Medidas do PBoC são sinal das pressões sobre economia da China
O Banco do Povo da China cortou a taxa de juros pela sexta vez em menos de um ano, além de reduzir a parcela de dinheiro que os bancos do país precisam manter como reservas, o chamado compulsório, para estimular a economia
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Economia Estímulo
O Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) cortou a taxa de juros pela sexta vez em menos de um ano, além de reduzir a parcela de dinheiro que os bancos do país precisam manter como reservas, o chamado compulsório, para estimular a economia. Ao mesmo tempo, Pequim retirou controles sobre como os bancos estabelecem suas taxas de depósito, o que deve gerar mais competição no sistema bancário do país, dominado pelo Estado. As mudanças anunciadas pelo PBoC na sexta-feira entraram em vigor neste sábado. Segundo alguns analistas, os anúncios são uma mostra das pressões sofridas pela segunda economia do mundo.
O economista Haibin Zhu, do J.P. Morgan, afirmou que a ação do BC é em grande medida uma resposta às preocupações sobre a perspectiva econômica chinesa. Segundo Zhu, porém, o impacto direto para o aumento dos empréstimos no país tende a ser limitado. O analista disse que ainda há espaço para mais cortes nos juros, mas também é possível que a redução anunciada na sexta-feira seja a última de um ciclo de afrouxamento. "Nós esperamos que o yuan permaneça estável ante o dólar no restante do ano, mas o PBoC terá de continuar a intervir no mercado cambial ou poderá introduzir alguma forma de controle para estabilizar os fluxos de capital", afirmou Zhu.
Os economistas Li-Gang Liu e Louis Lam, da ANZ Research, disseram que o afrouxamento na política monetária sugere que a economia do país ainda enfrenta "significativa pressão de baixa". Na avaliação deles, as medidas do PBoC devem estimular um pouco os governos locais a acelerar gastos com infraestrutura, o que garante algum apoio aos preços das commodities globais. Por outro lado, a dupla não acredita que a taxa média de depósito no país caia muito, podendo inclusive subir, após o fim do controle estatal. "Como os custos de financiamento dos bancos estão subindo, será difícil para eles reduzirem sua taxa de empréstimo", destacaram os economistas. Mais adiante, os dois acreditam que o risco de deflação pode se intensificar, o que pode abrir espaço para mais cortes no compulsório dos bancos e nas taxas de juros.
"A ação sugere que os formuladores da política são sérios sobre a defesa da meta de crescimento de 7% deste ano, após o PIB ficar abaixo disso no terceiro trimestre", afirmaram Larry Hu e Jerry Peng, da Macquarie Securities, referindo-se ao PIB de 6,9% do terceiro trimestre na China, na comparação anual. Os dois analistas estimam que o PIB chinês avance 7,2% no quarto trimestre. A dupla ainda acredita que o corte nos juros deve "colocar alguma pressão sobre o yuan, mas o impacto deve ser limitado".
O analista E. Yongjian, do Bank of Communications, por sua vez, acredita que dificilmente o banco central corte os juros novamente neste ano em 2015, "mas pode reduzir o compulsório novamente neste ano". Já Mark Williams, da Capital Economics, vê os anúncios de sexta-feira como mais um passo em um ciclo controlado de afrouxamento, num país que ainda tem bastante espaço para fazer isso. Com informações do Estadão Conteúdo.