Meteorologia

  • 19 ABRIL 2024
Tempo
--º
MIN --º MÁX --º

Edição

Globo de Ouro 2022 foi deprimente e não criou polêmica com premiados

Os vencedores foram anunciados nas redes sociais, ao longo de uma hora e meia

Globo de Ouro 2022 foi deprimente e não criou polêmica com premiados
Notícias ao Minuto Brasil

17:48 - 10/01/22 por Folhapress

Cultura Premiação

FOLHAPRESS - É estranho dizer que a edição do Globo de Ouro deste domingo (9) foi memorável -afinal, nem acesso à cerimônia-conferência o público e a imprensa tiveram. Os vencedores foram anunciados nas redes sociais, ao longo de uma hora e meia, em publicações breves que em nada lembraram o brilho do que sempre foi umas das principais noites de gala de Hollywood.

Mas é justamente por esse formato deprimente que o 79º Globo de Ouro entrará para a história, como a edição mais problemática e, por que não, a mais patética dessas oito décadas de premiação.

O constrangimento começou antes mesmo do anúncio dos vitoriosos, com fotos de membros da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, a HFPA, que entrega o troféu, chegando ao local da conferência sigilosa, e com trechos de discursos de celebridades que venceram no passado sendo publicados na internet, como que para suprir a ausência de famosos -que se recusaram a participar- neste ano.

"Nós vemos, ouvimos e vamos contar as histórias de vocês", dizia uma das publicações, citando um trecho do discurso de Oprah Winfrey ao receber um prêmio honorário há dois anos. A frase não foi escolhida à toa, certamente, já que uma das acusações que rondam o Globo de Ouro é a de racismo e falta de representatividade.

Quando a não cerimônia começou, a mensagem que a inaugurou foi uma outra tentativa desesperada de mostrar a relevância e o bom-mocismo da Associação de Imprensa Estrangeira. "A HFPA doou US$ 50 milhões para instituições de caridade nos últimos 25 anos!", dizia o post, numa edição que foi vendida como uma oportunidade para celebrar o trabalho filantrópico por trás do Globo de Ouro.

Talvez já como reação às históricas indicações e vitórias duvidosas de Globos de Ouro do passado, esta edição teve uma lista de premiados bastante coesa e pouco surpreendente. Ganhou troféu quem realmente era ventilado como favorito na temporada de prêmios.

A parte televisiva, por exemplo, se concentrou na comédia "Hacks" -melhor série e melhor atriz no gênero- e no drama "Succession" -série dramática, ator e atriz coadjuvante-, apostas seguras para a noite.

Já entre as minisséries e filmes feitos para a TV, quem levou foi "The Underground Railroad", produção elogiada, mas que parecia ter pouca força diante de "Mare of Easttown" ou da nova sensação "Maid". Pegou bem, no atual cenário, premiar uma trama sobre a escravidão -não tirando os méritos da minissérie, mas vale destacar que ela não levou nada no último Emmy e, mesmo no Globo, só estava indicada em uma categoria.

Também foi com certa surpresa que Michaela Jaé Rodriguez venceu como melhor atriz de série dramática, por "Pose". Ela se tornou a primeira atriz trans a sair vitoriosa do Globo de Ouro, numa marca histórica pró-diversidade que também insinua que o prêmio está pronto para mudanças.

Da mesma forma, em cinema, Jane Campion rompeu barreiras ao se tornar a terceira mulher a vencer o Globo de melhor direção, por "Ataque dos Cães" -também escolhido como melhor filme de drama. Também tivemos duas latinas vencendo os prêmios de melhor atriz em comédia ou musical e melhor atriz coadjuvante -Rachel Zegler e Ariana DeBose, ambas por "Amor, Sublime Amor", que ganhou como melhor filme do gênero.

Quando os anúncios terminaram, a sensação que ficou foi a de que o Globo de Ouro nem aconteceu. Sem o glamour da festa ou ao menos uma transmissão televisiva, sua relevância foi mínima, o que é potencializado num ano em que as apostas para o Oscar já parecem estar bem definidas e pouco divididas.

