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Eleição em meio à pandemia na Catalunha define temperatura do separatismo na Espanha

Quer a eleição seja ganha pelos partidos separatistas que agora estão no poder na Catalunha ou pelos socialistas que lideram o governo central da Espanha, é improvável que o resultado leve a qualquer repetição da caótica e efêmera declaração de independência do final de 2017

Eleição em meio à pandemia na Catalunha define temperatura do separatismo na Espanha
Notícias ao Minuto Brasil

17:37 - 14/02/21 por Folhapress

Mundo CATALUNHA-ELEIÇÕES

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Eleitores catalães foram às urnas neste domingo (14) para o pleito regional que servirá de termômetro para medir a força do movimento pró-independência da região espanhola, mas em uma era dominada pela crise do coronavírus, não pelo sentimento separatista.


Nos locais de votação, viu-se um fluxo constante de eleitores usando máscaras e se submetendo a uma série de restrições para mitigar o risco de contaminação: checagem de temperatura na chegada, entradas e saídas separadas, funcionários eleitorais com trajes e viseiras de proteção, recipientes de álcool em gel em vários pontos e marcações no chão para orientar o distanciamento físico.


Quer a eleição seja ganha pelos partidos separatistas que agora estão no poder na Catalunha ou pelos socialistas que lideram o governo central da Espanha, é improvável que o resultado leve a qualquer repetição da caótica e efêmera declaração de independência do final de 2017.


Naquele ano, um plebiscito separatista obteve 90,09% dos votos favoráveis à separação do território, em um dia marcado pela violência policial. A vitória do movimento pró-independência, no entanto, não foi reconhecida, o plebiscito foi declarado ilegal e, dois anos depois, líderes separatistas foram condenados por sedição pela Justiça espanhola.


A votação deste domingo, porém, será um sinal importante do apelo dos líderes catalães e pode afetar a trajetória política do movimento de independência nos próximos anos.


Pesquisas anteriores à votação apontavam para um baixo comparecimento presencial durante o pleito. O principal motivo apontado foi o risco de contágio nas seções eleitorais. Pessoas que receberam diagnóstico de Covid-19 ou que estão sob suspeita também puderam participar do pleito, em um horário reservado que foi localmente apelidade de "hora zumbi".


"Tenho algum medo e preocupação, mas é um dever cívico e por isso venho votar, mas não acho apropriado durante a [pandemia de] Covid convocar essas eleições", disse o aposentado José Antonio Martinez à agência de notícias Reuters na fila de votação em um mercado de Barcelona.


Quase 300 mil catalães se registraram com antecedência para votar pelo correio. Apesar de ser uma pequena fração do total de 5,5 milhões de eleitores em potencial, o número representa um aumento de 350% em relação aos que solicitaram cédulas por correio na eleição de 2017.


"É evidente que este não é o melhor momento para fazer eleições", disse Sergi López, outro eleitor. "Mas quando você sai para trabalhar todos os dias no metrô, também está se expondo."
O governo regional tentou adiar as eleições para o final de maio devido aos novos surtos da pandemia depois do Natal, mas foi impedido pela Justiça.


"Quero dizer a todos os cidadãos que votar é seguro e que exerçam seu direito de votar", disse o candidato socialista Salvador Illa, que renunciou ao cargo de ministro da Saúde da Espanha para concorrer às eleições.


Os locais de votação abriram às 9h e fecharão às 20h no horário local (das 5h às 16h no horário de Brasília). A apuração começa imediatamente após o fechamento das urnas e o resultado do pleito deve ser conhecido ainda na noite deste domingo.


O dia foi marcado por filas, chuva e baixo comparecimento, que o governo regional da Catalunha atribuiu ao pano de fundo da pandemia. Por volta das 18h (14h em Brasília) a participação eleitoral era de 46,02%, 22 pontos abaixo do mesmo período de 2017.


Os socialistas -que se opõem à independência da Catalunha, mas se dizem a favor do diálogo- estão ligeiramente à frente nas pesquisas de intenção de voto mais recentes. Se forem os vencedores, precisarão do apoio de outros partidos para formar o primeiro governo regional anti-independência em nove anos.


Se os separatistas conseguirem manter o poder local, uma nova declaração de independência parece bastante improvável, já que o movimento está dividido entre abordagens de confronto e as mais moderadas e seus principais líderes estão presos ou fugiram da Espanha após os eventos de 2017.

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