa econômico do então candidato, em 2005.

À frente da Economia, conseguiu fazer com que o país atingisse estabilidade macroeconômica, corrigiu o déficit fiscal, ampliou as reservas e estabilizou a moeda boliviana.

Arce comandou, com Evo, o processo de nacionalização dos hidrocarbonetos e a redefinição das prioridades econômicas do governo.

Junto ao crescimento do PIB, o país reduziu a pobreza, de 38,2%, em 2005, a 17%, em 2018 –ambas serão suas principais bandeiras.

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