Em depoimento, Cabral pede desculpas ao povo do RJ por uso de caixa 2
"Afirmo ao senhor que fiz consumo pessoal desses recursos e afirmo que fiz muito uso nas campanhas eleitorais minhas e de outros", justificou o ex-governador
© Getty Images / Ian Walton
Política 7ª Vara Criminal
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal, no Rio de Janeiro, volta a ouvir nesta quinta-feira (14) o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, no processo que investiga o pagamento de propina à Carioca Engenharia.
Ao admitir caixa 2, o peemedebista pediu desculpas aos moradores do Rio. "Peço desculpas à população por ter feito uso de caixa dois, e de sobra de caixa dois. Afirmo ao senhor que fiz consumo pessoal desses recursos e afirmo que fiz muito uso nas campanhas eleitorais minhas e de outros".
Questionado pelo juiz se teria como provar o uso em campanhas, o ex-governador recuou. "Isso implicaria citar companheiros meus de todas lutas políticas que realizamos ao longo dessa jornada".
Além dele, seus ex-secretários Hudson Braga (Obras) e Wilson Carlos (Governo) também são ouvidos, de acordo com informações do portal G1.
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Na última segunda (11), Ricardo Pernambuco, sócio da construtora, prestou depoimento e confirmou que a propina paga pela empresa à organização liderada por Cabral aumentou de R$ 200 mil para R$ 500 mil por mês com a obra da Linha 4 do MetrôRio.
Segundo ele, para que a empresa participasse de obras executadas pelo Estado, incluindo o PAC das Favelas e o Arco Metropolitano, teriam sido pagos cerca de R$ 30 milhões em propina para o peemedebista.
Já Carlos Miranda, apontado como operador financeiro do esquema, informou que a propina era paga de acordo com o faturamento nas obras públicas do estado. Miranda admitiu controlar todas as contas do ex-governador Sérgio Cabral, inclusive as pessoais, desde a década de 1990. Segundo ele, o esquema de Cabral recebeu, em propina, cerca de R$ 500 milhões, sendo que a maior parte foi encaminhada para o exterior.
Bretas ainda perguntou ao ex-governador se não seria uma "coincidência terrível" ser apontado por tantos delatores. "Só tem um caminho, apontar o dedo para Cabral. Cadê as provas?", respondeu.
Cabral está preso desde novembro do ano passado e já foi condenado em três processos na Operação Lava Jato, sendo duas condenações em primeira instância, por Bretas, e uma em segunda instância, pelo juiz Sérgio Moro. A soma das penas das justiças do Rio e do Curitiba chegam a 72 anos de cadeia.