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Moro se torna político quando assume ministério, diz Torquato Jardim

Atual ministro da Justiça afirma que não há espaço para mudanças radicais na pasta

Moro se torna político quando assume ministério, diz Torquato Jardim
Notícias ao Minuto Brasil

17:13 - 03/12/18 por Folhapress com CAMILA MATTOSO E GUSTAVO URIBE

Política Entrevista

Atual ministro da Justiça, o advogado Torquato Jardim disse que seu sucessor, Sergio Moro, será um político. O ex-juiz federal tem dito, desde que aceitou o convite de Jair Bolsonaro (PSL), que assumirá a função sendo um técnico.

"Se entrou no Maracanã, tem de chutar a bola", declarou Jardim, sobre Moro, fazendo analogia com o futebol.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, afirmou que não há espaço para "mudanças radicais" na pasta. Sobre o futuro governo, Jardim disse que a presença de militares em ministérios dará no mínimo "mais disciplina e método de trabalho".

+ Cansei de levar bola nas costas, diz Moro sobre ida para o Executivo

O substituto do sr. foi criticado por ter deixado a função de juiz federal para virar ministro. Ele acertou?

Acho que sim. Ele tem 46 anos de idade e 22 anos de magistratura. Por que não tentar algo novo? Ficar até os 75 anos na mesma cadeira, fazendo a mesma coisa? Eu acho que é ousadia e coragem. Eu aplaudo.

O fato de ele ter aceitado o cargo em um governo que é abertamente adversário de um dos réus condenados por ele não coloca em dúvida sua postura?

Esse é o discurso petista que eu recuso e não subscrevo.

Mas não abre brecha para críticas?

Todo ato público, todo ato político abre brecha para críticas. Isso faz parte do discurso e da atividade política. Agora, desmerecer ou desconstruir as decisões judiciais, tecnicamente corretas e confirmadas em segundo e terceiro graus, é um discurso político subjetivo.

Então, não coloca em risco a credibilidade da Lava Jato?

Não, absolutamente não. Por que colocaria?

Moro tem afirmado que não é um político. Ele é?

Todo ministro de Estado é político por definição constitucional. Ministro de Estado não é funcionário público.

Moro se torna político ao assumir o ministério?

Claro. No dia que assinar o termo de posse, torna-se político. O cargo é constitucionalmente político. Se entrou no Maracanã, tem de chutar a bola. Não adianta dizer que está lá para não jogar.

É possível criar um formato parecido com o da Lava Jato na pasta?

Não sei que formato é esse.

De forças-tarefas.

Aqui também tem. Nós acabamos de chegar da sessão anual da Enccla (Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro), que está há 16 anos atuando como grupo de tarefa. O que ouço e vejo em entrevistas é uma sugestão de um novo modelo operacional. E apenas isso. A Constituição é a mesma, as leis são as mesmas e os órgãos públicos institucionalizados são os mesmos.

É, então, possível mudar o formato?

Claro, mudando a personalidade e o estilo da pessoa, você altera a estrutura administrativa que está definida pela lei. É questão de pegar o ponta direita e fazê-lo correr um pouco mais para dentro.

Há possibilidade de mudança radical?

Não, teria de mudar a Constituição e mudar as leis. A mudança é operacional e não será radical, porque as instituições públicas têm estruturas e designações constitucionais.

O sr. deixa o cargo com a convicção de que o presidente Michel Temer não cometeu nenhum crime?

Não que seja do meu conhecimento. Não vi nada, documento algum, que revelasse isso. Mas não se preocupe com ele, não. Ele é advogado, professor de direito constitucional e vai cuidar bem da vida dele.

A Lava Jato criminalizou a política?

Não, essa palavra está muito forte. Eu diria que o Brasil precisava, precisa e vai continuar precisando da Lava Jato. O que não pode é da Lava Jato decorrer a desconstitucionalização do Estado brasileiro. O que não pode ocorrer é a desconstituição das instituições brasileiras. Muita coisa está sendo destruída e não se está colocando nada no lugar. Então, a Lava Jato é importante e certamente continuará, mas não pode ser um instrumento de devastação institucional.

Bolsonaro já indicou cinco ministros militares. O que essas escolhas podem mudar na gestão do governo?

Eu não divido o Brasil entre civis e militares. Eu divido entre flamenguistas e não flamenguistas. Minimamente, haverá mais disciplina e mais método de trabalho e menos dispersão de esforços, pela própria formação deles.

O sr. foi ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A corte falhou no combate às fake news na disputa deste ano?

Não, é um fenômeno que ninguém conhece, em nenhum país. Não é rastreável. É um tema que precisa ser estudado. Segundo pesquisa, o Brasil é o país em que mais se usa o WhatsApp e em que mais se acredita no WhatsApp. Eu mesmo recebi uma notícia e respondi que era mentira.

Depois das mudanças eleitorais, acabou o caixa dois?

Não sei, vamos esperar as investigações. Há muita conversa e pouca prova. Com informações da Folhapress.

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