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Fatiamento da votação 'não atenua o que fizeram', diz Dilma

Segundo ela, o afastamento definitivo foi a decretação de sua "pena de morte política"

Fatiamento da votação 'não atenua 
o que fizeram', diz Dilma
Notícias ao Minuto Brasil

20:53 - 02/09/16 por Folhapress

Política Entrevista

A ex-presidente Dilma Rousseff comentou pela primeira vez nesta sexta-feira (2) o fatiamento do julgamento de seu impeachment e disse que a medida "não atenua" a decisão dos senadores de cassar seu mandato. Segundo ela, o afastamento definitivo foi a decretação de sua "pena de morte política".

"Eu não acho que atenua o que fizeram, acho que são detalhes e decorrências do que fizeram. O fato gravíssimo é que me condenaram à pena de morte política ao me tirarem da Presidência da República", afirmou Dilma em entrevista à imprensa internacional no Palácio da Alvorada, transmitida em suas redes sociais.

Ao lado de seu advogado, José Eduardo Cardozo, a petista disse achar "estranhíssimo essa votação dupla" dos senadores, que cassaram seu mandato por 61 votos a 20, mas não tiraram seus direitos de ocupar funções públicas. Foram 42 a 36 votos, mais três abstenções, pela inabilitação de Dilma, quando eram necessários 54 senadores para que ela perdesse os direitos de exercer função pública.

"Acho que é estranhíssimo essa votação dupla. Vota de um jeito em uma e de outro jeito na outra", declarou.

A bancada do PT no Senado apresentou, pouco antes da votação do impeachment na quarta-feira (31), um requerimento pedindo a divisão entre a condenação e a habilitação para ocupar funções públicas, acatado pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do julgamento, Ricardo Lewandowski.

O ministro do Supremo afirmou que a medida era prevista na Lei do Impeachment. Apesar disso, Dilma disse aos jornalistas que a lei "tem que ser mudada" porque permite o que ela chamou de "golpe parlamentar".

"De todos os presidentes eleitos no Brasil só quatro cumpriram inteiramente seu mandato. Isso é extremamente grave. Tem que ser mudada essa lei, porque permite esse golpe parlamentar".

Dilma lembrou que foi condenada por três vezes na ditadura militar e que, em uma delas, com pena de quatro anos, teve seus direitos políticos cassados por dez anos. A pena, porém, caiu.

"A cassação [de meu mandato] é, de fato, uma pena principal. Você tem um impeachment sem crime de responsabilidade e tira os direito políticos por oito anos também sem crime?", questionou.

Sobre a tentativa de aliados do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de usar o fatiamento da votação de seu impeachment para tentar reduzir a punição do peemedebista, Dilma rechaçou: "Está se tentando criar uma teoria na mídia de que, já que se mantiveram os meus direitos, tem que se manter os do Cunha também. Não, não mesmo, essa não".

FUTURO

Advogado de Dilma, Cardozo acredita que, com a absolvição na segunda votação, Dilma pode se candidatar a qualquer cargo eletivo mas a chefe, por sua vez, disse que "ainda não tem um projeto eleitoral elaborado".

A petista afirmou que vai se mudar para Porto Alegre nos próximos dias -a mudança está prevista para domingo (4)- e que pretende viajar a alguns países, como Chile, Argentina e Uruguai, mas garantiu que isso não deve acontecer tão cedo.

"Vou a Porto Alegre. Visitarei todos esses países... mas daqui a pouco, não. Não tenho condições de falar da minha agenda agora", declarou.

NOVA AÇÃO NO STF

A defesa de Dilma vai protocolar até a próxima terça-feira (6) uma nova ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para pedir a anulação de todo o processo, um mandado de segurança alegando que não há "justa causa" para o impeachment.

Nesta quinta-feira (1º), a defesa já havia protocolado uma ação no Supremo pedindo a anulação da decisão do Senado que a cassou e pedindo a realização de um novo julgamento. Com informações da Folhapress.

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