Após polêmica, Prêmio Jabuti não mudará regras, diz organização

Edição deste ano terá apenas 18 categorias, contra as 39 que existiam até o ano passado

© Divulgação

Cultura literatura 18/06/18 POR Folhapress

A CBL (Câmara Brasileira do Livro), entidade que organiza o Prêmio Jabuti, afirmou nesta segunda-feira (18) que não alterará o regulamento de 2018 para atender às demandas de profissionais da literatura infantil e juvenil, que pediam a volta do antigo formato do troféu.

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Em carta enviada a escritores, ilustradores, especialistas e promotores do segmento, o presidente da organização, Luís Antonio Torelli, escreveu que as modificações sugeridas por eles se mostraram tecnicamente inviáveis.

O motivo informado é que já existe uma plataforma digital pensada desde 2017 e criada pelo prêmio para receber inscrições. Uma das principais alterações -um antigo pleito de grande parte dos concorrentes- é que os livros agora podem ser inscritos digitalmente, via site, sem necessidade de envio de volumes impressos, o que barateia os custos.

"O Prêmio Jabuti seguirá conforme idealizado, preservando a integridade do sistema operacional e, principalmente, em respeito às obras já inscritas mediante o aceite dos participantes ao regulamento anunciado em maio de 2018", diz a carta.

Desde a divulgação das regras para a edição deste ano, um mês atrás, autores de livros voltados a crianças e jovens têm protestado contra a decisão da CBL de unir as categorias de literatura infantil e juvenil em uma só. Outra mudança proposta pelo Jabuti para 2018 e que gerou revolta no meio foi o fim da categoria de ilustração infantil.

Segundo a organização, a redução das categorias do troféu literário -agora são 18, em contraste com as 39 que existiam até 2017- serve para tornar o prêmio mais enxuto, relevante e competitivo. "Todo mundo ganhava, tinha aquela cerimônia longa", disse Luiz Armando Bagolin, então curador do prêmio, à época do anúncio das mudanças.

No entanto, para escritores, pesquisadores e artistas do meio infantil e juvenil ouvidos pela reportagem, livros para crianças e para adolescentes têm objetivos, formatos e públicos distintos, não podendo ser julgados a partir dos mesmos critérios.

"Enquanto a literatura para crianças é essencialmente imagética, os livros voltados a adolescentes introduzem diferentes gêneros literários e demandam repertório", afirmou à reportagem Cristiane Ruiz, editora da Intrínseca.

Além disso, segundo críticos, o fim da categoria de ilustração infantil no prêmio volta a colocar a imagem em função da palavra, e não como linguagem em si.

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Em 2017, o vencedor do Prêmio Jabuti na categoria literatura infantil foi o livro ilustrado "Drufs", de Eva Furnari, que conta histórias de família de crianças. Já o primeiro lugar na categoria juvenil foi "Dentro de Mim Ninguém Entra", ficção sobre sonho e angústia inspirada na vida do artista Arthur Bispo do Rosário.

Após a elaboração de uma carta-manifesto com pedidos para rever as mudanças, que teve assinatura de mais de 360 pessoas, profissionais do meio literário infantil e juvenil conseguiram uma reunião com a CBL no dia 9 de junho. Até a divulgação da carta na tarde desta segunda (18), no entanto, a possibilidade de revisão do regulamento pelo Jabuti ainda era incerta.

DISCUSSÃO

A disputa pelo formato que deveria ter o Jabuti ganhou novo episódio na última sexta (15), quando o então curador do prêmio, Luiz Armando Bagolin, renunciou ao cargo após polêmica em que se envolveu com autores nas redes sociais.

Na última terça-feira (12), após a reunião com a CBL, o promotor cultural Volnei Canônica escreveu, no site especializado em mercado editorial PublishNews, coluna em que criticava a nova formulação do prêmio, a fim de pressionar a organização para atender às demandas dos artistas.

Em resposta, Bagolin comentou que Canônica, na verdade, procurava promover o trabalho de seu marido, o autor e ilustrador de livros infantis Roger Mello. Segundo o então curador, conforme reafirmou em sua carta de renúncia, há quem esteja protestando contra o prêmio para defender interesses pessoais.

O comentário foi considerado irônico e homofóbico por profissionais do meio literário, o que desgastou o debate e gerou manifestações de indignação contra Bagolin e o próprio Jabuti. O curador foi criticado por ter extrapolado as questões do prêmio e desviado a discussão para assuntos de âmbito pessoal.

"[O comentário] indica que há falta de diálogo e de argumento técnico para defender as mudanças", afirmou a professora e pesquisadora de literatura infantojuvenil Graça de Castro.

"Não é uma questão pessoal, mas coletiva", reiterou Canônica.

Bagolin disse que não é homofóbico. Escreveu o comentário por ter considerado a crítica de Canônica um ataque ao troféu e à conversa que disse que vinham travando desde a reunião.

Segundo ele, a renúncia foi feita para deixar a CBL mais à vontade para defender ou não o formato do Jabuti que ajudou a formatar. Agora, diz que está "em paz com a consciência e a decisão".

Volnei Canônica diz que continua afirmando que a atual edição do Jabuti desvaloriza a literatura para jovens leitores. "O impacto é muito negativo para uma área fundamental não só para o mercado editorial, mas principalmente para a formação de um país mais tolerante e igualitário", afirma.

Ele diz acreditar que autores continuarão a mostrar descontentamento e que a discussão ganhará espaço em eventos literários e nas redes sociais. Junto com brasileiros, autores estrangeiros também têm criticado o prêmio na internet. "Estão perplexos que isso possa acontecer com um país que é referência internacional nessa área [a infantojuvenil]", diz o promotor.

A CBL não descarta, no entanto, a possibilidade de rever as mudanças nas próximas edições. "Embora constatada a impossibilidade de implementação de sugestões para esta edição, todas as propostas apresentadas serão consideradas no momento do desenho do regulamento de 2019", diz.

Com informações da Folhapress.

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