Também não houve grande comoção ou protestos nas redes sociais durante a noite. No Twitter, onde os vencedores eram anunciados, os comentários de internautas se limitavam à torcida para um ou outro filme ou série, e poucos lembravam as polêmicas que ameaçam "cancelar" o Globo de Ouro.

Sinal de que, como já se espera nos bastidores de Hollywood, mais alguns meses de geladeira podem ajudar a premiação a reabilitar sua imagem e reconquistar a confiança da indústria e do público.

Sempre tão engajadas, as celebridades hollywoodianas simplesmente ignoraram o prêmio, o que manda uma mensagem clara de que não querem se envolver com ele no momento atual, mas que também não querem cortar laços de forma permanente.

Jamie Lee Curtis foi uma das poucas vozes a mostrar apoio público nesta noite, dizendo ter "orgulho de estar associada à HFPA", que faz "um trabalho filantrópico de forma muito discreta e sutil". No geral, no entanto, até estúdios ficaram em silêncio na internet -incluindo os que receberam troféus.

Dado o contexto, é melhor ser ignorado do que criticado. Com isso, parece que o Globo de Ouro sobrevive, afinal. Mas ninguém deve esquecer tão cedo que em 2022 ele foi uma piada.

OS VENCEDORES DO GLOBO DE OURO (sinalizados com asterisco):

CINEMA

Melhor filme (drama)

"Belfast", de Kenneth Branagh
"No Ritmo do Coração", de Sian Heder
"Duna", de Denis Villeneuve
"King Richard: Criando Campeãs", de Reinaldo Marcus Green
"Ataque dos Cães", de Jane Campion*

Melhor filme (comédia ou musical)

"Cyrano", de Joe Wright
"Não Olhe para Cima", de Adam McKay
"Licorice Pizza", de Paul Thomas Anderson
"Tick, Tick Boom!", de Lin-Manuel Miranda
"Amor, Sublime Amor", de Steven Spielberg*

Melhor animação

"Encanto"*
"Flee"
"Luca"
"My Sunny Maad"
"Raya e o Último Dragão"

Melhor roteiro

"Licorice Pizza"
"Belfast"*
"Ataque dos Cães"
"Não Olhe para Cima"
"Being the Ricardos"

Melhor diretor

Kenneth Branagh, por "Belfast"
Jane Campion, por "Ataque dos Cães"*
Maggie Gyllenhaal, por "The Lost Daughter"
Steven Spielberg, por "Amor, Sublime Amor"
Denis Villeneuve, por "Duna"

Melhor trilha sonora

"A Crônica Francesa"
"Encanto"
"Ataque dos Cães"
"Madres Paralelas"
"Duna"*

Melhor canção original

"Be Alive", de "King Richard: Criando Campeãs"
"Dos Oruguitas", de "Encanto"
"Down to Joy", de "Belfast"
"Here I Am (Singing My Way Home)", de "Respect: A História de Aretha Franklin"
"No Time to Die", de "Sem Tempo para Morrer"*

Melhor ator (drama)

Mahershala Ali, por "Swan Song"
Javier Bardem, por "Being the Ricardos"
Benedict Cumberbatch, por "Ataque dos Cães"
Will Smith, por "King Richard: Criando Campeãs"*
Denzel Washington, por "The Tragedy of Macbeth"

Melhor atriz (drama)

Jessica Chastain, por "Os Olhos de Tammy Faye"
Olivia Colman, por "The Lost Daughter"
Nicole Kidman, por "Being the Ricardos"*
Lady Gaga, por "Casa Gucci"
Kristen Stewart, por "Spencer"

Melhor ator (musical ou comédia)

Leonardo DiCaprio, por "Não Olhe para Cima"
Peter Dinklage, por "Cyrano"
Andrew Garfield, por "Tick, Tick Boom!"*
Cooper Hoffman, por "Licorice Pizza"
Anthony Ramos, por "Em um Bairro de Nova York"

