Fim do auxílio e desemprego afetam consumo e produção

O comércio registrou queda pela primeira vez em seis meses (-0,1%)

© Desemprego fica em 14,1% na 2ª semana de setembro, diz IBGE

Economia DESEMPREGO 16/01/21 POR Folhapress

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Dados sobre os principais setores da economia em novembro mostram que a dinâmica da pandemia do novo coronavírus segue interferindo na retomada, com alto risco de comprometer os primeiros meses deste ano.

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O comércio registrou queda pela primeira vez em seis meses (-0,1%). A indústria vem em processo de desaceleração e cresceu 1,2%, índice semelhante ao 1,1% de outubro. Os serviços ainda seguiam em alta, com avanço de 2,6%, mas sem recuperar as perdas pós-pandemia e já ameaçados pelo novo avanço da Covid-19.

Para os analistas, o mês sinalizou que a bolha de consumo criada pelo auxílio emergencial começou a perder força, quando o benefício já havia caído de R$ 600 para R$ 300.

A taxa de desemprego de novembro ainda não foi divulgada, mas a de outubro ficou em 14,3%, a maior para o período desde o início da pesquisa, em 2012.

A flexibilização no distanciamento social, que permitiu a reabertura em tempo parcial de bares, restaurantes e hotéis, vinha contribuindo para uma melhora. Mas novo repique nos casos, bem como o surgimento de uma variante mais contagiosa, compromete o trânsito e o contato pessoal.

Para economistas, está cada vez mais claro que uma recuperação mais consistente da economia em 2021 vai depender de ações do governo e da distribuição de vacina.

Para o professor Écio Costa, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), dados de novembro já retratavam a redução do auxílio emergencial. Nos meses anteriores, o benefício havia sido fundamental para estimular o consumo e sustentar a recuperação da produção industrial.

Neste início do ano, porém, na avaliação de Costa, o fator decisivo, que vai definir os rumos da economia neste ano, é a pandemia da Covid-19.

"Se a gente não tiver vacinação em massa para deter o avanço do contágio, as medidas de restrição social voltarão e veremos a economia afundar", afirma o professor da Universidade de Pernambuco .

Segundo Costa, o estado é um exemplo dessa tendência. O governo já proibiu música em bares e ameaça o acesso a praias, medidas importantes para conter o contágio, mas que vão prejudicar a já lenta recuperação do setor de serviços.

"A vacinação é a saída mais importante para a economia em 2021", afirma. "Precisamos iniciar o ano com um programa de vacinação amplo."

Na avaliação do economista Otto Nogami, do Insper, dado o cenário atual, o primeiro semestre deste ano será semelhante ao mesmo período de 2019, com baixa atividade e muita preocupação com a questão sanitária.

A recuperação poderia ser mais robusta se o governo lançasse novas medidas para socorrer empresas e trabalhadores, diz o pesquisador.

Para Nogami, o governo foi precipitado ao extinguir o auxílio emergencial sem levar em consideração o risco de nova onda da doença, nem adotar medidas alternativas para promover a geração de emprego.

"Não fizeram nada para diminuir o volume de dependência [nos beneficiários]."

Agora, segundo ele, uma solução para garantir o crescimento seria uma política fiscal expansionista, com redução de carga tributária e investimentos públicos em obras. No entanto, não há espaço para esse tipo de medida emergencial, diante de um déficit fiscal gigante, que deve fechar 2020 em acima de R$ 800 bilhões, e engessamento da máquina pública. Mais de 90% das despesas são obrigatórias.

"O governo teria como alternativa sinalizar à sociedade que tem boas intenções e, por exemplo, levar à frente a reforma tributária, a reforma administrativa e quem sabe até a própria reforma da reforma previdenciária", afirma Nogami.

Segundo ele, essas medidas permitiriam a contenção de gastos, reduziriam o déficit público e liberariam recursos para investimentos, inclusive investimentos em saúde, tão vitais no momento.

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