Os sistemas de reconhecimento facial têm falta de eficácia, sobretudo quando se trata de pessoas que não são brancas, segundo um relatório divulgado na quinta-feira pelo governo americano, que lança dúvidas sobre a expansão desta tecnologia.Quando confrontada com negros ou asiáticos, a tecnologia que usa inteligência artificial erra o dobro das vezes do que acontece quando tem que identificar pessoas brancas, de acordo com o estudo do National Institute of Standards and Technology, em que foram analisados dezenas de algoritmos.

O reconhecimento facial é já usado nos Estados Unidos pelas autoridades, polícias, em aeroportos, bancos, lojas e escolas, mas muitos defensores dos direitos humanos tentam travar a sua expansão.

Os críticos do sistema apontam os erros que podem levar a que pessoas inocentes sejam presas e alertam que as bases de dados podem ser pirateadas e usadas por criminosos.

Os algoritmos desenvolvidos nos Estados Unidos têm taxas de erro mais elevados para asiáticos, afro-americanos e ameríndios, enquanto algoritmos criados em países asiáticos identificaram asiáticos tão bem quanto brancos.

"É encorajador ver que a utilização de uma base de dados mais diversificada permite atingir melhores resultados", afirmou o responsável pela investigação, Patrick Grother.

Para a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos ACLU, o estudo prova, antes de mais, que a tecnologia ainda não está no ponto de poder ser aplicada.

"Até os cientistas que trabalham para o governo confirmam que esta tecnologia de vigilância é defeituosa e preconceituosa", afirmou um analista da ACLU, Jay Stanley.

"Uma identificação mal feita pode fazer atrasar um voo, arrastar investigações, prisões injustificadas ou pior", declarou, acrescentando que "seja fiável ou não, esta tecnologia permite instalar um sistema de vigilância indetetável e omnipresente a uma escala inédita".