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Em cerimônia simples, governo e Farc assinam novo acordo na Colômbia

Grupo contrário ao acordo estuda como enfrentar o Congresso e prepara-se para convocar manifestações de rua

Em cerimônia simples, governo e Farc
 assinam novo acordo na Colômbia
Notícias ao Minuto Brasil

18:51 - 24/11/16 por Folhapress

Mundo Violência

O governo colombiano e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) assinaram, na manhã desta quinta (24), o novo acordo de paz, renegociado após o tratado original ter sido rejeitado nas urnas em plebiscito, no último dia 2 de outubro.

A cerimônia ocorreu no Teatro Colón, em Bogotá, fechada e apenas para convidados e representantes dos chamados "países de garantia" e "países acompanhantes" (Cuba, Noruega, Venezuela e Chile). Não houve convites para presidentes de países da região.

Muito mais rápida e solene (durou pouco menos de uma hora), a cerimônia contrastou com a imensa festa de dois dias da assinatura do primeiro acordo, em 26 de setembro, em Cartagena, poucos dias antes de que o mesmo fosse derrotado pelas urnas.

Aos gritos de "Sim, se pode", foram recebidos no palco os integrantes das equipes negociadoras do governo e das Farc. O primeiro a assinar o documento foi o líder da guerrilha, Rodrigo "Timochenko" Londoño.

Em seu discurso, disse que "a guerrilha não quer usar mais as armas e sim as palavras para transmitir suas ideias". Disse que, ao ouvir os distintos grupos de defensores do "não" chegou à conclusão de que é necessário implementar um diálogo nacional que elimine "não só a violência, mas também os estigmas e a intolerância". E defendeu "o direito de dissentir, mas de forma civilizada."

"Timochenko" também fez um pedido ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump, para que o processo de paz "siga contando com o apoio de Washington".

Depois, foi a vez do presidente colombiano e Nobel da Paz Juan Manuel Santos, que também assinou o documento e, em seu discurso, reforçou mais de uma vez que, após a derrota em 2 de outubro, ouviu todas as vozes dissonantes que votaram pelo "não", de líderes políticos a religiosos e tinha a convicção de ter levado em conta todas as suas preocupações.

"Tenho certeza de que este é um acordo melhor, porque incorpora a imensa maioria dos desejos dos colombianos, mas preserva os objetivos essenciais do acordo de Cartagena."

Num recado aos que criticam o acordo por supostamente promover a impunidade, pois não prevê penas de prisão de nenhum tipo, reafirmou que os "crimes de lesa humanidade serão julgados e haverá condenações", e acrescentou ainda que "as vítimas serão reparadas com os bens que as Farc conseguiram de forma ilícita".

Depois, afirmou que entregará ao Congresso o acordo e espera que este o referende ainda na semana que vem, sem determinar o dia. Não foram dados detalhes também se a votação será por maioria simples ou se será usado um mecanismo de "fast track", ou seja, de aprovação rápida, incluído no Ato Institucional pela Paz, aprovado pelo Congresso no ano passado e referendado pela Justiça.

Também em resposta aos críticos que pediam um novo plebiscito, Santos diz reconhecer no Congresso "a representação máxima da sociedade colombiana. São políticos eleitos pelo voto e representam diretamente o povo."

Pediu também que os parlamentares aprovem o acordo rapidamente porque há uma "urgência pela paz, Com o fim do cessar-fogo, estamos vendo desmoronar nosso esforço com episódios de violência. Não podemos deixar que a guerra retorne".

O presidente ainda anunciou que, assim que o acordo for aprovado pelo Congresso, as Farc se dirigirão aos acampamentos designados previamente para sua concentração, enquanto esperam julgamento ou liberação.

Começará, então, a entrega de armas em três fases. "Em 150 dias, todas as armas das Farc estarão em poder das Nações Unidas", afirmou, no que foi amplamente aplaudido.

GRUPO DO NÃO

Enquanto isso, o grupo do "não", chefiado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, estuda como enfrentar o acordo no Congresso e prepara-se para convocar manifestações de rua.

Em comunicado divulgado na quarta (23), os opositores reconheceram que algumas de suas exigências foram aceitas, entre elas as limitações à atuação dos tribunais especiais e a exigência de que a guerrilha entregue um inventário completo dos bens e recursos que obtiveram de modo ilícito, e que os mesmos sejam entregues para o fundo de reparação às vítimas.

Porém, o grupo do "não" reafirmou que rejeita também o novo acordo, porque não teria tocado em pontos por eles considerados essenciais. São eles que os ex-guerrilheiros condenados deveriam cumprir algum tipo de pena de prisão (ainda que em colônias agrícolas), que os mesmos só possam concorrer a cargos públicos depois de cumprirem suas penas e que o narcotráfico seja considerado crime de lesa humanidade, portanto não-anistiável. Esses três pontos não foram renegociados e permanecem praticamente iguais no novo acordo. Com informações da Folhapress.

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