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Brasileiro é arrastado nas ruas de Kiev sob acusação de terrorrismo

Rafael Lusvarghi já havia sido preso. Após ser solto, resolveu se esconder em um mosteiro, onde foi descoberto por jornalistas

Brasileiro é arrastado nas ruas de Kiev sob acusação de terrorrismo
Notícias ao Minuto Brasil

05:59 - 14/05/18 por Notícias Ao Minuto

Mundo Ucrânia

O brasileiro Rafael Lusvarghi, de 33 anos, que estava em liberdade após ser preso em 2016 na Ucrânia por terrorismo, voltou a ser preso na última terça-feira (8) em Kiev, na capital do país. Ele estava escondido em um mosteiro quando foi descoberto por nacionalistas ucraniano que o arrastaram à força pelas ruas de Kiev. Os homens envolvidos na ação gravaram vídeos agredindo e humilhando o paulista.

“Todos sabiam que o Rafael corria risco estando em liberdade, principalmente nas ruas da capital“, afirmou ao programa Fantástico, da Rede Globo, Daniel Cândido, advogado de Rafael no Brasil.

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Entenda o caso

A trajetória internacional do brasileiro teria começado aos 18 anos, idade em que Lusvarghi ingressou para a Legião Estrangeira Francesa (organização militar formada por combatentes de diversas nacionalidades). Após a experiência, o paulista passou pela Polícia Militar de São Paulo e pelo curso de formação de oficiais da Polícia Militar do Pará.

Em 2010 ele teria se mudado para a Rússia para estudar Medicina, conforme relatado na reportagem. Em 2014, foi preso duas vezes no Brasil durante as manifestações contra a Copa do Mundo, tendo sido liberado em ambas as ocasiões. Na sequência ele teria se mudado para o leste da Ucrânia, a fim de lutar em tropas separatistas, contra o governo do país.

Após divulgar seus vídeos de treinamento na internet, Lusvarghi se tornou um rosto conhecido e odiado pelos nacionalistas ucranianos. Com o fim da guerra, após a assinatura de um cessar-fogo, o paulista voltou ao Brasil. Porém, já em terras brasileiras, ele teria recebido uma proposta para trabalhar em um navio no Chipre, razão pelo qual alega ter voltado a deixar o país.

O voo até Chipre, pago pelo contratante, fez uma escala na Ucrânia, onde ele foi detido pelo serviço de segurança ao desembarcar do avião, sob a acusação de terrorismo. A reportagem questiona se o convite se tratou de uma coincidência ou armadilha para o brasileiro.

Julgamento

Em tribunal, Rafael Lusvarghi declarou que resolveu lutar na Ucrânia a pedido de conhecidos, para ajudar o povo daquela região. Ele reconheceu que cometeu um grande erro e disse estar pronto “para cumprir a sentença que o tribunal determinar”.

Condenado a uma pena de 13 anos, ele ficou pouco mais de um ano de prisão e alegou ter sido torturado no presídio onde estava. O paulista deixou a prisão após ser decidido que o tribunal que o julgou em Kiev não poderia julgar casos ocorridos no leste da Ucrânia.

Liberdade

Após ser solto, o paulista se converteu ao catolicismo ortodoxo russo e buscou abrigo em um mosteiro da capital, onde morou por meses. Lá ele foi descoberto por jornalistas locais e por isso resolveu procurar a ajuda do Itamaraty, que afirma ter providenciado, já no dia seguinte, uma pousada para hospedá-lo.

Porém, no caminho entre o mosteiro e a pousada ele foi surpreendido por nacionalistas ucranianos e submetido ao linchamento nas ruas de Kiev. Lusvarghi foi levado à força para o serviço secreto ucraniano, sobre acusações de “assassino” pelos seus linchadores. Sua prisão foi decretada na última terça-feira (8) por 60 dias, enquanto  o brasileiro aguarda um novo julgamento.

Impedido de voltar ao Brasil

“Ele não tinha nenhuma obrigação de permanecer na Ucrânia, mas não pôde voltar para casa porque tanto a Embaixada do Brasil quanto o Governo da Ucrânia Valentin Rybin, advogado de Rafael na Ucrânia, em declaração reproduzida pelo Fantástico. O advogado afirma que o brasileiro foi libertado por um acordo entre governo e representantes dos grupos separatistas em troca de outros prisioneiros.

“Se nos dissessem ‘ele pode deixar o país', teríamos com muita alegria emitido esse documento de viagem. Mas o que aconteceu foi que recebemos a resposta que ele não poderia deixar o país”, explicou Luiza Lopes da Silva, diretora do Itamaraty, também ouvida na reportagem. Ela acrescentou que o julgamento inicial foi anulado por uma questão meramente processual, mas que o paulista não havia sido inocentado.

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