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Em novo acordo de delação, empreiteira admite cartel na Copa

Informação foi repassada pela Andrade Gutierrez ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica

Em novo acordo de delação, empreiteira
admite cartel na Copa
Notícias ao Minuto Brasil

18:22 - 05/12/16 por Folhapress

Política Investigação

A Andrade Gutierrez informou ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que o estádio do Morumbi entrou na negociação do cartel de licitações formado entre empreiteiras para a construção de arenas da Copa do Mundo de 2014.

Para conseguir assinar o acordo de leniência com o órgão, a empresa também entregou nomes de concorrentes, apresentando informações de um suposto conluio no mercado nacional de obras.

Em documentos tornados público nesta segunda-feira (5) pelo Cade, a Andrade disse que a Camargo Corrêa integrou o grupo que estava elaborando a divisão dos projetos e manifestou interesse apenas em fazer a reforma do Morumbi.

Na época, o estádio do São Paulo ainda era cotado para receber a abertura do Mundial.

"A Camargo Corrêa manifestou interesse no acordo anticompetitivo preliminar quanto ao Estádio Morumbi, em São Paulo/SP. No entanto, não implementou a conduta porque o projeto escolhido foi a Arena Corinthians", diz trecho do relatório do Cade sobre o histórico de conduta do cartel. O estádio do Corinthians foi construído pela Odebrecht.

As seis empresas que participaram do esquema, segundo a delação, foram: Andrade, Odebrecht, OAS, Carioca, Construtora Queiroz Galvão e Camargo.

A Camargo, porém, saiu logo que a Arena Corinthians foi escolhida para ser a sede da abertura, em junho de 2010, e, por isso, o cartel não atuou no estádio tricolor.Segundo o Cade, as construtoras combinaram a divisão dos projetos, preços, condições e vantagens entre os concorrentes.

A negociação começou em outubro de 2007, quando o Brasil foi escolhido sede da Copa, e durou até 2010, quando todos os estádios foram definidos, de acordo com os documentos divulgados.

O Cade diz que a Andrade não tem "conhecimento de que a contratação para a construção da Arena Corinthians tenha sido afetada por condutas anticompetitivas".

Como revelou a Folha de S.Paulo, em delação premiada a Odebrecht diz que o estádio do Corinthians foi uma espécie de "presente" a pedido do ex-presidente Lula. A construção contou com ajuda da Caixa Econômica Federal e do BNDES, além da prefeitura de São Paulo.

As arenas construídas pelo cartel foram, segundo a Andrade, pelo menos: Castelão (Fortaleza), Dunas (Natal), Maracanã, Pernambuco e Fonte Nova (Salvador).

Juvenal Juvêncio, ex-presidente do São Paulo, era quem estava à frente de todas as negociações com a Fifa para receber a Copa. O cartola morreu dezembro do ano passado.

O Ministério Público também participou da celebração do acordo da Andrade no Cade e as investigações foram desdobramento da Operação Lava Jato que apura irregularidade nas obras do Mundial no Brasil.

Procurado, o São Paulo não se manifestou até as 17h30.

LULA SOBRE MORUMBI

Logo que a Fifa anunciou, em 2010, que o estádio do Morumbi não poderia sediar a Copa do Mundo, o então presidente Lula se manifestou sobre o assunto.

"Eu acho estranho [que o Morumbi não sirva para a Copa]. Talvez seja uma exigência arquitetônica ou de engenharia que eu não conheça. Mas de qualquer forma, o governador de São Paulo e o prefeito de São Paulo vão ter que se manifestar a respeito", disse Lula.

Naquele dia, no entanto, ainda não estava definido que o estádio corintiano receberia a abertura do Mundial.

Na época, Juvêncio sugeriu que o corte do Morumbi teve caráter político. Seu relacionamento com Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, piorou após ter se oposto a Kleber Leite, apadrinhado do presidente da CBF, na eleição do Clube dos 13.

"A decisão tomada pela Fifa/COL surpreendeu porque, inusitadamente, foi anunciada no momento em que as atenções da comunidade esportiva estão voltadas para a Copa de 2010, como se numa tentativa de se esconder o ato sob a sombra dos holofotes focados no maior evento esportivo do planeta", disse. Com informações da Folhapress.

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