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Urnas deram recado ao PSDB, diz eleito no RS

Eduardo Leite, 33, afirma que vitória mostrou necessidade de 'arejamento de ideias'

Urnas deram recado ao PSDB, diz eleito no RS
Notícias ao Minuto Brasil

06:52 - 31/10/18 por Folhapress

Política Eleições

Mais jovem governador eleito neste ano no país, o gaúcho Eduardo Leite (PSDB) diz que a campanha eleitoral mostrou que seu partido precisa repensar sua conexão com o eleitorado.

Para Leite, 33, não se trata de mudar a agenda do partido, mas de possibilitar mais engajamento de apoiadores. Presidente licenciado da sigla no Rio Grande do Sul, ele vai se encontrar com o eleito em São Paulo, João Doria, nesta quarta (31).

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O novo governador gaúcho declarou voto a Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno da eleição presidencial, mas chegou a dizer que o presidente eleito deveria fazer autocrítica em relação a "absurdos" ditos. Com vantagem nas pesquisas, evitou a estratégia de dobradinha com o presidenciável.

Agora, ele afirma que não vê o partido como "oposição sistemática" ao governo do militar reformado.

Qual deve ser o papel do PSDB no governo de Jair Bolsonaro?

Leite - É uma discussão que precisa ser feita. Nem o presidente eleito, pelo que eu tenho conhecimento, procurou o partido. Então, não cabe falar sobre participação em um governo sem que tenhamos sido sequer convidados. A postura do PSDB sempre foi de trabalhar pelo interesse do país. Tenho certeza que fazer oposição sistemática não deve passar na cabeça de ninguém.

A postura será colaborar, especialmente em relação a reformas, agendas importantes para o país. Como governador e como cidadão, tenho interesse que pautas importantes para o país sejam atendidas, como a reforma da Previdência.

No governo Michel Temer, o partido viveu um racha entre quem queria a permanência e os que defendiam deixar a aliança. Isso pode acontecer novamente, já que há tucanos fizeram abertamente campanha para Bolsonaro?

Leite - O partido precisa deixar baixar a poeira. São conversas que vamos estabelecer para definir estratégias. Tem que ser respeitando o passado do partido, mas compreendendo que as urnas trazem um recado, não apenas para o PSDB, mas para diversos outros partidos tradicionais, que precisam se atualizar, se modernizar, especialmente na sua relação com a sociedade.

Ela deseja um modelo que possa ter mais participação e engajamento. Têm que compreender e temos que atualizar, inclusive, o nosso programa diante das mudanças do mundo.

De que maneira?

Leite - Temos um instituto de formação política, cumpre fazer encontros, seminários, para que possamos, com as lideranças que emergiram das urnas, discutir o processo eleitoral deixou de recado.

Há possibilidade de o partido migrar mais à direita, já que na eleição presidencial o eleitorado preteriu o perfil de Geraldo Alckmin?

Leite - A posição programática do PSDB é acertada, de política na área econômica mais liberal, que reconheça a importância do mercado para quem empreende, mas com o reconhecimento de um papel do estado na área social. A questão que mais nos toca agora é como conectar essa agenda com a população, com o sentimento das urnas.

A maneira como o partido lida com a pauta de moral e costumes, que apareceu muito na eleição de Bolsonaro, pode mudar?

Leite - Não. Eu inclusive me manifestei sobre isso ao fazer a declaração de voto em Bolsonaro [no segundo turno]. Fiz a ressalva sobre esses pontos. O respeito entre a boa convivência entre as pessoas é essencial para o desenvolvimento do país. O PSDB não pode arredar pé do que sempre defendeu.

Desde antes da ascensão de Bolsonaro integrantes do PSDB no Congresso já vinham tendo essa posição.

Leite - Aí tem que ver caso a caso. A sociedade pode ter pendido mais a essa pauta como consequência da frustração com a economia, que desandou sob os governos do PT, com milhões de desempregados, crise fiscal.

Tudo isso gerou uma grande frustração com a esquerda. E jogou a população ao entendimento de que essas pautas todas defendidas geralmente por partidos mais à esquerda também deveriam ser combatidas. Mas, na verdade, na raiz disso está a frustração com o resultado da economia. Toda a agenda defendida [pela esquerda] ficou comprometida no olhar da população.

É o momento de fazer a superação. Com a economia melhorando, a gente consegue aliviar a pressão inclusive nessas pautas e tirar o acirramento de ânimos que se estabeleceu.

O sr. acompanhou as primeiras manifestações de Bolsonaro, incluindo em relação à imprensa?

Leite - Vi o presidente eleito dizendo que é escravo da Constituição. Isso, para mim, atende uma perspectiva de que ele respeita a Constituição. O resultado está dado, tem que ser respeitado.

Como o sr. vê o possível protagonismo de João Doria dentro do PSDB, com a vitória dele em São Paulo?

Leite - Um governador de São Paulo sempre terá um papel de destaque, mas não é a única figura do partido. Evidentemente que vamos trabalhar conjuntamente para que o partido possa ser fortalecido. Tenho o entendimento que ele tem essa compreensão.

O partido passa por uma troca geracional? Dois dos três últimos presidenciáveis [José Serra e Aécio Neves] estão praticamente saindo de cena nacional.

Leite - Deram todos sua grande contribuição na história do partido. Tenho grande respeito pelo tanto que contribuiu cada um deles, nos espaços que eles ocuparam, como ministros, como governadores.

Mas temos que discutir daqui para frente. Respeitando o passado e a experiência de quem já ocupou as funções. Conciliar o passado do partido com a necessidade de atualização para o futuro.

E o papel do ex-presidente Fernando Henrique?

Leite - Sempre digo que não me acho melhor por ser jovem nem aceito que me coloquem como pior por ser jovem. Da mesma digo sobre as pessoas com mais experiência, com mais idade. Não se pode prescindir e negar a importância de sua experiência. Mas também há que se permitir o arejamento das ideias do partido. Todos têm maturidade para entender isso.

O partido sempre tentou deixar de ser muito paulista. Isso precisa ser levado em conta?

Leite - São Paulo é uma referência: serão 28 anos conduzindo o estado. É a maior economia, é a maior população. Mas as outras regiões, outros estados têm que ser considerados nessa composição de condução do partido.

Com informações da Folhapress.

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