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Por pressão a Alckmin, vice de Doria já veste figurino de candidato

Alckmin quer disputar mais um mandato e, para isso, deve deixar o PSDB, o que facilita a vida de Garcia, mas deixa mágoas nos tucanos paulistas

Por pressão a Alckmin, vice de Doria já veste figurino de candidato
Notícias ao Minuto Brasil

11:46 - 22/07/21 por Folhapress

Política RODRIGO-GARCIA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Filiado ao PSDB e com a candidatura ao Governo de São Paulo assumida, o vice-governador Rodrigo Garcia, 47, vestiu o figurino de candidato nas últimas semanas. Partiu para viagens ao interior, inaugurações, entrevistas coletivas e adotou nova estratégia de redes sociais ""sempre incentivado pelo governador João Doria (PSDB), também em campanha para a Presidência da República.

Postulante ao Palácio dos Bandeirantes, Garcia, que se elegeu deputado estadual pela primeira vez com 24 anos, tem obstáculos à frente –índices baixos de intenção de voto captados em pesquisas até agora e concorrência com Geraldo Alckmin (PSDB), que está bem melhor nas sondagens eleitorais.

Alckmin quer disputar mais um mandato e, para isso, deve deixar o PSDB, o que facilita a vida de Garcia, mas deixa mágoas nos tucanos paulistas.

Garcia e Doria têm percorrido o estado separadamente, em uma espécie de campanha dupla pelo interior. O governador, no entanto, interrompeu a agenda após receber um resultado positivo em teste para Covid na semana passada.

Com anúncios e inaugurações, pretendem desfazer a imagem negativa que atribuem à gestão da pandemia, que exigiu medidas impopulares.

Ao mesmo tempo, concorrentes de Garcia na corrida estadual também se movimentam. Na esquerda, Guilherme Boulos (PSOL) iniciou um giro pelo estado, e Fernando Haddad (PT) elabora um plano de governo.

Na direita, Arthur do Val (Patriota) avalia filiação ao PSL, o que daria ao youtuber mais tempo no horário eleitoral de rádio e TV.

A entrada de cabeça de Garcia na campanha representa uma mudança de estratégia para quem deixou o DEM e se filiou ao PSDB, em meados de maio, com o discurso de que só avaliaria uma candidatura no ano que vem. A saída do DEM provocou o rompimento entre o presidente da sigla, ACM Neto, e Doria.

A anterior hesitação de Garcia em assumir-se candidato evidenciava uma incoerência de Doria ""que defendia prévias tucanas o quanto antes no nível nacional e jogava para frente a questão estadual, na tentativa de evitar o embate com Alckmin.

Na última segunda-feira (19), porém, a executiva estadual do PSDB, comandada pelo aliado e secretário de Doria, Marco Vinholi, formalizou em reunião a decisão de fazer prévias –nas mesmas datas e com as mesmas regras das prévias nacionais.

Apesar de ter pregado a eleição direta nacionalmente, Vinholi acabou decidindo que as prévias paulistas seguirão as mesmas regras de grupos, em que filiados representam 25% da votação e políticos, 75%. Para aliados de Alckmin, trata-se de outra incoerência com a finalidade de beneficiar Garcia.

Na reunião da executiva estadual, tucanos próximos ao ex-governador tentaram pleitear regras que consideram mais justas, como a eleição direta de filiados e a data separada da prévia nacional, mas foram derrotados.

Aceitar as prévias foi a pá de cal nas chances de Alckmin.

Da forma como as prévias foram desenhadas, o ex-governador considera a disputa desigual e contaminada pela máquina partidária e de governo. Agora, só restaria a ele deixar o PSDB.

Tucanos avaliam, nos bastidores, que, ao declarar sua candidatura, Garcia teve uma estratégia mais acertada e jogou pressão sobre Alckmin.

Ao deixar o PSDB, provavelmente rumo ao DEM ou PSD, Alckmin deve buscar uma aliança com Márcio França (PSB), que já foi seu vice-governador, também é pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes e é adversário político de Doria.

As viagens de Garcia pelo estado, intensificadas nos últimos dois meses, dão a dimensão do poder da máquina estatal a seu favor. Desde 1º de maio, o vice esteve em 44 cidades fazendo entregas.

Os compromissos incluem distribuição de vouchers de cesta básica, autorização para construção de moradias e reforma de estradas, além de inaugurações de creches, escolas, veículos escolares, delegacias e centros de idosos ""seguindo a estratégia de explorar ao máximo programas e medidas já anunciadas em eventos do governo.

Além disso, em maio e junho, Garcia abriu espaço na agenda em dois dias para conceder, de São Paulo, entrevistas a rádios de 11 cidades do interior. "

Para membros do governo paulista, não se trata apenas de agenda eleitoral, mas de executar inaugurações que estavam represadas na pandemia.

"O governo tem mais de R$ 21 bilhões em investimentos em 2021. Doria e Garcia estão acompanhando de perto essas ações", afirma Vinholi sobre as viagens ao interior.

As agendas, por sua vez, servem para alimentar as redes sociais do vice. Garcia testa, desde o fim de maio, uma nova equipe para gerenciar suas páginas.

Desde então, ele passou a veicular dois tipos de vídeos de cerca de um minuto: um chamado Sextou, com o resumo da semana, e outro com o nome Direto ao Ponto, em que aparece em frente ao computador em seu gabinete e comenta, com o forte sotaque do interior, programas de governo, como a vacinação, a privatização de aeroportos e a ampliação de creches.

Entre as publicações nas redes, algumas são de cunho pessoal, como fotos com a mulher no Dia dos Namorados e o retrato de um abraço nos pais. O vice também aposta na divulgação, em vídeo, de trechos de seus discursos.

De toda forma, a presença de Garcia na internet é tímida. O vice tem cerca de 7.000 seguidores no Twitter e 43 mil no Facebook, contra 1,4 milhão e 2,4 milhões de Doria, respectivamente.

Garcia já ocupava posição central na administração Doria ao acumular os cargos de vice e de secretário de Governo, responsável pela articulação política e por planejar e acompanhar programas, obras e privatizações.

Diante do desgaste da imagem de Doria com entrevistas coletivas sobre a pandemia, o vice foi escalado também para cumprir esse papel e dividir eventuais repercussões negativas. Em abril, por exemplo, coube a ele anunciar a saída da fase emergencial e a entrada na fase de transição, também restritiva.

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