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Após reforma ministerial, Paraguai tem 2ª noite de protestos contra presidente

Ao longo da noite, as ruas da capital voltaram a se encher de manifestantes que, de modo pacífico, em maioria, reclamavam da atuação do presidente Mario Abdo Benítez no enfrentamento da pandemia de coronavírus

Após reforma ministerial, Paraguai tem 2ª noite de protestos contra presidente
Notícias ao Minuto Brasil

11:40 - 07/03/21 por Folhapress

Mundo PARAGUAI-PROTESTOS

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - A madrugada deste domingo (7) começou com novo enfrentamento entre manifestantes e forças de segurança no Paraguai, após uma tentativa de forçar a entrada da residência presidencial, a Mburuvicha Róga, em Assunção. Oito manifestantes foram presos.


Ao longo da noite, as ruas da capital voltaram a se encher de manifestantes que, de modo pacífico, em maioria, reclamavam da atuação do presidente Mario Abdo Benítez no enfrentamento da pandemia de coronavírus.


Eles reivindicam mais insumos, leitos de hospitais e vacinas contra a Covid-19 -nos cartazes, questionavam também das restrições impostas pelo governo: "ficamos trancados por nada".


Desde a noite de sexta-feira (5), protestos pedem a renúncia do mandatário de centro-direita, aliado do presidente Jair Bolsonaro no Mercosul.


Na primeira fase da pandemia, o Paraguai conseguiu manter baixos os níveis de contaminação com medidas de quarentena severas, mas a chegada de novas variantes, inclusive a brasileira, tem aumentado o número de infecções e pressionado o sistema de saúde.


A crise na saúde já havia causado, na semana passada, o afastamento do ministro Julio Mazzoleni.


Depois de passar praticamente todo o sábado (6) reunido com ministros e apoiadores, Abdo Benítez fez um pronunciamento pedindo união e respeito aos protocolos de segurança, ao mesmo tempo em que avisou que, nos próximos dias, seriam anunciadas mudanças em seu gabinete.


Horas depois, anunciou a primeira parte da reforma ministerial. O nome mais aguardado era o do novo ministro da Saúde, que será o cardiologista Julio Borba, que assume com a missão de conseguir mais contratos de vacinas. Também saíram o ministro da Educação e a da Mulher, além do chefe de gabinete, Juan Ernes Villamayor.


O presidente busca evitar um julgamento político, que no Paraguai é muito parecido com o "impeachment" do Brasil, mas pode ocorrer de modo muito mais rápido se há maioria.


Por enquanto, seu partido, o Colorado, está rachado entre um grupo menor, que é leal ao presidente, e um grupo mais numeroso de parlamentares da corrente Honor Colorado, aliada ao ex-presidente Horacio Cartes. Foi a Honor Colorado que apoiou Abdo Benítez em 2018 e garantiu que ele não caísse após um escândalo relacionado à empresa binacional Itaipu.


Por enquanto, Abdo Benítez conta com o apoio do Honor Colorado, mas outros partidos da oposição pedem que, na segunda-feira (8) se debata o julgamento político.


O fato de as manifestações de rua estarem intensas pode levar Cartes a mudar de ideia.


GEnquanto a noite de sexta-feira foi mais violenta, com 21 feridos e um morto, a de sábado não registrou maiores problemas, embora tenha havido grande presença popular nas ruas.


A polícia havia afirmado que o manifestante morto, de 32 anos, tinha sido atingido por arma branca e que poderia ter sido vítima de assalto. Mas o jornal Última Hora publicou um boletim médico que relata feridas de balas de borracha no tórax do homem.


Abdo Benítez disse, em sua mensagem gravada, aceitar e escutar as manifestações pacíficas, mas se posicionou contra os mais violentos. O ministro do Interior, Arnaldo Giuzzio, afirmou que havia um grupo de infiltrados, cuja finalidade era vandalizar e comprometer o governo, ferindo cidadãos.


"O relatório que recebemos mostra que havia um pequeno grupo saltando e gritando e que, depois de uma ordem, começou a atuar de modo violento. O resto da manifestação era absolutamente pacífica", afirmou Giuzzio.


Líderes opositores afirmaram que apresentarão, nesta segunda (8), um pedido de julgamento político de Abdo Benítez. "Ele precisa ir embora, o presidente e o vice. Estamos reunidos para investigar o que vem acontecendo. Pagamos por vacinas que nunca chegaram à população", disse Efraín Alegre, do partido liberal.


Carlos Fillizola, da esquerdista Frente Guazú, afirmou que é preciso garantir que os manifestantes "se expressem livremente", e pediu que a população continue se mobilizando "para pressionar a saída de Abdo Benítez e Hugo Velázquez", referindo-se também ao vice-presidente.

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