Lula diz que Zelenski é tão responsável quanto Putin pela Guerra da Ucrânia

Lula também afirmou que os EUA e a União Europeia estimularam o conflito e fez duras críticas à ONU

© Getty Images

Mundo Entrevista 04/05/22 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse à revista americana Time que considera o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, tão responsável quanto o russo Vladimir Putin pela guerra em seu país.

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Ele também afirmou que os EUA e a União Europeia estimularam o conflito e fez duras críticas à ONU, que, segundo ele, "não representa mais nada" e "não é levada a sério pelos governantes".

Na entrevista, concedida no fim de março e publicada nesta quarta-feira (4), Lula disse que Zelenski poderia ter negociado mais com a Rússia, mas acabou transformando o conflito em um espetáculo.

​"Fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado", afirmou.

Segundo a Time, Lula prepara seu "segundo ato", a nova etapa de sua vida política. No enunciado, a revista afirma que o "presidente mais popular do Brasil retorna do exílio político com uma promessa de salvar a nação".

Questionado pela publicação sobre a Guerra da Ucrânia, Lula condenou a invasão de Putin, mas acrescentou que ele não é o único responsável. "Putin não deveria ter invadido a Ucrânia. Mas não é só o Putin que é culpado, são culpados os Estados Unidos e é culpada a União Europeia. Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a Otan? Os Estados Unidos e a Europa poderiam ter dito: 'A Ucrânia não vai entrar na Otan'. Estaria resolvido o problema", disse.

A aproximação da Ucrânia com a aliança militar ocidental é uma das justificativas de Putin para ter invadido o país vizinho, em 24 de fevereiro. Em meados de fevereiro, após conversar com Putin e uma semana antes da invasão russa à Ucrânia, o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que a adesão de Kiev à aliança não estava na agenda e que "todas as partes sabiam disso.

Em 15 de março, em meio a negociações de paz entre os dois lados, Zelenski chegou a sinalizar que os ucranianos deveriam reconhecer que não seria possível entrar para a organização. Mas o Kremlin quer garantias mais fortes e pediu, entre as reivindicações para encerrar a guerra, uma mudança na Constituição ucraniana para garantir que nunca irá aderir à Otan ou à União Europeia.

Na entrevista à Time, Lula afirmou que a União Europeia, a Otan e Zelenski deveriam ter negociado por mais tempo com a Rússia para evitar o conflito. O petista também criticou o líder ucraniano, dizendo que ele tem "um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo". "Ele aparece na televisão de manhã, de tarde, de noite, aparece no Parlamento inglês, no alemão, no francês, como se estivesse fazendo uma campanha. Era preciso que ele estivesse mais preocupado com a mesa de negociação."

​Zelenski, diz Lula, "quis a guerra". "Se ele [não] quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais. É assim. Eu fiz uma crítica ao Putin quando estava na Cidade do México, dizendo que foi errado invadir. Mas eu acho que ninguém está procurando contribuir para ter paz. As pessoas estão estimulando o ódio contra o Putin. Isso não vai resolver! É preciso estimular um acordo."

O brasileiro afirmou ainda que o presidente dos EUA, Joe Biden, "está vivendo um momento difícil" e não tomou a decisão correta na guerra. "Os Estados Unidos têm um peso muito grande, e ele poderia evitar isso, não estimular. Poderia ter falado mais, poderia ter participado mais, o Biden poderia ter pegado um avião e descido em Moscou para conversar com o Putin. É esta atitude que se espera de um líder. Que ele tenha interferência para que as coisas não aconteçam de forma atabalhoada. E eu acho que ele não fez."

Nesse momento, Lula lembrou o reconhecimento dos EUA e da União Europeia ao opositor venezuelano Juan Guaidó, em 2019. "Você não brinca com democracia. O Guaidó para ser presidente da Venezuela teria que ser eleito. A burocracia não substitui a política", afirmou.

O petista disse ainda que a ONU não é levada a sério -a publicação da declaração ocorre seis dias depois de um comitê do organismo ter concluído que ele foi vítima de um julgamento parcial na Lava Jato. "É urgente e é preciso criar uma nova governança mundial. A ONU de hoje não representa mais nada. A ONU de hoje não é levada a sério pelos governantes. Cada um toma decisão sem respeitar a ONU."

Provocado pela defesa de Lula, o Comitê de Direitos Humanos da ONU se manifestou, em 28 de abril, afirmando que os procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro foram parciais nos casos investigados contra Lula.

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