O Brasil teve menos um milhão de profissionais de gerência empregados nos últimos dez anos. Conforme números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), só no ano passado, 21,8 mil gerentes administrativos estavam fora do mercado de trabalho. Considerando lojas e supermercados, o déficit foi de 13 mil vagas a menos.

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De acordo com levantamento da Folha deS. Paulo, a crise no filão foi agravada entre 2015 e 2017, quando 538 mil gerentes foram demitidos ou trabalharam sem carteira assinada. O chamado cargo de "chefia intermediária" esteve entre dez dos cinco postos de trabalhos mais eliminados no ano passado: supervisor e gerente administrativo, gerente de loja e supermercado, gerente comercial e gerente de vendas.

Diretor-executivo da consultoria Michael Page, Ricardo Basaglia aponta que a crise vivida nos últimos três anos enxugou o mercado, mas a tecnologia também contribuiu para a mudança no cenário. Segundo Basaglia, grandes empresas reduziram a uma média de cinco, os 20 diferentes níveis de hierarquia que costumavam ter. O processo, lembra o consultor, é chamado de "horizontalização".

Para Clemente Ganz Lúcio, diretor do Dieese, o aumento da terceirização também é responsável. "Além disso, desde os anos 1990 as empresas fazem uma redução sistemática dos chamados cargos intermediários de gestão, já que a informatização facilita a fiscalização e a gestão. Em época de turbulência econômica, isso se acelera", resumiu à Folha.