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Servidores são chamados para campanha de João Campos no Recife

As missões incluem bandeiraços, distribuição de panfletos e uso de camisetas amarelas –cor da coligação do PSB

Servidores são chamados para campanha de João Campos no Recife
Notícias ao Minuto Brasil

08:49 - 26/11/20 por Folhapress

Política Eleições 2020

RECIFE, PE (FOLHAPRESS) - Servidores com cargos comissionados na Prefeitura do Recife estão sendo escalados pelos chefes para cumprir missões diárias na campanha de João Campos (PSB). Filho do ex-governador Eduardo Campos, o candidato é apoiado pelo prefeito Geraldo Julio (PSB).

As missões incluem bandeiraços, distribuição de panfletos e uso de camisetas amarelas –cor da coligação do PSB. Os grupos são organizados pelo WhatsApp e divididos por órgãos municipais.
A reportagem teve acesso ao conteúdo de grupos de pelo menos quatro secretarias e confirmou a autenticidade das mensagens após entrevistar alguns dos funcionários.

Em algumas mensagens, o servidor deve indicar a agenda em que estará presente.

Os grupos reúnem até dez pessoas e têm uma espécie de capitão, geralmente o de maior poder hierárquico no órgão, que orienta os demais.

Alguns relatam que, apesar de serem chamados de "voluntários", são pressionados e constrangidos pelos chefes a cumprir a missão.

Em um dos grupos a que a reportagem teve acesso, uma funcionária com cargo de chefia na Secretaria de Turismo da Prefeitura do Recife lista o que os comissionados devem fazer naquele determinado dia.

"Pessoal, amanhã preciso do grupo inteiro. Vamos sair do posto às 17h de ônibus, pontualmente, para alguma ação na nona zona (não tenho o destino final). Peço que usem amarelo, ok?"

A seguir, nova mensagem informa o ponto onde os servidores devem se encontrar para começarem o trabalho.

"O ponto de encontro é no posto shell às 16h45. Não vou confirmar nomes porque conto com a presença de todos nesta reta final", diz o aviso.

Um dos integrantes do grupo confirmou que há uma coação velada para que os servidores estejam no local determinado nas convocatórias.

No fim da agenda, foto do grupo é postada para provar o cumprimento da demanda.

"Gente, nesse segundo turno, não iremos fazer sinal. Será apenas comunidade e com carga máxima. Aguardem novas orientações", diz mensagem da mesma funcionária.

Dois dias após a divulgação do primeiro turno, que pôs João Campos e Marília Arraes (PT) na reta final, nova mensagem foi para todos.

"Vencemos a primeira batalha e agora vamos ganhar a guerra. A partir de amanhã, voltaremos às ruas com toda força. Teremos ações todos os dias para todos os times. Aguardem novas orientações."

Em outro grupo, um alerta: "Ontem, às 23h, recebi nova planilha com alteração de algumas escolas. Vou colocar a planilha aqui e peço que, com muito cuidado, procurem os nomes de vocês e em seguida preencham uma lista confirmando que sabem onde vão atuar no dia D!".

Os funcionários respondem com "ok". Um deles explicou que, em geral, as mensagens convocatórias estabelecem um ponto de encontro.

Segundo ele, que não se identificou por temer represálias, todos entram em um ônibus para os destinos.

Não há, diz, pagamentos de lanches ou carros oficiais.

"Não esqueça de usar amarelo, tá? Acabaram de reforçar esse pedido. Peço que todos contribuam",diz outra mensagem do segundo turno.

Os nomes dos funcionários são listados com a ação de campanha do dia. "Ação Panfletagem porta a porta. Quarta-feira (25/11). Saída: 16h30 (Praça do Arsenal). Local: Nova descoberta (6ª zona)", avisa mensagem desta quarta-feira (25) em um dos grupos.

A reportagem conversou com um dos "capitães", que exerce cargo de chefia em um órgão municipal. Ele disse que os ônibus saem com 40 servidores.

As pessoas não devem ir com seus veículos. O objetivo é não dispersar o grupo. Há ainda a ressalva de que os ônibus estão pagos e são caros.

A Prefeitura do Recife, por meio de nota, disse que não há pressão para a participação de servidores em ato relativo às eleições municipais. Disse também que mantém posicionamento institucional e que a conduta dos servidores é regulamentada pela "Cartilha de Condutas Vedadas".

O documento, segundo a nota, foi elaborado e divulgado pela Controladoria Geral do Município e Procuradoria Geral do Município.

A prefeitura destacou que os servidores têm liberdade de exercer seu direito e participar das eleições nos limites da legislação.

Na campanha de 2008, a Polícia Federal fez busca e apreensão na Secretaria Municipal de Educação após denúncias de que seus computadores eram usados para coagir servidores a participar de eventos do então candidato João da Costa (PT). Ele acabou ganhando no primeiro turno.

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