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Senado: Tebet diz que buscará 'independência harmônica' do Planalto

Simone Tebet foi confirmada na tarde desta terça-feira (12) como o nome do MDB para a disputa pela presidência do Senado

Senado: Tebet diz que buscará 'independência harmônica' do Planalto
Notícias ao Minuto Brasil

05:56 - 13/01/21 por Folhapress

Política Eleições

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Pressionada pela ascensão do seu rival na disputa pela presidência do Senado, que conta com a "simpatia" de Jair Bolsonaro (sem partido), a candidata do MDB, Simone Tebet (MS), afirmou que vai buscar a independência da Casa em relação ao Palácio do Planalto, mas ressaltou que isso não representa oposição. Será uma "independência harmônica", disse ela.

Tebet foi confirmada na tarde desta terça-feira (12) como o nome do MDB para a disputa pela presidência do Senado. A bancada decidiu de forma unânime.

A atual presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) vai enfrentar Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato do atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e também de Bolsonaro.

A indicação do candidato do MDB foi antecipada duas vezes, após a série de acordos fechados por seu rival. A princípio, o evento desta tarde seria apenas para filiar dois senadores: Veneziano Vital do Rêgo (PB) e Rose de Freitas (ES).

No entanto, desde a tarde de segunda-feira (11), os caciques do partido buscavam agilidade para anunciar o nome, de forma a conter os apoios obtidos pelo senador mineiro.

Pacheco conta agora com o apoio de sete bancadas (DEM, PL, PROS, PSC, PSD, PT e Republicanos), que reúnem 32 parlamentares.

Na prática, no entanto, Pacheco tem pelo menos um voto a menos. Isso porque o senador suplente Ney Suassuna (Republicanos-PB) deve ceder lugar ao titular Vital do Rêgo, que estava licenciado e confirmou que vai participar da votação.

Por outro lado, Pacheco deve receber nesta quarta-feira (13) o apoio do PP, que tem sete senadores em sua bancada.

Como a votação é secreta, é possível que haja traições.

O regimento interno do Senado afirma ser necessário maioria simples do total de senadores presentes para ser eleito –são 81 senadores no total. Por outro lado, através de uma questão de ordem, na eleição de 2019, o então presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB-CE), determinou que seriam necessários 41 votos.
Questionado sobre o assunto nesta terça-feira, Alcolumbre afirmou que vai consultar a Mesa Diretora do Senado para definir.

Tebet sinalizou ao Planalto que sua candidatura não será de oposição.

"Este partido é um partido de pensamentos plurais, e com isso eu quero dizer que é um partido que não é oposição nem situação. A independência não significa oposição ao governo como muitos querem", afirmou a senadora.

"A independência significa independência com harmonia para ajudar o governo nas pautas prioritárias do país. Significa uma independência harmônica a favor do Brasil, que precisa mais do que nunca da força do Senado Federal", acrescentou Tebet.

A senadora afirmou que vai transmitir a mensagem de harmonia ao presidente, através dos senadores da legenda que ocupam cargos de liderança no Senado e no Congresso.

"Será oficialmente anunciado para o presidente da República que o MDB tem candidato e que o MDB não vem para qualquer tipo de tensão entre as instituições e os Poderes. Este é um momento de harmonia. Ou entendemos que a independência significa harmonia ou vamos desconstruir este país."

Por outro lado, a candidata do MDB destoa do governo Bolsonaro ao defender a continuação do auxílio emergencial.

"Essa [auxílio emergencial] não é uma agenda do MDB ou do Senado, esse é um compromisso com as pessoas, com o país. O auxílio emergencial com responsabilidade, desde que tenhamos responsabilidade fiscal, possamos fazer uma análise criteriosa sobre o cadastro, quantos receberam indevidamente para poder beneficiar quem realmente está precisando, é uma agenda de país, de um país que começa a passar fome."

"O auxílio emergencial, observando os critérios de responsabilidade fiscal, do limite de teto de gastos, ainda que com menor valor, tem que, sim, estar na agenda de qualquer candidato, para ser tratado com os líderes", afirmou.

Tebet minimizou a atual vantagem de Pacheco na disputa pela presidência do Senado.

"Acredito que o jogo voltou à estaca zero. Estamos falando já de 15 senadores [bancada do MDB], então não estamos começando no vazio, não estamos começando uma aventura. Estamos falando da maior bancada e uma bancada de peso, que tem não só grandes líderes mas experiência suficiente para mostrar que, com responsabilidade, nós podemos trazer para o Senado Federal o protagonismo para podermos ajudar o Brasil."

A senadora também disse que vai buscar diálogo com todas as bancadas da Casa, mas ressaltou que vai começar pelas que ainda não definiram apoio na disputa.

"Então nós estaremos dialogando e conversando com o Podemos, com o PSDB, com a Cidadania, com o PSL. Estou falando dos partidos que ainda não declararam apoio a nenhum candidato. Começaremos por eles. E sim procuraremos todas as bancadas não só através dos líderes mas através dos senadores."
Em mais uma sinalização de que pretende evitar conflitos com bancadas tradicionais e também com o Planalto, Tebet afirmou que não vai negociar com o bloco suprapartidário Muda Senado -considerado entusiasta da Lava Jato e com uma pauta anticorrupção mais radical- e sim com as bancadas em separado.

Os 18 representantes do movimento, basicamente, pertencem aos partidos citados pela senadora como as legendas por onde começar as negociações.

Simone Tebet pode ser a primeira mulher presidente do Senado e ressaltou isso em sua fala após a indicação.

"É uma bancada que representa, sim, isso faço com muita humildade, mas também com muita responsabilidade, todas as mulheres brasileiras. Sou a primeira candidata mulher da história do Senado Federal, pelo menos até o que me relataram, mas de grande bancada, sim. Isso mostra que o MDB volta às origens, de um partido de vanguarda, de um partido progressista, de um partido que sabe fazer a leitura certa das urnas."

A candidatura do MDB se tornou realidade no início de dezembro, após o anúncio de que a bancada teria um único candidato. O partido buscava evitar as divisões da eleição anterior, em 2019, que resultaram na vitória de Alcolumbre.

Um dos principais argumentos da sigla foi resgatar a regra da proporcionalidade, na qual a maior bancada teria direito à presidência da Casa.

O MDB estabeleceu que seria escolhido o nome que trouxesse mais apoio de outros partidos. Inicialmente, além de Tebet, eram pré-candidatos os líderes da bancada, Eduardo Braga (AM); o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE); e o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (TO).

Enquanto os pré-candidatos disputavam individualmente apoio, Pacheco foi fechando parcerias.

Bezerra e Gomes praticamente caíram fora da disputa na última sexta-feira (8), quando o primeiro se reuniu com Bolsonaro no Planalto e ouviu dele que apoiaria Pacheco.

As chances de Braga foram praticamente anuladas na última segunda-feira, quando a bancada do PT anunciou adesão à candidatura de Pacheco. O líder do MDB era o único com trânsito entre os petistas e via no apoio da oposição um trunfo para obter a indicação.

Durante o anúncio da candidatura nesta terça, Braga leu uma nota da bancada, na qual afirma ser necessário a independência do comando do Legislativo e defendeu que o interesse público esteja acima de qualquer disputa ideológica.

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