Para travar investigações, equipe de Cabral criptografava mensagens
Doleiro Marcelo Chebar conta em delação como era feito esquema de segurança da quadrilha
© Fernando Frazão/ Agência Brasil
Política CSI Rio
O Ministério Público Federal (MPF) revelou que a equipe do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), criptografava mensagens trocadas entre os membros do grupo para dificultar as investigações da Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Lava Jato. Além disso, o grupo salvava e-mails no rascunho de uma conta que todos tinham acesso. Como as mensagens não eram enviadas, não eram captadas pelo servidor.
Segundo revelado pelo O Globo, o doleiro Marcelo Chebar contou em delação como era feito o esquema.
De acordo com o depoimento, Marcelo e o irmão dele, Renato, eram os responsáveis por ocultar o dinheiro de Cabral, do ex-secretário de Governo Wilson Carlos e do operador do esquema no exterior Carlos Miranda.
Quando Marcelo e Renato tinham que viajar para fora do país, Carlos Miranda criou uma conta de e-mail que todo o grupo pudesse acessar, com o endereço cazaalta@gmail.com. Por lá, eles trocavam arquivos usando a pasta rascunhos e conseguiam ver os pagamentos que deveriam ser realizados.
Para garantir a segurança do esquema, o grupo usava sempre um pendrive para baixar os arquivos, ao invés de salvá-los no HD. Os documentos eram sempre criptografados e um disco escondido era criado no pen drive pelo programa Steganos. Mais tarde, todos os dispositivos móveis eram destruídos.
Para falar com o doleiro Vinicius Claret, o Juca Bala, eles usavam o programa Pidgin, que também criptografava as mensagens, conforme relatado. Por segurança, Juca também mudava sempre de nome de usuário no MSN Messenger.
Que a operacionalização do dólar cabo com Juca ocorria da seguinte forma: de posse dos reais enviados por Sérgio Cabral através de Carlos Miranda, entrava em contato com Juca pelo MSN, por meio do programa Pidgin, para fechar a taxa de câmbio; Que foi Juca que sugeriu a utilização do citado programa, em razão do mesmo ser criptografado; Que Juca também utilizava os nomes/apelidos Ana Holtz e Peter."
Vinicius Claret está preso no Uruguai e o MPF já solicitou que ele seja extraditado para o Brasil. Os irmãos Chebar e Juca Bala sãos réus em processos com Cabral.
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