Ciro diz que Lula é 'encantador de serpentes' que finge ser candidato

Ele reiterou ser contra a prisão imediata após condenação em segunda instância e se opor à aprovação de uma PEC no Congresso para reverter a posição cristalizada pelo STF na semana passada

© Reuters / Nacho Doce

Política CIRO-GOMES 11/11/19 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com forte retórica antipetista, o ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) desferiu críticas ao ex-presidente Lula (PT), chamado por ele de "encantador de serpentes", e atacou a postura do petista depois que foi libertado da prisão.

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"Ele está fazendo de conta que é candidato, como se ele tivesse sido inocentado", disse o pedetista nesta segunda-feira (11).

"O Lula simplesmente está devolvido à rua, onde aguardará em liberdade como qualquer paciente tem direito de estar, aguardando o trânsito em julgado da sua sentença."

Ciro deu as declarações à imprensa ao chegar a uma palestra para alunos da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), na região central de São Paulo.

"O Lula é um encantador de serpentes. Eu o conheço muito de perto, há mais de 30 anos", descreveu. O ex-presidenciável, que terminou as eleições de 2018 em terceiro lugar, evitou declarar apoio a Fernando Haddad (PT) no segundo turno e busca, desde então, se distanciar do petismo.

Entre os comentários, Ciro afirmou que Lula historicamente adota "a presunção de que as pessoas são ignorantes" e de que ele pode "navegar nisso" com base em intrigas e na "absoluta falta de escrúpulo que o caracteriza".

"E é lamentável, porque agora o mal que ele faz ao Brasil é muito grave, muito extenso", sentenciou ele, que foi ministro da Integração Nacional no governo Lula, entre 2003 e 2006.

O ex-presidenciável suavizou a fala ao dizer que, como cidadão, celebra a soltura do adversário, por achar que comemorar o fato de alguém estar preso não seja algo sadio. "Eu não sou nem bolsominion e tal."

Ciro reiterou ser contra a prisão imediata após condenação em segunda instância e se opor à aprovação de uma PEC (proposta de emenda à Constituição) no Congresso para reverter a posição cristalizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na semana passada.

Após a decisão da corte, na quinta-feira (7), Lula pediu para ser libertado e deixou a prisão no dia seguinte, sexta (8). "Constituição não é cueca, que a gente fica trocando necessariamente pela sujeira do dia a dia. Eu estou falando com uma certa dureza porque, ou a gente se compenetra disso, ou este país vai virar definitivamente uma república de bananas", disse Ciro.

Para ele, que tem formação em direito, a Carta Magna é clara ao estabelecer a presunção de inocência até o trânsito em julgado da sentença condenatória. "Contra essa cláusula, não pode haver emenda, porque é cláusula pétrea. O que nós precisamos corrigir no Brasil, e temos que fazê-lo seriamente, é acabar com a maluquice, que foi criada pela nossa elite para garantir a si mesma a impunidade, de ter quatro graus de jurisdição para crimes comuns."

Para o ex-ministro, o país precisa parar de fazer "não só legislação, mas também julgamentos, ao sabor dos humores do dia a dia", em uma alusão à mudança de entendimento do STF, que alterou a visão sobre o tema três vezes em 11 anos.

Ciro disse ainda que "o lulopetismo virou uma bola de chumbo amarrando o Brasil ao passado" e que a liberdade dele interessa também a seu maior antagonista, o presidente Jair Bolsonaro (PSL).

"Tudo o que eles querem é isso [polarização]. São as duas faces da mesma moeda", afirmou, chamando de semelhante a política econômica dos governos de ambos.

"Para não dizer que sejam iguais, há uma distinção aí: que o Lula paralisou as privatizações e usou as estatais para cooptar, subornar, comprar gente para o seu projeto de poder", disse, em referência aos esquemas revelados pela Operação Lava Jato em empresas como a Petrobras.

"E o Bolsonaro está acelerando as privatizações, internacionalizando dramaticamente a economia brasileira. E essa é a tragédia brasileira, uma polarização que é só no fetiche, só no adjetivo."

Ciro voltou a descartar uma aliança com o PT, partido que ele considera buscar um protagonismo no campo da esquerda sufocando outras siglas e líderes. "Eu, enquanto puder andar no PDT, nunca mais andarei com a quadrilha que hoje hegemoniza o PT", afirmou.

Em uma contemporização, disse rechaçar os petistas "da burocracia", mas apoiar o que classificou como "petistas médios" (deu como exemplos da segunda categoria os governadores do Ceará, Camilo Santana, da Bahia, Rui Costa, e do Piauí, Wellington Dias)

"Meu problema é com a cúpula corrompida do lulopetismo. Com essa gente, não me junto nem para ir para o céu."

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