Pacote anticrise de Macri não atrai confiança e peso segue em baixa

Moeda perdeu 50% de seu valor ante o dólar e os juros foram elevados a 60%

© Marcos Brindicci / Reuters

Economia ARGENTINA 04/09/18 POR Folhapress

O governo argentino anunciou, nesta segunda-feira (3), um pacote de medidas para estabilizar a economia, que vem sofrendo nos últimos cinco meses "uma tormenta", nas palavras do presidente Mauricio Macri. Com a turbulência, o peso perdeu 50% de seu valor ante o dólar e os juros foram elevados a 60%.

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As medidas não foram bem recebidas. Populares ocuparam às ruas para protestar, com apoio de oposicionistas, e o peso terminou o dia como a moeda que mais se desvalorizou frente ao dólar. Após o anúncio e a venda de US$ 100 milhões (R$ 413 milhões) pelo Banco Central argentino, o dólar fechou em 38,6 pesos.

Entre as medidas anunciadas estão um corte de 4% nos gastos da administração pública e a redução, pela metade, do gabinete ministerial –de 22 para dez pastas, com previsão de corte de servidores nos próximos dias. Foi anunciado também um novo imposto às exportações –de 4 pesos para cada dólar nos produtos primários e de 3 pesos para cada dólar no restante.

O objetivo é adiantar o cronograma de redução do déficit fiscal a zero, previsto para 2020, já no próximo ano.

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No pronunciamento, Macri, destacou que este é "o pior momento de sua vida desde o sequestro" (nos anos 1990, ele ficou recluso por 12 dias).

Macri avisou que a recessão será mais longa e profunda do que se esperava, mas destacou que, às vezes, o caminho correto "não é linear; é necessário fazer ajustes de modo mais rápido do que queríamos".

Também justificou o novo momento. Atribuiu a piora da economia à seca que afetou o agronegócio, à instabilidade internacional, com a guerra comercial entre China e Estados Unidos, e a corrupção herdada do governo anterior, que "levantou dúvidas entre os que nos emprestavam dinheiro para nos ajudar a atravessar este rio. Por isso, agimos rápido e buscamos o FMI [Fundo Monetário Internacional], que nos tem dado total respaldo". Finalizou dizendo que "a mensagem é clara: não podemos gastar mais do que temos".

O ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, e a equipe econômica foram aos Estados Unidos renegociar o acordo com o FMI. Acertado em junho, garante uma linha de crédito de US$ 50 bilhões (R$ 206 bilhões). A intenção é acelerar a liberação do empréstimo.

Para o analista Diego Martínez Burzaco, a desvalorização do peso após o anúncio indica que "o mercado reage com cautela para medir a credibilidade e o apoio às medidas". Fator decisivo é a reação da oposição, sem a qual o governo não aprova o orçamento de 2019, medida essencial para FMI ajudar a Argentina.

O economista Gustavo Ber avalia que uma posição mais clara virá da negociação desta terça-feira (4) com o FMI, em Washington. No entanto, o analista Jose Luis Brea teme a reação da população, pois "este é um novo pedido de sacrifício a uma sociedade cansada das últimas décadas de tarifaços, corralitos, cerco ao dólar, e, nos últimos meses, a várias promessas não cumpridas".

No início da tarde, vários protestos ocuparam diferentes pontos do centro de Buenos Aires, apesar da baixa temperatura. A avenida 9 de julho ficou quase lotada.

CGT e CTA, as duas das principais centrais sindicais do país, reiteraram que a greve geral contra a política econômica e contra o acordo com o FMI está mantida para os dias 24 e 25. Na quinta-feira (6) está marcado o início de outra greve, a dos trabalhadores da Anses (previdência pública).

A oposição também se às medidas. Felipe Solá, da Frente Renovadora, uma corrente do peronismo moderado, disse que o discurso de Macri parecia "a leitura de um livro de auto-ajuda", e que o corte dos ministérios contraria a "ideia de desenvolvimentismo que este governo carregava em seu programa de governo".

O kirchnerista Agustín Rossi afirmou que seu bloco votará contra o orçamento de 2019 após anúncio de hoje: "Não há a menor chance de aliança com nossa bancada para referendar um ajuste ainda maior do que o já foi feito". Com informações da Folhapress.

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