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Jacob se diz 'vítima de covardia' e testemunha de defesa chora ao depor

Deputado e dois ex-vereadores autores da denúncia contra ele falaram ao Conselho de Ética nesta quarta-feira (13)

Jacob se diz 'vítima de covardia' e testemunha de defesa chora ao depor
Notícias ao Minuto Brasil

08:40 - 14/06/18 por Notícias Ao Minuto

Política Câmara

O Conselho de Ética da Câmara ouviu, nesta quarta-feira (13), o deputado Celso Jacob (MDB-RJ) e duas testemunhas de defesa, os ex-vereadores Abel Zanardi Netono e Marco Antônio Torno, no processo em que a Rede pede a cassação do mandato do parlamentar.

Ele foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a sete anos e dois meses de prisão, por crimes de falsificação de documento público e dispensa irregular de licitação para a construção de uma creche, quando era prefeito de Três Rios, no sul fluminense. Ele cumpre a pena em regime aberto.

Jacob apresentou uma série de documentos para provar sua inocência e se disse "injustiçado" e alvo de "covardia". Afirmou ainda que foi prejudicado pelo foro privilegiado, que levou uma decisão de primeira instância diretamente ao STF. Mesmo com decisão transitada em julgado, o deputado já pediu a revisão da condenação.

"Eu trouxe todo o documental, mas ocorre que o Supremo não analisa provas. O foro privilegiado me prejudicou em vez de ajudar. Eu coloquei tudo isso no processo, mas ninguém viu isso. É na revisão que eu estou conseguindo juntar todas essas provas", explicou.

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Semiaberto

Inicialmente condenado a cumprir a pena no regime semiaberto, Jacob se queixou do Ministério Público, que exigiu o cumprimento em regime fechado por suposta dificuldade de fiscalização do trabalho parlamentar. O deputado chegou a ser colocado em isolamento por causa da acusação de esconder queijo provolone na cueca.

Ele nega essa versão e sustenta que levava apenas biscoito para seguir a orientação médica de se alimentar a cada três horas, após o AVC hemorrágico que sofreu na prisão. Também se queixou de dificuldades para realizar exames médicos. O presidente do Conselho de Ética, deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), classificou a prisão de absurda e defendeu a soltura de Celso Jacob.

"Tudo o que eu assisti desse caso aqui mostra que não é um caso só para arquivar. É caso de recomendar ao Executivo o indulto. E eu tenho coragem para assinar junto com todo mundo aqui. Não é porque o Judiciário fez que está correto, não. Esse caso é um absurdo".

Os dois ex-vereadores, autores das denúncias em 2003, disseram ao conselho que eram de oposição a Jacob e que foram usados pelo então presidente da Câmara Municipal, que pretendia assumir a prefeitura. Em tom de desabafo e chorando várias vezes, o ex-vereador Abel Zanardi Neto disse que, só após as denúncias, soube que Jacob não havia cometido crimes, mas apenas falhas em atos administrativos.

"Hoje a creche tem 120 alunos e eu vi que bati em uma pessoa errada, em uma pessoa inocente, em uma pessoa que foi condenada por um processo que não era de roubo. Eu fiz a denúncia, mas jamais gostaria de ver esse homem preso".

O outro ex-vereador denunciante, Marco Antônio Torno, seguiu a mesma linha. "Eu fui usado para fazer mal a uma pessoa e eu fiz esse mal. Não tive coragem de visitá-lo quando ele estava preso porque eu me sentia culpado".

Para o Supremo, a principal irregularidade foi a decretação da situação de emergência para permitir a conclusão da creche sem licitação.

Parecer

Com os depoimentos desta quarta, o relator do caso, deputado Sandro Alex (PSD-PR), decidiu encerrar a fase de instrução do processo, o que abre prazo de 10 dias para a apresentação do parecer final. Vários deputados pediram que o texto traga uma solução definitiva para dúvidas em curso no conselho diante de decisões recentes do Supremo.

Há dúvidas, por exemplo, se é possível o exercício do mandato parlamentar de preso do regime semiaberto com condenação definitiva e se o conselho continuará analisando denúncias com base em fatos ocorridos antes do exercício do mandato parlamentar.

Há outros processos em curso no Conselho de Ética com condenações definitivas da Justiça. Deputados que já foram prefeitos e governadores, como Ronaldo Lessa (PDT-AL) e César Messias (PSB-AC), reclamaram de supostos excessos da Justiça na condenação de falhas em atos administrativos dos chefes do Poder Executivo.

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