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Baleia reforça aceno à oposição, tenta conter infiéis e pressiona governo Bolsonaro

O emedebista voltou a posicionar sua candidatura como a representante da independência da Câmara, em oposição à de Arthur Lira (PP-AL)

Baleia reforça aceno à oposição, tenta conter infiéis e pressiona governo Bolsonaro
Notícias ao Minuto Brasil

05:53 - 07/01/21 por Folhapress

Política BALEIA-ROSSI

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em um discurso repleto de críticas indiretas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) lançou oficialmente sua candidatura à presidência da Câmara nesta quarta-feira (6).

O candidato do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez novo aceno às siglas de oposição em busca de conter dissidências e defendeu o pagamento do auxílio emergencial -encerrado pelo governo em dezembro e que Bolsonaro rejeita retomar- ou que o valor do Bolsa Família seja elevado.

"A pandemia não acabou e milhões deixarão de receber o benefício. Entendo que temos de buscar uma solução: ou aumentando o Bolsa Família ou buscando de novo o auxílio emergencial aos mais vulneráveis", disse Baleia durante o evento.

O emedebista voltou a posicionar sua candidatura como a representante da independência da Câmara, em oposição à de Arthur Lira (PP-AL), líder do centrão que tem o apoio de Bolsonaro.

"Nós temos o dever de fiscalizar e acompanhar as ações do Executivo. Exatamente por isso, a Câmara dos Deputados não pode ser submissa. Se for submissa, não fiscaliza e não acompanha", afirmou Baleia.

Além de Maia, compareceram ao evento de lançamento da candidatura de Baleia integrantes de partidos como DEM, PSDB, PSL, PC do B, MDB e Rede. Nem PT nem PDT mandaram representantes para o evento. Integrantes da campanha de Baleia disseram que a ausência ocorreu por problemas de agenda e voos.

Na cerimônia, o emedebista lembrou que, graças à postura independente de Maia, a Câmara conseguiu conceder um auxílio emergencial de R$ 600, enquanto a proposta inicial do Executivo era de R$ 200.

Baleia conta com o apoio de um conjunto de partidos que soma 278 parlamentares. Já Lira tem o respaldo de siglas que totalizam 206 parlamentares.

A sinalização de apoio, no entanto, não significa a adesão completa da bancada da sigla à chapa eleitoral.

Isso porque elas só se tornam oficiais após o registro da candidatura, na véspera da votação, e podem mudar de postura até lá. Além disso, o voto é secreto, podendo haver traições de deputados à decisão oficial da bancada.

Para ser eleito em primeiro turno, um candidato à presidência da Câmara precisa de no mínimo 257 votos caso todos os 513 deputados votem.

Baleia trabalha para manter o seu bloco unido enquanto Lira busca dissidências nos partidos que dão sustentação ao adversário.

O candidato do PP lançou a campanha mais cedo, em dezembro, e hoje até mesmo aliados do emedebista admitem que Lira aparece à frente na projeção de votos por uma margem de cerca de 20 apoios.

Nesta quarta, Baleia também fez críticas diretas a Lira.

O candidato do PP reclamou nas redes sociais da possibilidade de a votação da eleição em fevereiro ser remota e não presencial. Segundo o líder do centrão, a campanha de Baleia defende essa ideia. A hipótese está em estudo por Maia, mas ainda não foi apresentada.

Lira defende que a votação seja presencial e levantou dúvidas sobre o objetivo. "Qual a intenção por trás disso?", questionou o líder do PP em rede social.

Questionado sobre as suspeitas de que a votação remota o correria para beneficiá-lo, como aventa Lira e aliados, Baleia disse tratar-se de "factoide que não existe". "Síndrome de Trump", provocou o emedebista.

O presidente do MDB também falou sobre a estratégia do adversário de apostar em traições nos partidos que estão no seu bloco partidário para garantir a vitória.

Embora o bloco partidário que foi montado na Câmara e chancela o nome de Baleia seja formado pelas siglas da oposição ao governo Bolsonaro (PT, PC do B, PSB, PDT e Rede), há resistência ao nome do MDB em boa parte desses partidos. A votação interna no PT que aprovou o apoio ao emedebista foi apertada, com 27 votos a favor e 23 contra.

