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Após mudanças nos ministérios, Paraguai tem 2ª noite de protestos

O presidente busca evitar um julgamento político, que é muito parecido com o "impeachment" do Brasil, mas pode ocorrer de modo muito mais rápido se há maioria

Após mudanças nos ministérios, Paraguai tem 2ª noite de protestos
Notícias ao Minuto Brasil

06:19 - 08/03/21 por Folhapress

Mundo PARAGUAI-PROTESTOS

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - A madrugada deste domingo (7) começou com novo enfrentamento entre manifestantes e forças de segurança no Paraguai, após uma tentativa entrar na residência presidencial, a Mburuvicha Róga, em Assunção.

Oito manifestantes chegaram a ser presos, mas já foram soltos, segundo o jornal ABC.
Ao longo da noite, as ruas da capital voltaram a se encher de ativistas que, de modo pacífico, em maioria, reclamavam da atuação do presidente Mario Abdo Benítez no enfrentamento da pandemia.

No fim da tarde deste domingo, centenas iniciavam o terceiro dia de protesto nas imediações da residência presidencial, que teve reforço de segurança da Polícia Nacional. Para evitar novas tentativas de invasão, a região foi cercada.

De acordo com a mídia paraguaia, os manifestantes afirmam que irão manter as mobilizações até que os chefes do Executivo se retirem. Eles reivindicam mais insumos, leitos de hospitais e vacinas contra a Covid-19 –nos cartazes, questionam também as restrições impostas pelo governo: "ficamos trancados por nada".

Desde a noite de sexta-feira (5), protestos pedem a renúncia do mandatário de centro-direita, aliado do presidente Jair Bolsonaro no Mercosul.

Na primeira fase da pandemia, o Paraguai conseguiu manter baixos os níveis de contaminação com medidas de quarentena severas, mas a chegada de novas variantes, inclusive a brasileira, tem aumentado as infecções e pressionado o sistema de saúde.

A crise sanitária já havia causado, na semana passada, o afastamento do ministro da Saúde, Julio Mazzoleni.

Depois de passar praticamente todo o sábado (6) reunido com ministros, Abdo Benítez fez um pronunciamento pedindo união e respeito aos protocolos sanitários e avisou que, nos próximos dias, seriam divulgadas mudanças no gabinete.

Horas depois, anunciou a primeira parte da reforma ministerial. O nome mais aguardado era o do novo ministro da Saúde, que será o cardiologista Julio Borba, que assume com a missão de conseguir mais contratos de vacinas. Também deixaram o cargo o ministro da Educação e a da Mulher, além do chefe de gabinete, Juan Ernes Villamayor.

O presidente busca evitar um julgamento político, que é muito parecido com o "impeachment" do Brasil, mas pode ocorrer de modo muito mais rápido se há maioria.

Por enquanto, seu partido, o Colorado, está rachado entre um grupo menor, leal ao presidente, e um grupo mais numeroso de parlamentares da corrente Honor Colorado, aliada ao ex-presidente Horacio Cartes. Foi a Honor Colorado que apoiou Abdo Benítez em 2018 e garantiu que ele não caísse após um escândalo relacionado à empresa Itaipu.

Por enquanto, Abdo Benítez conta novamente com esse apoio, mas outros partidos da oposição pedem que, na segunda-feira (8) seja debatido o julgamento político.
O fato de as manifestações de rua estarem intensas pode levar Cartes a mudar de ideia.

Enquanto a noite de sexta-feira foi mais violenta, com 21 feridos e um morto, a de sábado não registrou problemas, embora tenha havido grande presença popular nas ruas.

A polícia havia afirmado que o manifestante morto, de 32 anos, tinha sido atingido por uma arma branca e que poderia ter sido vítima de assalto. Mas o jornal Última Hora publicou um boletim médico que relata feridas de balas de borracha no tórax do homem.

Abdo Benítez disse, em sua mensagem gravada, escutar as manifestações pacíficas, mas se posicionou contra os mais violentos. O ministro do Interior, Arnaldo Giuzzio, afirmou que havia um grupo de infiltrados, cuja finalidade era vandalizar e comprometer o governo, ferindo cidadãos.

Líderes opositores afirmaram que apresentarão, nesta segunda (8), um pedido de julgamento político de Abdo Benítez. "Eles precisam ir embora. Estamos reunidos para investigar o que vem acontecendo. Pagamos por vacinas que nunca chegaram", disse Efraín Alegre, do partido liberal.

Carlos Fillizola, da esquerdista Frente Guazú, afirmou que é preciso garantir que os manifestantes "se expressem livremente" e pediu que a população continue se mobilizando "para pressionar pela saída" do presidente e do vice.

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