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Brasil cancela negociação com Europa para receber refugiados da Síria

Com Dilma Rousseff, o governo era visto como exemplo. Já o governo interino encara o assunto com uma lógica "militarizada"

Brasil cancela negociação com Europa 
para receber refugiados da Síria
Notícias ao Minuto Brasil

10:30 - 17/06/16 por Notícias Ao Minuto

Mundo Acordo

O

governo do Brasil

interrompeu

negociações que mantinha com a União Europeia para acolher famílias desalojadas pela guerra civil na Síria.

Nas

tratativas, que começaram na gestão do

ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, o país buscava conseguir recursos internacionais para alojar aproximadamente 100 mil pessoas que fugiram do conflito. Segundo o G1, duas pessoas que acompanhavam o diálogo informaram à BBC Brasil que a suspensão foi solicitada elo novo ministro, Alexandre Moraes, e divulgada a assessores e diplomatas num encontro nesta semana.

De acordo com

eles, a decisão segue uma nova - e mais restritiva - postura do governo

em relação

à

recepção

de estrangeiros e à segurança das fronteiras.

Cerca de 5 milhões de sírios deixaram o país desde o início da guerra civil,

rumando, em sua maioria,

a nações vizinhas. O deslocamento causou a maior crise humanitária mundial dos últimos 70 anos.

Para a

Organização Internacional para a Migração, ao menos 3.370 refugiados - muitos deles sírios - morreram afogados em 2015

tentando

chegar à Europa pelo Mediterrâneo.

Em março, o

ainda

ministro da Justiça Eugênio Aragão visitou o embaixador da

Alemanha

no Brasil para

falar sobre

a

recepção

de sírios. Na época,

ele

informou

a jornalistas que o país poderia acolher cerca de 100 mil refugiados nos próximos cinco anos e que a negociação tinha o respaldo da presidente

Dilma

Rousseff.

No ano passado,

a

petista

disse que o Brasil estava de "braços abertos" para acolher refugiados.

A iniciativa brasileira

foi

considerada exemplar pelo

Acnur

(agência da

ONU

para refugiados) e contrastava com a de

diversas

nações que vêm endurecendo suas políticas migratórias em meio a preocupações com a segurança.

O tema tem provocado desentendimentos entre os membros da União Europeia. Alguns países - como

Itália,

Grécia

e

Hungria

- se dizem sobrecarregados e cobram nações vizinhas a dividir a responsabilidade pelo acolhimento.

Para Camila

Asano, coordenadora de relações internacionais da ONG Conectas, o "Brasil não pode se furtar a ser parte da solução da crise síria".

Para

a coordenadora, o Brasil se tornou uma referência internacional pela forma com que trata o assunto,

e se

diz preocupada com a nova postura do governo em relação à segurança nacional e às fronteiras. Dias

depois do

afastamento de Dilma, o presidente interino Michel Temer convocou ministros e a Polícia Federal para uma reunião sobre o tema,

tratado

ainda

como prioritário pelo chanceler

José Serra

e pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.

Segundo o governo, a estratégia busca coibir a entrada de armas e drogas e combater a violência dentro do país.

Para

Asano, o governo interino

a questão com uma lógica exclusivamente "militarizada".

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