Crises fazem PT atrasar plano eleitoral de Lula

Até agora, o único setor cujos integrantes já foram confirmados é o de programa de governo, a cargo do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad

© Rovena Rosa/Agência Brasil

Política Cenário político 12/01/18 POR Estadao Conteudo

O cenário político conturbado desde o início da Lava Jato, em 2014, o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, em 2016, e a indefinição jurídica sobre a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocaram atraso no cronograma eleitoral do PT. Em eleições passadas, nesta altura da disputa, o partido já tinha definido os nomes da coordenação da campanha responsáveis pelas articulações políticas, mesmo que informalmente.

PUB

Até agora, o único setor cujos integrantes já foram confirmados é o de programa de governo, a cargo do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

Embora o partido não confirme publicamente, dirigentes admitem em conversas reservadas que a situação jurídica de Lula também tem atrapalhado. Líder nas pesquisas de intenção de voto, ele foi condenado em primeira instância a 9 anos e 6 de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP). Se a sentença for confirmada no dia 24 pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), o petista pode ficar inelegível com base na Lei da Ficha Limpa.

"A partir do dia 25, quando o partido vai reafirmar a candidatura de Lula, vamos acelerar este processo", disse o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, um dos vice-presidentes do PT. "Estamos em uma situação excepcional em relação a anos anteriores. Agora é uma disputa com grande instabilidade institucional, temos a situação de enfrentamento pelo direito de Lula ser candidato, desde 2003, pela primeira vez, não estamos no governo federal. É natural. Não é só no PT, o ambiente político está muito diferente", afirmou.

Segundo dirigentes petistas, embora o partido tenha descartado plano B e decidido insistir na candidatura de Lula, o julgamento do ex-presidente ganhou prioridade na agenda da sigla, tirando espaço, tempo e recursos das articulações políticas.

+ MPF reafirma que recibos de aluguel de imóvel usado por Lula são falsos

Na condição de presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) deve assumir a coordenação-geral da campanha - hoje ela comanda o Grupo de Trabalho Eleitoral criado em dezembro do ano passado -, mas alguns petistas graúdos questionam a viabilidade de ela acumular a função com a campanha à reeleição ao Senado. Pela primeira vez um coordenador de campanha presidencial deve ser candidato a cargo majoritário - José Dirceu, em 2002, e Ricardo Berzoini, em 2006, disputaram a Câmara.

Além disso, petistas apontam a falta de articuladores com experiência eleitoral no entorno do ex-presidente. Dirceu e Antonio Palocci foram abatidos pela Lava Jato. Marco Aurélio Garcia morreu em julho do ano passado. Berzoini está afastado da política, os velhos colaboradores que integravam a direção do Instituto Lula foram substituídos por jovens sem experiência e apenas dois dos cinco vice-presidentes do PT não são candidatos a deputado - Luiz Dulci e Alberto Cantalice.

A Secretaria de Organização do PT destacou um funcionário para atualizar diariamente a situação eleitoral nos Estados, mas o partido e Lula ainda não têm nomes com estofo e mandato partidário para negociar a montagem dos palanques regionais para o ex-presidente.

Sem marqueteiro

Com pouco dinheiro em caixa depois dos escândalos revelados pela Lava Jato, a campanha de 2018 não terá a figura do marqueteiro, desde 2002 ocupada por estrelas como Duda Mendonça e João Santana, e a comunicação vai ficar a cargo de um colegiado. Os últimos programas de TV do PT foram realizados por uma produtora independente com ajuda de Sidônio Palmeira, e palpites da direção. A comunicação do PT hoje é feita por uma empresa criada por militantes.

A equipe do programa de governo também vai sofrer mudanças. Alas petistas rejeitaram a escolha de "três homens, brancos, paulistas" (Haddad, Renato Simões e Márcio Pochmann) e, agora, cobram a inclusão de negros e mulheres.

Desde 2016, Lula se reúne semanalmente com grupo de economistas antes liderados por Marco Aurélio Garcia. Após a morte do ex-assessor especial da Presidência, a coordenação ficou com Pochmann, cujo perfil acadêmico e discreto permitiu a ascensão do ex-ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante.

'Em dia'

Por meio da assessoria de imprensa, o PT informou que a escolha de Gleisi como coordenadora da campanha de Lula ainda não foi decidida, negou atraso no cronograma e disse que o partido é um dos únicos com candidato definido desde o ano passado. Segundo a legenda, a montagem da equipe vai entrar no foco da direção a partir do dia 25. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo EUA Há 17 Horas

Mãe pede e filma filho se despedindo do pai momentos antes de matá-lo

brasil Rio Grande do Sul Há 10 Horas

Inmet emite alertas de grande perigo para RS e regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul

justica Goiânia Há 18 Horas

Mãe admite ter retirado sonda de alimentação e oxigênio do filho pequeno

mundo Olivier Masurel Há 16 Horas

Acidente aéreo: campeão de voo acrobático morre após colisão com abutre

mundo Bioparc Há 9 Horas

Dor da perda: chimpanzé carrega o corpo da sua cria ao colo há meses

mundo Guerra Há 15 Horas

Ucrânia detém agentes russos que preparavam assassinato de Zelensky

brasil CHUVA-RS Há 17 Horas

Porto Alegre esvazia bairros após falha em sistema de escoamento, e número de desabrigados dobra no RS

brasil CHUVA-RS Há 17 Horas

Se não é todo mundo aqui, ia ter corpo boiando, diz voluntário de resgates no RS

fama MET Gala Há 18 Horas

Veja os looks dos famosos no tapete vermelho do Met Gala, em Nova York

esporte França Há 15 Horas

Kylian Mbappé aceita desafio e promete correr contra Usain Bolt