Promotoria investiga vídeo em que criança interage com artista nu

Citando a Constituição e o ECA, MP solicita informações ao museu e demanda um parecer à seção do Ministério da Justiça responsável pelas classificações indicativas

© Reprodução / YouTube

Cultura justiça 30/09/17 POR Folhapress

A interação, na última terça (26), entre uma criança e um artista nu no MAM (Museu de Arte Moderna) de São Paulo resultou em inquérito e em protesto na frente do museu, localizado no parque Ibirapuera.

PUB

O Ministério Público de São Paulo abriu investigação para apurar se houve crime ou violações ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por parte da instituição, do artista ou da mãe da menina.

Citando a Constituição e o ECA, o órgão solicita informações ao MAM e demanda um parecer à seção do Ministério da Justiça responsável pelas classificações indicativas.

O documento pede ainda documentos à Secretaria Estadual de Cultura.Por fim, ordena que os sites YouTube e Facebook retirem do ar vídeos da performance -inclusive links de notícias que reproduzam cenas da apresentação.

+ Apesar de recomendação do MPF, Santander não reabrirá 'Queermuseu'

Imagens publicadas no YouTube e em redes sociais mostram quando uma menina é estimulada pela mãe a interagir com o artista Wagner Schwartz. Agachada, ela se movimenta ao lado dele e toca sua perna e sua mão durante a apresentação da performance "La Bête".

O coreógrafo realizou o trabalho na abertura da exposição "Brasil em Multiplicação". Nela, seu corpo pode ser tocado pelo público, como se movimentasse a obra "Bicho", de Lygia Clark.

Para Antonio Carlos Malheiros, 66, desembargador do Tribunal de Justiça de SP, houve potencial desrespeito ao ECA, mas falar em pedofilia parece exagerado.

"Não percebo intenção de levar a criança a ter atitudes sexuais com um adulto", diz Malheiros. "Mas", ressalva, "a presença de menores é contraproducente; a gente nunca sabe como aquilo vai afetar a cabeça da criança".

O MAM afirma que havia sinalização alertando sobre nudez e diz que "o trabalho não tem conteúdo erótico". O museu ressaltou ainda que a criança estava com a mãe e lamentou "manifestações de ódio e de intimidação".

Na internet, porém, a obra -e, em particular, sua apresentação a crianças- foi vista como incitação à pedofilia.A hashtag "#pedofilianaoearte" foi uma das mais populares ao longo do dia, embutida em posts como "um pedreiro olhar para mulheres é assédio, induzir meninas a tocar um estranho nu não".

Na tarde desta sexta (29), a onda extrapolou as redes: cerca de 20 pessoas fizeram protesto na frente do MAM.Gritando palavras de guerra, o grupo cobrou posicionamento de governantes e acusou o museu de incitar pedofilia. Os manifestantes protestaram ainda contra o uso de "verbas públicas" na exposição -a performance tem parte dos recursos captados via Lei Rouanet.

"Trata-se basicamente de uma criança tocando um homem pelado, e chamam isso de arte", afirmou Kim Kataguiri, coordenador do Movimento Brasil Livre, em vídeo publicado no Facebook.

"Não se trata de ideologia, se trata de bom senso de não colocar uma criança perto de um homem pelado, não usar dinheiro público para atentar contra os valores da sociedade brasileira."

Procurado pela reportagem, o curador do museu, Felipe Chaimovich, afirmou que a exposição não será fechada e que a performance "não tinha nenhum caráter erótico".

OUTROS CASOS

A polêmica em torno da performance no MAM vem na sequência do fechamento da mostra "Queermuseu", pelo Santander Cultural, em Porto Alegre, após campanha bem-sucedida de boicote à exposição promovida por grupos conservadores.

Em Campo Grande (MS), um delegado da Polícia Civil ordenou o confisco de um quadro em uma mostra.

Em Jundiaí (SP), um juiz proibiu a apresentação de uma peça que tem uma atriz transgênero no papel de Jesus.

Nesta quinta (28), em recomendação endereçada ao Santander Cultural, o Ministério Público Federal do RS afirmou que o fechamento de uma exposição remete a "situações perigosas da história, como o período nazista".

O MPF recomendou "a imediata reabertura da exposição", sob pena de "adoção das medidas judiciais cabíveis".O Santander reafirmou que a mostra não será reaberta.

Embora ressalte que é preciso "ter proporcionalidade quanto tratamos de crianças", o desembargador Malheiros afirma que "essa sequência de campanhas só pode ser censura". Com informações da Folhapress.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo Viral Há 22 Horas

Jovem é surpreendida em praia ao ver casa flutuando no mar

justica Pridão Há 4 Horas

Casal de influencers é preso por suspeita de movimentar R$ 20 milhões ilegalmente em jogo

fama Vídeo Há 3 Horas

Influenciadora digital agride mulher na rua em MG; veja vídeo

mundo Coreia do Norte Há 5 Horas

Coreia do Norte confirma míssil e promete reforçar "força nuclear"

mundo REINO UNIDO-EDUCAÇÃO Há 23 Horas

Reino Unido cria limite de idade para educação sexual nas escolas

brasil Vírus Há 3 Horas

Cientistas confirmam circulação de vírus mayaro em humanos em Roraima; entenda riscos

mundo EUA-CÂMARA Há 23 Horas

Câmara dos EUA aprova lei para forçar Biden a repassar armas a Israel

brasil Vídeo Há 3 Horas

Menino de 6 anos é salvo de apartamento em chamas no Rio Grande do Sul; veja vídeo

brasil sul do brasil Há 4 Horas

Nova frente fria avança no Sul, e Inmet coloca parte do RS, Santa Catarina e Paraná em alerta

justica São Paulo Há 5 Horas

Professora e os dois filhos são mortos em SP; PM é suspeito