"Como já havia sido veiculado por alguns órgãos de imprensa, deverão acontecer apresentações da Marinha e da Aeronáutica no mar e no espaço aéreo, sem qualquer tipo de interferência nas pistas da Avenida Atlântica", escreveu. "Ao longo dos próximos dias teremos reuniões com as Forças Armadas para a organização de detalhes. Repito: a parada militar não será na Pres Vargas nem em Copacabana. Essa é a solicitação que recebi do Exército Brasileiro", afirmou Paes.
A mudança atende a exigência do presidente Jair Bolsonaro, que tem convocado seus apoiadores para segui-lo à rua uma "última vez", em Copacabana no dia 7. Inicialmente, o mandatário anunciou que o desfile serias na orla. Mas essa operação se mostrou muito difícil, por dificuldades logísticas - distância de quartéis e tombamento do calçadão da Atlântica, por exemplo. Houve também resistência de militares ao envolvimento das Forças em uma manifestação política, como a convocada pelo presidente. No comando da reeleição, surgiu o temor de radicalização, em um momento em que o governo começa a pagar o Auxílio Brasil de R$ 600 e saboreia a redução nos preços da gasolina. Tudo isso fez assessores tentarem demover o presidente da proposta e trabalhar por um 7 de Setembro diluído.
De acordo com o presidente, o desfile não ocorrerá porque há previsão de "muita gente na praia". "Teríamos dificuldades para a tropa se organizar para o desfile. Haverá um palanque, é um movimento cívico. Não pretendo fazer uso da palavra lá", afirmou Bolsonaro.
O Ministério da Defesa e o Comando Militar do Leste não confirmam qual será a programação das Forças Armadas na capital fluminense. O Esquadrão de Demonstração Aérea, responsável pela Esquadrilha da Fumaça, diz que ainda não há apresentações previstas para o Rio de Janeiro no dia 7 de setembro.
"Por enquanto só temos confirmação de presença no 7 de setembro em Brasília como parte das atrações na Esplanada dos Ministérios", diz em nota o Esquadrão de Demonstração Aérea.
Bolsonaro, porém, insiste na ideia. Candidato á reeleição pelo PL e em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, o presidente insiste em denunciar - sem jamais ter apresentado nenhuma prova - supostas fraudes nas urnas eletrônicas, que o prejudicariam. Também manteve, nos últimos meses, ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Alguns bolsonaristas, principalmente no Telegram, como mostrou o Estadão, pedem um "contragolpe das Forças Armadas no STF". A corte estaria, na visão desses seguidores de Bolsonaro, preparando-se para fraudar a eleição de 2022. Assim, segundo essa teoria da conspiração, o tribuna daria a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. O petista aparece em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais. Na terça, 16, a posse de Alexandre de Moraes na presidência do TSE transformou-se em ato de apoio ao processo eleitoral.
Ao visitar Juiz de Fora (MG) na terça, 16, Bolsonaro antecipou o que pretendia. Afirmou que o desfile militar em celebração ao bicentenário da Independência será em Brasília. Na estreia oficial da campanha, o chefe do Executivo disse que as comemorações serão restritas a "palanques" na zona sul da cidade, com demonstrações da Marinha e da Esquadrilha da Fumaça, da Força Aérea, na orla. "Teremos um ato cívico. É impossível a tropa desfilar. Não haverá desfile da tropa dia 7 no Rio de Janeiro. Será tudo concentrado em Brasília. Terão palanques, teremos lá um movimento da Marinha na praia, nossa Força Aérea com a Esquadrilha da Fumaça. A artilharia nossa atirando", disse o presidente, em Juiz de Fora (MG), que visitou como candidato do PL à reeleição.