Haddad diz que não é preciso que o PT escreva outra carta ao mercado
Em referência à Carta aos Brasileiros, divulgada em 2002 para tentar mostrar uma face mais moderada do ex-presidente Lula
© Paulo Pinto/Agência PT
Política Opinião
Candidato a vice na chapa do PT ao Planalto, Fernando Haddad afirmou nesta quinta-feira (6) que não é preciso obrigar seu partido a escrever outra carta ao mercado.
Em referência à Carta aos Brasileiros, divulgada em 2002 para tentar mostrar uma face mais moderada do ex-presidente Lula, Haddad afirma que o programa econômico petista não será radical caso o partido seja eleito em outubro.
"A única intervenção que estamos propondo é em relação ao cartel de bancos", disse Haddad em entrevista à GloboNews. "Estão querendo obrigar o PT a escrever outra carta ao mercado, e não precisa", completou.O candidato a vice na chapa de Lula -que teve sua candidatura barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na semana passada- admitiu erros na condução da política econômica do governo Dilma Rousseff entre 2013 e 2014, mas evitou contabilizá-los como a causa para o impeachment da petista.
"A crise política tem que ser colocada na conta da recessão econômica", afirmou. Para ele, uma espécie de "sabotagem" dos adversários de Dilma a impedia de aprovar medidas importantes para a estabilidade econômica.
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Haddad deve ser anunciado como o substituto de Lula na chapa do PT ao Planalto na terça-feira (11), mas evitou, como sempre tem feito, colocar-se como candidato.
DENÚNCIAS
Haddad atacou o Ministério Público e disse que a Promotoria "nunca ganhou nem vai ganhar" uma ação contra ele.
O MP acusa o petista de improbidade por suposto recebimento de caixa dois. Segundo o órgão, Haddad soube de repasse para pagar dívidas de sua campanha pela empreiteira UTC já durante seu mandato como prefeito de São Paulo.
Haddad negou as acusações e argumentou que as ações do MP apareceram somente depois que ele foi indicado a vice na chapa do ex-presidente Lula, que teve sua candidatura barrada na semana passada pelo TSE.
"Quantas ações o MP perdeu para mim? O MP nunca ganhou uma ação movida contra mim e nem vai ganhar. E essas ações foram protocoladas agora, coincidentemente quando me tornei vice do Lula", afirmou o petista em entrevista à GloboNews. "Porque cancelei uma obra superfaturada pela UTC", completou.
POLARIZAÇÃO
O ex-prefeito disse que a polarização entre direita e esquerda "não trouxe prejuízo institucional para o país".Na opinião do petista, o agravamento do cenário aconteceu somente quando a vitória de Dilma Rousseff (PT), em 2014, foi contestada pelo PSDB.
Durante entrevista à GloboNews, Haddad rechaçou a ideia de que a tese de "uns contra os outros", habitualmente alardeada pelo ex-presidente Lula durante as campanhas eleitorais, levou à radicalização do processo político.
"Uns contra os outros, na qualidade de inimigos, sim [incita radicalização]. Na qualidade de adversário é benefício", completou.
A declaração do candidato a vice foi feita horas depois de um atentado ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que foi esfaqueado durante evento em Juiz de Fora (MG) nesta quinta.Haddad lamentou o ocorrido e disse que, em respeito à audiência do programa, não havia desmarcado o compromisso. Mais cedo, o petista classificou o ataque a Bolsonaro como "absurdo" e "lamentável". Com informações da Folhapress.
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