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Caetano Veloso faz show tecnicamente impecável, mas gelado em Bruxelas

Caetano tem ainda sete apresentações marcadas em Portugal -quatro em Lisboa, duas no Porto e uma em Guarda, no leste do país- antes de deixar a Europa

Caetano Veloso faz show tecnicamente impecável, mas gelado em Bruxelas
Notícias ao Minuto Brasil

22:30 - 31/08/21 por Folhapress

Cultura Caetano Veloso

BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - "Fazia dois anos que eu não cantava em frente ao público. E aqui ainda está mais bonito, porque está todo mundo sem máscara", disse Caetano Veloso no encerramento de seu show em Bruxelas nesta segunda à noite.

O espetáculo na capital belga, a terceira cidade visitada pelo músico brasileiro nesta turnê europeia, foi a céu aberto, o que permitiu dispensar o equipamento de proteção. O músico brasileiro, porém, se esqueceu de descobrir o rosto antes de entrar no palco, pouco depois das nove da noite, no horário local. "Eu quase ia cantando de máscara. Isso tudo [a pandemia] mexe com a nossa cabeça. Mas a gente há de vencer", afirmou.

Sozinho com seu violão, destacado por luzes brancas contra um fundo negro, Caetano, de 79 anos, fez um espetáculo musicalmente excelente. A boa acústica e a engenharia de som valorizaram um Caetano de voz muito clara e segura durante todas as 22 músicas que ele interpretou, quase sem pausas, em 90 minutos de show.

A atmosfera, porém, passou longe da "verdadeira festa tropical" prometida pela divulgação do espetáculo e se manteve quase sempre tão fria quanto a noite de verão belga, em que os 16 graus do termômetro perdiam mais dois por causa do vento gelado.

O público de todas as idades e bastante internacional -flamengo, francês e inglês eram idiomas mais ouvidos nas conversas que o português- não acompanhava em peso as canções, nem mesmo nas três vezes em que Caetano estimulou sua participação, em "Cajuína", "Desde que o Samba É Samba" e "Terra".

Não que faltassem manifestações de fãs brasileiros mais animados, mas elas acabavam se diluindo no espaço aberto e nos espaços vazios das fileiras de assentos -o show de Bruxelas foi o único que não esgotou a lotação, dos 11 da turnê.

O próprio Caetano, embora parecesse bem disposto, deu pouca corda aos espectadores. Seguindo uma lista de canções praticamente idêntica à do show em Paris, no sábado, enfileirou sem respiros 13 músicas nos primeiros 45 minutos de apresentação.

Abriu com "Milagres do Povo" e engatou sucessos como "Menino do Rio", "Luz do Sol" e "Janelas Abertas Nº 2 (Você É Linda)", além de "Muito Romântico" e "Coração Vagabundo". Houve quem tentasse puxar um coro de palmas para marcar o ritmo de "Tigresa" e manifestações mais acaloradas em "Gente" -após o verso "gente é pra brilhar/ não pra morrer de fome"-, mas a maioria do público não seguiu a empolgação.

Durante a canção "Um Índio", tema politicamente em evidência após protestos indígenas em Brasília contra mudança nas leis de demarcações de terras, houve um grito isolado contra o governo.

"Trilhos Urbanos" (com assobios afinados), "O Ciúme" e "Branquinha" entraram também nesse primeiro bloco compacto. Faltavam quatro minutos para as dez da noite quando Caetano disse a primeira frase mais pessoal do show -anunciou que a próxima música seria para uma menininha que havia visto na cidade durante a tarde.

Veio então "Sampa", e a criança apareceu no palco, mas apenas ao final da canção Caetano pareceu notar sua presença; chamou-a para perto, perguntou seu nome -Rafaela- e a convidou a cantar o que quisesse -a garota escolheu "Tigresa".

Duas músicas depois, o músico lamentou ter mexido no microfone, o que afetou o até então impecável equilíbrio do som.

Mais curto e um pouco mais descontraído, esse segundo bloco prosseguiu com "Tonada de Luna Llena" -balada da lua cheia-, de Simón Diaz, que Caetano sustentou a capela e descreveu como uma "lindíssima canção venezuelana, a única do show que não é minha".

Embora estivesse claro que boa parte do público não era brasileira -"muita gente não entende português", disse ele no final-, o repertório de Bruxelas não incluiu nenhuma obra francesa, como em Paris, onde entraram trechos de "Tu T'Laisses Aller" -te deixas ir-, de Charles Aznavour, e "Dans Mon Île" -na minha ilha–, de Henri Salvador.

Caetano disse que não sabia falar flamengo e tentaria dizer algo em francês, mas não passou de "merci" -obrigado.

As três músicas seguintes -"Desde que o Samba É Samba", "O Leãozinho" e "Terra"- foram num crescendo que terminou com o público em pé, dançando e batendo palmas ao ritmo de "Reconvexo", enquanto Caetano arriscava alguns passos do samba de roda.

Aplausos e dancinha foram de novo mais chochos e breves que os da abertura da turnê em Hamburgo, na Alemanha, da mesma forma que o coro de "fora, Bolsonaro!" do público foi menos efusivo e mais breve que o do show em Paris -de alguns minutos, na capital francesa, para poucos segundos em Bruxelas.

Caetano tem ainda sete apresentações marcadas em Portugal -quatro em Lisboa, duas no Porto e uma em Guarda, no leste do país- antes de deixar a Europa. No Brasil, ele deve se apresentar em novembro, no festival Rock the Mountain, realizado em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.

O músico deve lançar novo álbum com faixas inéditas neste ano, informou a gravadora Sony na semana passada

.O QUE CAETANO CANTOU EM BRUXELAS
"Milagres do Povo"
"Menino do Rio"
"Muito Romântico"
"Coração Vagabundo"
"Tigresa"
"Luz do Sol"
"Trilhos Urbanos"
"Um Índio"
"Cajuína"
"O Ciúme"
"Branquinha"
"Janelas Abertas nº 2 (Você É Linda)"
"Gente"
"Sampa"
"Tonada de Luna Llena"
"Desde que o Samba é Samba"
"O Leãozinho"
"Terra"
"Reconvexo"
PRIMEIRO BIS
"Qualquer Coisa""Luz de Tieta"
SEGUNDO BIS
"Odara"

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