Melhor atriz (musical ou comédia)

Marion Cotillard, por "Annette"
Alana Haim, por "Licorice Pizza"
Jennifer Lawrence, por "Não Olhe para Cima"
Emma Stone, por "Cruella"
Rachel Zegler, por "Amor, Sublime Amor"*

Melhor ator coadjuvante

Ben Affleck, por "The Tender Bar"
Jamie Dornan, por "Belfast"
Ciarán Hinds, por "Belfast"
Troy Kotsur, por "No Ritmo do Coração"
Kodi Smit-McPhee, por "Ataque dos Cães"*

Melhor atriz coadjuvante

Caitríona Balfe, por "Belfast"
Ariana DeBose, por "Amor, Sublime Amor"*
Kirsten Dunst, por "Ataque dos Cães"
Aunjanue Ellis, por "King Richard: Criando Campeãs"
Ruth Negga, por "Identidade"

Melhor filme em língua estrangeira

"Compartment No. 6", de Juho Kuosmanen (Finlândia)
"Drive My Car", de Ryusuke Hamaguchi (Japão)*
"A Mão de Deus", de Paolo Sorrentino (Itália)
"Madres Paralelas", de Pedro Almodóvar (Espanha)
"A Hero", de Asghar Farhadi (Irã)

TELEVISÃO

Melhor série de drama

"Succession"*
"Round 6"
"Pose"
"The Morning Show"
"Lupin"

Melhor série de comédia

"The Great"
"Only Murders In the Building"
"Ted Lasso"
"Hacks"*
"Reservation Dogs"

Melhor minissérie ou filme para TV

"Dopesick"
"Impeachment: American Crime Story"
"Maid"
"Mare of Easttown"
"The Underground Railroad"*

Melhor ator (drama)

Brian Cox, por "Succession"
Lee Jung-jae, por "Round 6"
Billy Porter, por "Pose"
Jeremy Strong, por "Succession"*
Omar Sy, por "Lupin"

Melhor atriz (drama)

Uzo Aduba, por "In Treatment"
Jennifer Aniston, por "The Morning Show"
Christine Baranski, por "The Good Fight"
Elizabeth Moss, por "The Handmaid's Tale"
Mj Rodriguez, por "Pose"*

Melhor ator (comédia)

Anthony Anderson, por "Black-ish"
Nicholas Hoult, por "The Great"
Steve Martin, por "Only Murders in the Building"
Martin Short, por "Only Murders in the Building"
Jason Sudeikis, por "Ted Lasso"*

Melhor atriz (comédia)

Hannah Einbender, por "Hacks"
Elle Fanning, por "The Great"
Issa Rae, por "Insecure"
Tracee Ellis Ross, por "Black-ish"
Jean Smart, por "Hacks"*

Melhor ator (minissérie ou filme para a TV)

Paul Bettany, por "WandaVision"
Oscar Isaac, por "Cenas de um Casamento"
Michael Keaton, por "Dopesick"*
Ewan McGregor, por "Halston"
Tahar Raheem, por "O Paraíso e a Serpente"

Melhor atriz (minissérie ou filme para a TV)

Jessica Chastain, por "Cenas de um Casamento"
Elizabeth Olsen, por "WandaVision"
Kate Winslet, por "Mare of Easttown"*
Cynthia Erivo, por "Genius: Aretha"
Margaret Qualley, por "Maid"

Melhor ator coadjuvante

Billy Crudup, por "The Morning Show"
Kieran Culkin, por "Succession"
Mark Duplass, por "The Morning Show"
Brett Goldstein, por "Ted Lasso"
Oh Yeong-su, por "Round 6"*

Melhor atriz coadjuvante

Jennifer Coolidge, por "The White Lotus"
Kaitlyn Dever, por "Dopesick"
Andie MacDowell, por "Maid"
Sarah Snook, por "Succession"*
Hannah Waddingham, por "Ted Lasso"

Campo obrigatório