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Ancine dá nota a diretores e provoca críticas entre cineastas

Produtores temem que isso acabe lhes tirando a possibilidade de receber propostas de trabalho

Ancine dá nota a diretores e provoca críticas entre cineastas
Notícias ao Minuto Brasil

17:03 - 18/08/18 por Folhapress

Cultura Polémica

Adirley Queirós, do elogiadíssimo "Branco Sai, Preto Fica" é um diretor nota 7. Quem tirou 10 foi André Pellenz, do blockbuster nacional "Minha Mãe É uma Peça". Felipe Sholl, vencedor do Festival do Rio por "Fala Comigo", nem foi avaliado. E um dos maiores nomes do cinema brasileiro, Rogério Sganzerla, tem nota 5 -ele morreu em 2004.

Ao publicar as notas dos diretores brasileiros de acordo com seu desempenho comercial, a Ancine (Agência Nacional do Cinema) atraiu uma avalanche de críticas nas redes sociais e em grupos de conversa de cineastas.

+ Após críticas de produtores, Ancine altera edital de fomento

A pontuação é um dos critérios para habilitar o recebimento de verbas do edital de fluxo contínuo. O programa de fomento vai distribuir R$ 150 milhões a projetos de longa-metragem com base numa pontuação que inclui quantidade de obras lançadas e êxito comercial tanto de produtoras quanto distribuidoras e de diretores vinculados aos projetos.

Há cineastas que já lançaram obras, mas não aparecem na lista, caso de Sholl. Há diretores que já morreram (Sanzerla, Hector Babenco, Nelson Pereira dos Santos....). Na lista de produtoras, não chegam a 20 o total das que receberam a nota máxima.

O produtor Paulo Boccato, de "Bróder" e "Copa de Elite", aponta que, ao divulgar nome e CPF dos cineastas e atribuir a eles notas, a Ancine pode acabar lhes tirando a possibilidade de receber propostas de trabalho.

"Muitos diretores serão escolhidos pelas produtoras não por seu talento ou adequação ao projeto, mas por uma nota dada arbitrariamente que permita abocanhar mais ou menos recursos públicos", diz. Outro produtor, que pediu para não ser identificado, disse que a Ancine não tem atendido as reivindicações do setor e que já se estuda recorrer ao Ministério Público.

Conforme antecipado pela Folha de S.Paulo, o edital já vem sendo alvo de críticas no meio audiovisual há algumas semanas. O principal temor é que ele permita a concentração desses recursos públicos entre as duas maiores distribuidoras do país -a Paris e a Downtown.

Como o desempenho comercial é um dos principais critérios e as duas empresas são responsáveis pelo lançamento dos maiores sucessos nacionais, elas saltam na frente. Pelas regras, um mesmo grupo econômico pode receber até 25% do montante. Teme-se que, desta forma, ambas abocanhem até metade de todos os recursos.

A reportagem tentou entrar em contato com a Ancine neste sábado (18), mas não obteve resposta até a publicação desta nota. Com informações da Folhapress.

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