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Em meio a racha no PSL, Eduardo vê como normal depuração na direita

"Obviamente a gente está passando por um momento de depuração. É normal que haja essa discussão", disse o deputado

Em meio a racha no PSL, Eduardo vê como normal depuração na direita
Notícias ao Minuto Brasil

21:10 - 11/10/19 por Folhapress

Política EDUARDO-BOLSONARO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em meio à disputa no PSL e ameaça de racha no partido, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse nesta sexta-feira (11) que a direita brasileira está em um momento de depuração, um processo que ele classificou como normal.

A referência foi feita na entrevista coletiva de abertura da Cpac, conferência conservadora que ocorre em São Paulo. "Obviamente a gente está passando por um momento de depuração. É normal que haja essa discussão. A esquerda também faz essa discussão, mas de forma reservada. A direita faz publicamente", afirmou.

O filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) não se referiu especificamente aos conflitos dentro do PSL, que vive uma divisão entre o grupo mais alinhado ao presidente nacional do partido, deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), e parlamentares alinhados a Bolsonaro.

O presidente tem dado sinais de que pretende deixar o PSL e chegou a dizer nesta semana que Bivar está "queimado pra caramba".

Eduardo declarou que no Brasil as coisas se inverteram. Em geral, segundo ele, a sociedade primeiro cria uma raiz conservadora forte e só depois elege um presidente dessa linha.

Em uma crítica velada ao PSL, o deputado afirmou que também falta um partido conservador no país. "Temos um presidente conservador, mas não temos uma grande imprensa conservadora, nem um partido conservador, com bandeiras conservadoras", afirmou.

Segundo o deputado admitiu, a situação realmente tem contornos de um racha, mas ele procurou minimizar a gravidade dessa realidade. "Pode parecer um racha, e às vezes até é. Mas nosso objetivo é atender o Brasil."

A seu lado na mesa de abertura do evento estava Matt Schlapp, presidente da União Conservadora Americana, entidade que organiza a Cpac (Conferência de Ação Política Conservadora) anualmente nos EUA desde 1973.

A presença de Bivar na entrevista havia sido divulgada pela organização do evento, mas ele foi excluído na última quarta-feira (9), em razão do aumento da tensão com o presidente.

É a primeira vez que o evento é trazido ao Brasil. Segundo Schlapp, o movimento conservador tem crescido no mundo, como uma reação a políticas que estão afetando as famílias. "Não vamos deixar dizerem que há 36 gêneros. Não vamos deixar dizerem que nossos pais fundadores [nos EUA] foram maus ou racistas. Não vamos deixar que haja uma inundação de imigrantes ilegais que quebram nossas leis", afirmou.

De acordo com o americano, essa é uma revolta que muitos estão sentindo em vários países. "E antes que digam que somos globalistas, nós não somos globalistas. Somos internacionalistas", afirmou.

Na entrevista, tomada por militantes bolsonaristas, perguntas sobre temas políticos e que não fizessem parte da Cpac foram barradas pela organização. Houve discretas vaias quando algum profissional da imprensa se apresentava.

Em uma das raras vezes que tratou sobre temas da conjuntura, Eduardo Bolsonaro respondeu a comentários do senador Major Olimpio (PSL-SP), de que os filhos do presidente se comportavam como "príncipes".

"Não faço parte da família real", ironizou. Em seguida, disse que assuntos internos do PSL deveriam ser tratados de forma discreta. "É opinião dele [Olimpio], tem todo o direito. No momento que eu estiver atrapalhando, o próprio presidente vai puxar a minha orelha. Roupa suja a gente lava em casa", afirmou.Eduardo disse ainda que o Cpac não pretende ser uma alternativa ao Foro de São Paulo, colegiado de partidos latino-americanos de esquerda liderado pelo PT e criado em 1990.

"Existe uma distinção muito importante entre o Cpac e o Foro de São Paulo. O Foro visa a chegada ao poder. Nesse evento aqui não, nós vamos trocar ideias e experiências sobre o que é ser conservador. É muito mais sobre identidade do que alguma coisa política para chegar ao poder", declarou.

Segundo o deputado, o evento não se confunde com o The Movement, criação de Steve Bannon, ex-estrategista do presidente americano, Donald Trump.

A Cpac reúne políticos, intelectuais e ativistas de direita. A presença do presidente Bolsonaro era esperada na abertura da conferência, mas ele acabou não participando por questões de agenda.

Para este sábado (12), quando o evento se encerra, são esperadas as presenças dos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Abraham Weintraub (Educação).

Realizado em um hotel de São Paulo, o evento foi bancado pela União Conservadora Americana e pela fundação ligada ao PSL. O custo não foi divulgado.

Na abertura, o evento ganhou ares de um festival direitista. Youtubers e ativistas digitais conservadores eram tietados por participantes. Entre os mais paparicados estava Allan dos Santos, do canal Terça Livre, que posava para selfies a todo momento.

Muitos representantes de grupos regionais também faziam lives. Representante do Soberanistas, surgido há cerca de seis meses, o mineiro Dawson Canedo, 35, diz que estava na Cpac porque é preciso preservar as tradições, e não acreditar em ideologias utópicas coletivistas, como nazismo e comunismo."Nós não somos avessos a mudanças, mas não a mudança pela mudança. Defendemos as mudanças com critérios", afirmou.

Numa banca montada no saguão principal do evento, a marca "Camisetas Opressoras" vendia modelos com estampas de Bolsonaro e em homenagem a ícones da direita como o ex-deputado Enéas Carneiro, morto em 2007, e o escritor Olavo de Carvalho. Um dos modelos mais vendidos tinha a estampa de um cachorrinho que, em vez de fazer cocô, defeca o símbolo do comunismo.

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