Dilma diz que discurso de Bolsonaro na ONU foi "vergonha planetária"

Em declarações à agência Efe em Madrid, capital espanhola, onde Dilma cumpre agenda política esta semana, a ex-chefe de Estado defendeu que a Amazônia é patrimônio do Brasil

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Política Discurso 25/09/19 POR Notícias Ao Minuto

 A ex-Presidente brasileira Dilma Rousseff descreveu hoje o discurso atual mandatário do país, Jair Bolsonaro, na Assembleia-Geral das Nações Unidas como uma "vergonha planetária", que "prejudica a imagem do Brasil em todo o mundo".

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Em declarações à agência Efe em Madrid, capital espanhola, onde Dilma cumpre agenda política esta semana, a ex-chefe de Estado defendeu que a Amazônia é patrimônio do Brasil, assim como da humanidade, contrariando o que disse Bolsonaro na terça-feira, nos Estados Unidos da América (EUA).

"Lamentável, uma vergonha planetária. Bolsonaro fez muitas falsidades e omissões. (...) Ele mostrou a sua política de destruição da Amazônia, atribuindo-a aos povos indígenas, sem assumir que ele tentou destruir a estrutura de combate à desflorestação", afirmou Rousseff.

Ao mesmo tempo, Dilma posicionou-se contra qualquer intervenção internacional naquela que é a maior floresta tropical do mundo, o que, para a antiga líder do Partido dos Trabalhadores (PT), seria um "mau serviço".

"A Amazónia é uma herança do Brasil e também da humanidade. Mas não aceito nenhuma proposta de intervenção internacional na Amazónia. Este seria um mau serviço. (...) Ser patrimônio da humanidade não significa que sejam áreas de intervenção internacional. Quero deixar isso claro", frisou a ex-Presidente.

"O Brasil tem todas as ferramentas para parar a desflorestação, mas se não quer usá-las, isso é outra história. (...) Bolsonaro está a minar a soberania brasileira sobre a Amazônia. Ele diz que são os outros que querem lá entrar, mas é ele quem deseja abrir as florestas para exploração mineira internacional, especialmente para os Estados Unidos", acrescentou ainda.

A ex-Presidente, que foi alvo de um julgamento político e acabou destituída do cargo em 2016, reconheceu que a esquerda brasileira tem "dificuldades" em articular-se, mas que começa a reagir às eventuais consequências negativas do Governo Bolsonaro, definido por ela como "neofascista", com uma subordinação "humilhante" aos EUA.

No discurso na ONU, Bolsonaro "manifestou todo o aspecto neofacista que denunciamos. 'Neo' porque o fascismo era geralmente nacionalista, embora desastroso. O fascismo de Bolsonaro nem isso é, porque tem uma submissão explícita aos Estados Unidos", argumentou a antiga governante.

"Em nome de uma pseudopolítica antiglobalista, Bolsonaro tem uma subordinação humilhante ao Governo Trump (Presidente dos EUA). A diplomacia brasileira não merece um chefe de Estado que envergonha um país e a diplomacia no mundo", disse Dilma Rousseff.

Ao longo da entrevista, Dilma também definiu o seu antecessor na Presidência do Brasil, Lula da Silva, como a principal figura da oposição no Brasil.

"Este Governo e os seus aliados detectaram que parte da esquerda brasileira tem dificuldades, e que o grande adversário que os ameaça é Lula. Enquanto Lula for um prisioneiro político inocente, a democracia brasileira está em causa. Não (de regressar a) uma ditadura militar, mas de uma corrosão da democracia. Lula representa a luta pela democracia", declarou.

Questionada se o PT estaria disposto a renunciar ao protagonismo da esquerda para derrotar, eventualmente, a extrema-direita no Brasil, Dilma disse que isso seria um "absurdo", e acrescentou que "em nenhum lugar do mundo" um partido que tem mais apoio popular renuncia ao seu protagonismo em favor de outro com menos votos.

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