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Policiais mentiram sobre crime no Butantã, diz testemunha

Segundo Marco Aurélio Barberato Genghini, as imagens de câmeras de segurança obtidas pela investigação mostraram que Paulo estava rendido e desarmado no momento em que foi morto pelos agentes

Policiais mentiram sobre crime
no Butantã, diz testemunha
Notícias ao Minuto Brasil

22:36 - 13/03/17 por Notícias Ao Minuto

Justiça São Paulo

O tenente Marco Aurélio Barberato Genghini, primeira testemunha do julgamento dos três policiais militares acusados do assassinato de Paulo Henrique Porto de Oliveira, morto no dia 7 de setembro de 2015, na região do Butantã, na zona oeste da capital paulista, disse nesta segunda-feira (13) que os acusados mentiram à polícia nos dois primeiros depoimentos prestados, dizendo que foram vítimas de confronto com a vítima.

Segundo o tenente, as imagens de câmeras de segurança obtidas pela investigação mostraram que Paulo estava rendido e desarmado no momento em que foi morto pelos policiais.

Policial da Corregedoria da Polícia Militar e responsável pela investigação, Genghini começou a ser ouvido pela juíza Giovanna Christina Colares por volta das 12h40 e prestou depoimento por quase duas horas. Ele confirmou que, no inquérito policial, pediu a prisão dos três acusados pelo crime.

Após o depoimento de Genghini, a juíza fez uma pausa para o almoço e os trabalhos deverão ser retomados com os depoimentos das testemunhas de defesa.

Início

O julgamento dos três policiais militares teve início por volta do meio-dia de hoje (13) com a leitura silenciosa do processo pelos sete jurados.

Duas mulheres e cinco homens compõem o júri popular que irá decidir se absolve ou condena os três policiais. A decisão dos jurados só será conhecida após o depoimento das testemunhas de acusação e de defesa, o interrogatório dos três réus e os debates do promotor responsável pela acusação e dos advogados de defesa. Com isso, o julgamento poderá demorar dias.

No dia em que foi morto, Paulo estava com Fernando Henrique da Silva, 23 anos. Os dois foram mortos após roubarem uma moto e tentarem fugir dos policiais.

Imagens feitas pelo celular de uma testemunha mostraram um policial jogando Fernando de um telhado. Já uma câmera de segurança mostrou Paulo se entregando, desarmado e sendo colocado contra um muro, fora do alcance da câmera, momento em que foi morto. O vídeo mostra ainda um dos policias pegando uma arma na viatura para forjar um confronto e justificar a morte do suspeito.

Julgamento

Os policiais respondem por homicídio doloso qualificado (com intenção de matar e por meio cruel, sem possibilidade de defesa da vítima), fraude processual, falsidade ideológica e porte ilegal de arma.

Os advogados de defesa disseram a jornalistas, antes do início do julgamento, que pretendem retirar as acusações de homicídio e de porte ilegal de armas de seus clientes, afirmando que as câmeras não conseguiram registrar o momento em que Paulo foi morto ao tentar retirar a arma de um de seus clientes. Além disso, segundo a defesa, a arma retirada do veículo policial para ser colocada ao lado da vítima já morta para forjar a ocorrência de confronto era da própria vítima.

Acusação

Em entrevista à Agência Brasil no intervalo do julgamento, o promotor Rogério Leão Zagallo, responsável pela acusação, disse que pretende ouvir apenas uma testemunha de acusação (Genghini) e que sua acusação se baseará nas imagens obtidas pelas câmeras de segurança.

Perguntado sobre a intenção da defesa de desqualificar a acusação de homicídio, alegando que Paulo foi morto ao tentar retirar a arma de um policial, Zagallo respondeu que os policiais, em depoimentos anteriores, nunca cogitaram essa hipótese.

“Se essa fosse a verdade dos fatos, se essa justificativa pudesse ser encontrada na dinâmica desse homicídio, que para mim é uma execução, teria que ter sido dito desde o primeiro momento. O que se vê é uma reiterada justificativa de tentar justificar o injustificável. As imagens são claras e dizem que houve uma execução sem qualquer motivo razoável”, disse.

Para ele, as diversas versões sobre o fato apresentadas pelos policiais durante as investigações ocorreram antes de que se tivesse conhecimento das imagens. “Posteriormente, quando surgiram as imagens e essas versões foram confrontadas e desmitificadas, eles acharam necessário para justificar o que fizeram, mentir”, disse o promotor.

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