"Quem fala muito em traição acho que é porque tem vontade de trair. Eu confio na palavra dos deputados. Acredito em cada parlamentar", afirmou Baleia nesta quarta.

O emedebista tem trabalhado para atrair o apoio do PSOL, cuja bancada é formada por dez deputados. A tendência mais forte da sigla, no entanto, é lançar candidatura própria, apesar de haver dissidências internas.

​O candidato de Maia também tem dialogado com o Solidariedade, que indicou apoio a Lira. Como há também dissidências internas, há chance de mudança de posição.
Além das defecções registradas nos partidos de oposição, há dissidências nas legendas de centro, como PSDB e DEM.

No PSDB, aliados de Lira calculam ter ao menos 15 dos 33 votos da bancada. No próprio DEM, partido de Maia, a expectativa é conseguir 18 de um total de 28. A campanha do candidato de Bolsonaro também calcula defecções no PT, onde apostam em ao menos 20 de 52.

Preterido por Maia na disputa, Elmar Nascimento (DEM-BA) passou a atuar na campanha de Lira. Inicialmente, o baiano foi um dos nomes cogitados pelo grupo do presidente da Câmara para enfrentar Lira. Em conversas reservadas, ele não esconde a decepção pela escolha de Baleia. Nesta terça-feira (5), por exemplo, Elmar integrou comitiva de Lira em viagem ao Amapá e ao Pará.

Em outro contraponto a Bolsonaro, Baleia defendeu a união das bancadas federais para cobrar que a população seja vacinada contra a Covid-19. Ele ressaltou que a imunização deve ser universal e gratuita, sem excluir ninguém.

"Aliás, por sugestão de líderes partidários, conversei com Maia para que, caso seja necessário, façamos uma convocação de Câmara e Senado em janeiro para votar medidas urgentes", disse.

Em uma crítica ao centrão, o deputado emedebista lembrou que, a pedido do governo, siglas do bloco aliado ao Palácio do Planalto tentaram obstruir, no ano passado, sessão legislativa para a votação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica).

"Nós avançamos no Fundeb. Me lembro até que alguns partidos do centrão fizeram obstruções, não queriam recursos para a educação", disse Baleia.

Baleia vai dar a largada na campanha com uma viagem ao Piauí nesta sexta-feira (8). Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, a estratégia é encontrar líderes políticos e governadores para articular votos a seu favor.

Arthur Lira também está em viagem pelo país com apoiadores.

No Piauí, Baleia tem encontro marcado com o governador Wellington Dias (PT) e com o prefeito de Teresina, Doutor Pessoa (MDB).

Na próxima terça-feira (12), Baleia fará campanha em Santa Catarina. Em seguida, estão agendadas viagens para os estados de Goiás e Ceará.

Nesta quarta, o emedebista divulgou um vídeo com um manifesto no qual ressalta o trabalho da Câmara durante a pandemia e faz acenos a partidos de centro e de oposição, como antecipou o jornal Folha de S.Paulo.

A peça mostra imagens de integrantes do bloco partidário do qual o parlamentar do MDB faz parte e que inclui partidos de oposição.

O líder do PSB, Alessandro Molon (RJ), a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), e a líder do PC do B, Perpétua Almeida (AC), aparecem ao final da peça.

"Somos muitos. Pensamos e agimos diferente, mas somamos forças para manter a democracia viva e a Câmara livre com Baleia Rossi", conclui o locutor. ​

No vídeo, de quase dois minutos, o narrador lembra da aprovação de projetos de combate ao racismo e à violência contra a mulher, em um gesto aos partidos da esquerda, que tem como bandeiras importantes a defesa de minorias e dos direitos humanos.

A peça ressalta ainda a votação do Fundeb e da PEC de Guerra, proposta de emenda à Constuição que abriu espaço para gastos emergenciais durante a pandemia.

"Todo mundo sabe o que foi 2020. Você já parou para pensar o que seria do Brasil na pandemia se a Câmara não fosse livre e independente", diz o narrador no início do vídeo.

A peça foi preparada pelo publicitário Chico Mendez, responsável pelo marketing da campanha de Baleia.

O marqueteiro é o mesmo que preparava material para propagar o "centro democrático", com manifestos de siglas de centro e centro-direita.

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