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Decisão sobre prisão domiciliar para Maluf pode levar dez dias

Informação consta em despacho do juiz Bruno Macacari

Decisão sobre prisão domiciliar para Maluf pode levar dez dias
Notícias ao Minuto Brasil

07:33 - 28/12/17 por Folhapress

Política virou novela

O juiz Bruno Macacari, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, adiou a decisão sobre o pedido de prisão domiciliar feito pelo deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) até que médicos do IML (Instituto de Medicina Legal) respondam a novas questões elaboradas pela defesa. Em despacho nesta quarta (27), o juiz deu prazo de dez dias para as respostas.

"Considerando que a) a decisão definitiva acerca do pedido de prisão domiciliar depende do pleno esclarecimento dos pontos levantados pela defesa [...]; b) que nada indica que o sentenciado esteja sob risco de saúde ou submetido a tratamento degradante, mas sim, que, ao reverso, vem recebendo todos os cuidados de que necessita, inclusive no que se refere à sua locomoção; e, c) que os profissionais do IML estão em regime de plantão, o que inviabiliza a resposta imediata aos 40 quesitos formulados [pela defesa], relego a decisão acerca da prisão domiciliar para momento posterior às elucidações", escreveu Macacari.

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A defesa de Maluf, que está preso na Papuda, em Brasília, desde sexta-feira (22), pediu nesta quarta para os médicos legistas se manifestarem sobre o problema cardíaco que acomete o ex-prefeito de São Paulo e sobre questões de acessibilidade na Papuda.

Na terça (26), a Vara de Execuções Penais recebeu um laudo assinado por dois médicos legistas que afirmam que o deputado sofre de doenças graves e permanentes, como câncer de próstata e problema na coluna, mas não depende de cuidados contínuos que não possam ser prestados na Papuda.

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, considerou que o laudo não tratou do principal problema, o cardíaco. "[O laudo] ignorou que o parlamentar igualmente sofre de doença cardiovascular [...] Esse é justamente o agravo que coloca direta e mais agudamente em risco a vida de Maluf e para a qual se requer estrutura específica de atendimento de urgência", disse Kakay.

"Em razão dessa omissão e para contribuir com o Poder Judiciário, a defesa apresenta hoje [nesta quarta] uma série de quesitos específicos elaborados pelo dr. Sami El Jundi, médico e perito criminal do Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul", informou o advogado.

No despacho desta quarta, o juiz também determinou a instalação de barras e suportes de apoio na cela onde está Maluf.

O magistrado destacou que, conforme informações prestadas por uma médica da Papuda, a unidade prisional já tem "ciência quanto a todos os males que acometem o sentenciado, tendo sido dado o encaminhamento adequado, inclusive no que se refere ao acompanhamento por fisioterapeuta, administração dos medicamentos e instituição de dieta pertinente", e que o local dispõe de ambulância."Isso não bastasse", continuou o juiz, "foram prestadas pela direção do estabelecimento prisional informações que dão conta [...] das plenas condições de acessibilidade para cadeirantes e indivíduos com restrição de mobilidade; da existência de acompanhantes para as necessidades de higiene pessoal de tais indivíduos; e, por fim, da existência de dietas diferenciadas e específicas para indivíduos hipertensos".

"Tudo isso revela de maneira mais segura que, ao menos nessa análise inicial, o sentenciado encontra-se bem amparado no sistema carcerário do Distrito Federal", afirmou.

QUESITOS

Os quesitos formulados pela defesa de Maluf para que o IML e a Papuda respondam tratam, além do problema cardíaco, de questões de acessibilidade e atendimento médico 24 horas.Veja algumas dessas questões:

"[...] O periciado tem risco aumentado de quedas, quando comparado com indivíduos hígidos de mesma idade?"

"O periciado necessita ou pode vir a necessitar de auxílio de terceiros para levantar ou mudar de posição? Em caso afirmativo, há no local cuidador capaz de prestar tal auxílio?"

"Para minimizar o risco de quedas, o periciado tem indicação de dispor de barras de apoio em locais onde existam degraus e pisos úmidos, especialmente em vaso sanitário e ducha de banho? Em caso afirmativo, no local estão disponíveis tais barras de apoio? Por favor, descreva sua quantidade e localização, utilizando-se de croquis ou fotografias, caso entenda necessário para melhor ilustração."

"No caso de ocorrência de um evento coronariano grave, pode-se afirmar que na maioria das vezes ele ocorrerá agudamente e na forma de uma parada cardiorrespiratória (PCR)? Em caso negativo, por favor justifique, indicando suas fontes na literatura especializada."

"De acordo com a literatura especializada, o que pode ser considerado atendimento precoce em termos de suporte básico de vida (em minutos)?"

"Há médico disponível no local 24 horas por dia? Em caso negativo, quem presta o atendimento e quanto tempo em média demora para fazê-lo?"

"Há cuidador disponível no local 24 horas por dia? Em caso negativo, quem presta o auxílio ao paciente e quanto tempo em média demora para fazê-lo?"

CONDENAÇÃO

Maluf foi condenado em maio pela Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) a sete anos, nove meses e dez dias de prisão em regime fechado por crimes de lavagem de dinheiro.

Ele também foi condenado à perda do mandato de deputado e ao pagamento de 248 dias-multa no valor de cinco vezes o salário mínimo vigente à época dos fatos, aumentada em três vezes.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, Maluf ocultou dinheiro desviado da construção da avenida Água Espraiada (atual avenida Roberto Marinho) quando era prefeito de São Paulo (1993 a 1996). Para isso, fez remessas ilegais ao exterior usando serviços de doleiros e por meio de offshores na ilha de Jersey.

O Ministério Público responsabilizou Maluf por desvios de mais de US$ 172 milhões, mas parte dos crimes já havia prescrito. O ministro Edson Fachin, relator do caso no STF, considerou apenas desvios da ordem de US$ 15 milhões.

A defesa tentou recorrer da condenação ao próprio Supremo, mas Fachin determinou o cumprimento da pena por entender que os advogados buscavam protelar a decisão final. Com informações da Folhapress. 

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