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Contra mutação do coronavírus, veto a voos do Reino Unido dispara no mundo

Os vetos vieram dois dias após o governo britânico endurecer o lockdown na capital e em outras cidades, para tentar conter uma mutação do coronavíru

Contra mutação do coronavírus, veto a voos do Reino Unido dispara no mundo
Notícias ao Minuto Brasil

13:08 - 21/12/20 por Folhapress

Mundo Europa

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma série de nações anunciou nesta segunda-feira (21) que vai passar a bloquear a entrada de viajantes oriundos do Reino Unido, aumentando o isolamento de Londres e deixando o país à beira do caos a apenas dez dias do brexit.

Os vetos vieram dois dias após o governo britânico endurecer o lockdown na capital e em outras cidades, para tentar conter uma mutação do coronavírus.

O premiê Boris Johnson convocou uma reunião de emergência com o gabinete para debater a situação. O temor é que o fechamento das fronteiras leve a um cenário de desabastecimento generalizado.

O número de países que vetou a entrada de viajantes vindos do Reino Unido disparou nas últimas horas. De acordo com levantamento da agência de notícias AFP, mais de 30 nações já tomaram esse tipo de medida até a manhã desta segunda –na noite de domingo, eram apenas 13.

Entre os países que anunciaram novas restrições nesta segunda, a Rússia suspendeu os voos com o Reino Unido por uma semana. A Índia tomou a mesma medida, mas com validade até o fim do ano, enquanto em Hong Kong (território que pertence à China), o veto será válido por duas semanas.

Os europeus Portugal, Espanha, Polônia, Noruega e Dinamarca também decretaram o bloqueio –este último já detectou ao menos nove pessoas que foram infectadas com a nova mutação do coronavírus.

Na América do Sul, Argentina, Colômbia, Peru e Chile também já anunciaram o veto para voos com passagem do Reino Unido. O governo brasileiro até o momento não se pronunciou sobre o assunto.

Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul também não tomaram medidas contra o Reino Unido, mas afirmaram que estudam essa possibilidade.

No domingo, uma série de países já tinha tomando medida semelhante, incluindo Alemanha, Arábia Saudita, Irã, Irlanda, Israel, Itália, Suíça e Turquia.

Uma das restrições mais duras foi imposta pela França, que no domingo fechou por 48 horas suas fronteiras terrestre, aérea e marítima com o Reino Unido.

Como boa parte das importações britânicas chegam ao país via França, a medida fez soar o alarme para o risco de desabastecimento, já que o transporte de mercadorias está proibido pelo veto atual.

Nesta segunda, faixas nas rodovias do sul da Inglaterra alertam os viajantes e motoristas que transportam mercadorias sobre o fechamento da fronteira.

A segunda maior rede de supermercados do Reino Unido, a Sainsbury's, disse que a falta de produtos nas prateleiras vai começar já nos próximos dias. Segundo a empresa, verduras, legumes e outros produtos frescos devem ser os primeiros a serem afetados.

O equivalente ao sindicato dos caminhoneiros da França anunciou também que devido ao risco de contágio seus associados não querem entregar produtos no Reino Unido mesmo se o governo retirar a restrição atual.

Um porta-voz de Boris afirmou que o governo britânico está negociando com Paris a reabertura das fronteiras. Ele disse ainda que não vê ligação com o bloqueio e as atuais negociações do brexit.

O Reino Unido deixou oficialmente a União Europeia em janeiro, mas a relação entre o país e o bloco segue regulada pelo acordo de saída. O período de transição, porém, termina no final do ano.
Assim, os dois lados têm tentando negociar um acordo comercial para regular as relações a partir de 1º de janeiro. Mas as conversas tem avançado com dificuldade e é grande a chance que nada seja fechado até o final do ano.

Nesse caso, além das consequências sociais e econômicas, uma das grandes preocupações é o que aconteceria com o abastecimento britânico. Boa parte dos suprimentos e das cadeias produtivas do país dependem de material que vêm da Europa. Sem um acordo, é possível que isso seja afetado, levando a um desabastecimento generalizado no país.

Apesar disso, o governo britânico disse que não vai pedir um adiamento do período de transição para além de 31 de dezembro. Boris deverá fazer um pronunciamento ainda nesta segunda para explicar aos britânicos a situação.

Foi o próprio primeiro-ministro que endureceu no sábado (19) as restrições ao contato social em Londres e partes do sudeste da Inglaterra até 30 de dezembro, citando como razão a disseminação da nova variação identificada do patógeno.

Essa nova versão do vírus é 70% mais infecciosa, segundo o governo do Reino Unido. No entanto, ainda é preciso fazer estudos mais aprofundados para confirmar esse dado.

Pesquisas iniciais apontam que a nova mutação tem maior habilidade para entrar nas células humanas, o que aumenta seu poder de contágio. Essa vantagem ocorre por alterações no chamado "spike", a parte usada pelo vírus para forçar a entrada nas células.

Mutações em vírus, no entanto, são corriqueiras. Conforme o patógeno se reproduz, as novas versões possuem detalhes levemente diferentes das anteriores, embora a maior parte siga igual. Hoje há várias versões do coronavírus circulando.

Com o tempo, variações mais eficientes acabam se proliferando mais. Um dos pontos que preocupam o governo britânico é que o essa nova variedade já representa dois terços dos novos casos de infecção registrados em Londres.

As vacinas são projetadas para gerar defesas no corpo capazes de atingir o vírus de várias formas. Assim, pequenas mudanças tendem a não afetar a eficácia delas.

As imunizações só precisam ser refeitas em caso de grandes mutações, o que parece não ser o caso atual. Autoridades de saúde disseram neste domingo que as vacinas atuais contra o coronavírus devem dar conta de combater essa nova versão.

Anunciadas às vésperas do Natal, as medidas são as mais severas que o governo britânico já tomou desde o lockdown nacional que vigorou em março e refletem o medo de que a nova variante pudesse aumentar a transmissão do vírus durante o inverno.

Alarmado, o premiê britânico mudou radicalmente a estratégia de enfrentamento da pandemia no sábado ao impor o novo lockdown.

A decisão veio depois de o governo ser informado sobre novas evidências de uma variante do vírus que já havia sido detectada em Kent, ao sudeste de Londres.

Os moradores dessas regiões agora estão sob o nível de alerta mais alto: a orientação é para que todos fiquem em casa e que os comércios considerados não essenciais permaneçam fechados.
Pubs, restaurantes e museus já estão proibidos de abrir desde o final de semana passado, e os deslocamentos para fora dessa área estão suspensos.

Também não será possível realizar reuniões com moradores de outras casas –nas áreas que não estão em alerta máximo, os encontros devem acontecer em um único dia.

ENTENDA A MUTAÇÃO

O que é essa variação?

Uma versão do novo coronavírus que tem maior facilidade para entrar nas células, o que a torna mais contagiosa. O governo britânico disse que essa versão é 70% mais transmissível do que as anteriores, mas os estudos ainda são preliminares.

Como ela surgiu?

Os vírus se multiplicam dentro das células humanas, fazendo novas versões de si mesmos. Essas "cópias" costumam ser ligeiramente diferentes da versão que as originou. Assim, o surgimento de novas variações já era esperada pelos cientistas.

Essa versão é mais letal?

Segundo dados iniciais, não.

As vacinas darão proteção contra essa nova mutação?

Há quase certeza que sim. Uma mudança capaz de fazer o vírus resistir às vacinas deve levar anos para ocorrer.

Onde essa nova mutação já foi encontrada?

Reino Unido, Holanda, Dinamarca e Austrália.

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