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Especialistas explicam como se tornar um jogador de eSports

A Fortnite World Cup acumulou US$ 30 milhões (R$ 114 milhões) em premiações. Isso, em um único evento

Especialistas explicam como se tornar um jogador de eSports
Notícias ao Minuto Brasil

09:22 - 20/05/20 por Estadao Conteudo

Tech Game

Se já era tendência a vontade de crianças, adolescentes e, por vezes, adultos de se tornarem profissionais dos eSports, esse desejo pode ter aumentado em algumas pessoas durante a quarentena. Isolados em casa, próximos aos seus consoles e computadores, os aspirantes a pro players tem dedicado mais tempo aos games, que estão sendo protagonistas no cenário esportivo, já que as modalidades tradicionais estão paralisadas por causa da pandemia, como o futebol.

Mas o que uma pessoa precisa para se tornar praticante de eSports? O Estadão entrevistou Eduardo Pereira, CEO da Detona Gaming, e Lucas Mohamad, treinador da equipe de Rainbow Six Siege (R6) da MIBR, em busca de dicas para aqueles que almejam trabalhar profissionalmente no cenário dos esportes eletrônicos.

Segundo Eduardo, os gamers precisam analisar as possibilidades existentes dentro de cada plataforma - joystick, mouse e teclado ou celular. "É preciso estudar quais são os ecossistemas dentro de cada eSports. Quais as possibilidades dentro de cada campeonato, antes de realizar o investimento em uma determinada plataforma".

Mohamad segue a linha de raciocínio do CEO da Detona Gaming e explica que a plataforma deve ser escolhida conforme o jogo em que o atleta irá atuar. "Se a intenção é se tornar um pro player, essa decisão deve ser tomada em relação ao jogo. O cenário competitivo de Free Fire, por exemplo, é voltado para celulares. Então, não faz sentido comprar um console ou um PC".

No entendimento dos especialistas, a compra de acessórios também depende da escolha do jogo em que o interessado pretende atuar, mas isso não é determinante para o desempenho dos competidores. "É importante saber o perfil do jogo em que o atleta vai se aperfeiçoar e buscar o melhor acessório para esse tipo de competição", explica Eduardo, que alerta para a qualidade dos produtos: "A qualidade dos periféricos, embora sejam importantes, não é essencial para atuar em alto nível". Segundo Mohamad, "isso é algo bem pessoal e, independentemente das escolhas, a dedicação deve prevalecer".

ESTUDAR, TREINAR E ASSISTIR - Ambos acreditam que esse seja o passo mais importante para os aspirantes a profissionais. Segundo os especialistas, é aqui que se separam os prós dos players convencionais. "Ao estudar, é possível ver algum pixel, posicionamento ou alguma estratégia que os outros não viram. Ao assistir, o que também faz parte do estudo, é possível aprender com os acertos e os erros dos outros. E, nesse caso, não precisa assistir somente aos pro players. Existem outros jogadores fazendo 'lives' que podem ensinar algo que um pró às vezes nem conhece. Ou seja, estudar e assistir aprimoram as análises no jogo, mas treinar é o que mais faz diferença para o aperfeiçoamento profissional, como acontece em qualquer outro esporte. Quanto mais se treina, mais preparado você está", explica Mohamad.

"O treino individual, e coletivo também, é muito importante, mas, mais importante ainda, é saber estudar o jogo e os outros jogadores, para que seja possível compreender as demais possibilidades do game e desenvolver uma inteligência adicional. Isso é muito valorizado pelas organizações, pelos treinadores e pela equipe na hora de escolher um novo player (jogador)", afirma Eduardo.

De acordo com o CEO da Detona Gaming, a participação em competições amadoras e semiprofissionais, aliada a uma boa construção de imagem, pode ser crucial para o sucesso de quem almeja participar de uma grande equipe profissional de game. "O jogador deve começar sua carreira já pensando em se inserir no cenário esportivo. Participar de ligas amadoras e semiprofissionais ajudarão o atleta a desenvolver um 'mindset' competitivo, saber jogar em equipe e atuar sob pressão", explica Eduardo. "É importante que o jogador trabalhe sua imagem desde cedo, assim ele consegue construir uma reputação boa, criar uma base de fãs e ganhar reconhecimento dentro do cenário para ele chamar atenção das grandes organizações".

Já para o treinador de R6 da MIBR, os aspirantes a pro player não podem ter medo de levar um "não" como resposta e devem ser insistentes, além de dedicados. "É importante continuar se dedicando independentemente de qualquer coisa. Quando um jogador atinge um nível competitivo, ele estará ganhando visibilidade e não é por isso que ele tem de parar de se dedicar. Mas é importante, também, tentar contatar alguns times e algumas lines. Não pode existir o medo de receber um "não", isso vai acontecer, é normal, mas tem de ser insistente, dedicado e perseverante", diz Mohamad.

PREMIAÇÕES ATRAENTES - Aqueles que acreditam que as competições de eSports não valem nada, estão enganados. Por vezes, o valor das premiações dos esportes eletrônicos ultrapassa as quantias ofertadas pelas ligas mais tradicionais do mundo, como por exemplo, a NBA. Em 2019, a liga de basquete norte-americana premiou os participantes dos playoffs e das finais com cerca de US$ 22 milhões (R$ 83 milhões). Estima-se que a equipe campeã, o Toronto Raptors, tenha embolsado cerca de US$ 3,5 milhões (R$ 13 milhões) desse montante, de acordo com a CNBC. Ou seja, a mesma quantia que o vencedor da Copa do Mundo de Fortnite, do mesmo ano, Kyle 'Bugha', levou individualmente.

A Fortnite World Cup acumulou US$ 30 milhões (R$ 114 milhões) em premiações. Isso, em um único evento. Somados os prêmios de todas as suas 519 competições ocorridas em 2019, até a Copa do Mundo, são US$ 82,9 milhões (R$ 315 milhões), distribuídos aos participantes dos torneios.

Os altos valores, contudo, não se limitam ao Fortnite. No mesmo ano, League Of Legends acumulou cerca de US$ 70 milhões (R$ 266 milhões) em premiações, enquanto Couter-Strike e Global Offensive pagou US$ 82,7 milhões (R$ 314 milhões). O jogo que lidera, de forma isolada, a distribuição de prêmios ao longo dos torneios é DotA 2. Foram US$ 216 milhões (R$ 820 milhões) distribuídos em forma de premiação aos seus competidores ao longo dos mais de 1.266 torneios.

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