Equipe econômica é bem recebida, mas exterior faz dólar subir e Bolsa cair
O dólar e os juros futuros recuavam, e o Ibovespa futuro indicava alta logo após o anúncio
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Economia Meirelles
O mercado financeiro recebeu bem a equipe econômica anunciada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, inclusive a confirmação de Ilan Goldfajn para presidir o Banco Central. O dólar e os juros futuros recuavam, e o Ibovespa futuro indicava alta logo após o anúncio.
Entretanto, dados divulgados na manhã desta terça-feira (17) mostrando vigor na economia americana reacenderam as apostas de aumento dos juros nos EUA mais rápido que o esperado. Os números provocaram um corrida para o dólar e queda nas Bolsas globais, no que foi acompanhando pelo mercado doméstico.
No cenário interno, analistas destacam que a expectativa de investidores, agora, é quanto às primeiras medidas econômicas que serão anunciadas, principalmente na área fiscal.
"A nova equipe econômica agradou ao mercado, embora os nomes não tenham sido uma surpresa", afirma o economista Alfredo Barbutti, da BGC Liquidez.
"Mas o que está direcionando o mercado hoje é o cenário externo", acrescenta.
Analistas da Lerosa Investimentos afirmam, em relatório, que os nomes apresentados por Meirelles são "respeitáveis, competentes e experientes". "Cabe agora ao governo apoiar as decisões do time no Congresso Nacional. Medidas econômicas já não são esperadas no curto prazo".
"Para que os mercados reajam de forma positiva, o governo Temer deverá ser capaz de levar ajustes adiante. As negociações daqui para frente são cruciais", corrobora a equipe de análise da Guide Investimentos.
O dólar à vista subia há pouco 0,21%, para R$ 3,508, e o dólar comercial ganhava 0,17%, a R$ 3,510. Mais uma vez, o BC não realizou leilão de swap cambial reverso, equivalente à compra futura da moeda americana pela autoridade monetária.
No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 tinha leve alta, de 13,600% para 13,610%; o contrato de DI para janeiro de 2021 operava estável, a 12,270%.
O CDS (credit default swap), indicador da percepção de risco do país, ganhava 1,31%, para 332,521 pontos.
BOLSA
O Ibovespa perdia 1,10%, aos 51.231,35 pontos, pressionado principalmente pelas ações do setor financeiro.
Banco do Brasil ON perdia 3,51%; Itaú Unibanco PN, -1,84%; Bradesco PN, -2,20%; Santander unit, -0,82%; e BM&FBovespa ON, -2,73%.
Segundo operadores, os papéis de bancos têm sido influenciados pelo aumento da inadimplência. Sobre o BB, o mercado aguarda o anúncio do novo presidente do banco público, que era esperado para esta terça-feira.
As ações PN da Petrobras caíam 0,51%, a R$ 9,70, mas as ON ganhavam 0,07%, a R$ 12,55.
O petróleo Brent, negociado em Londres, subia 0,39%, a US$ 49,16 o barril, enquanto o WTI, negociado em Nova York, subia 0,61%, a US$ 48,01.
Os papéis PNA da Vale ganhavam 3,15%, para R$ 12,43, e os ON subiam 3,61%, a R$ 15,47, seguindo o avanço do preço do minério de ferro na China.
EXTERIOR
Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 caía 0,33%; o Dow Jones, -0,47%; e o Nasdaq, -0,53%, influenciados pelos indicadores divulgados mais cedo.
O índice de preços ao consumidor nos EUA subiu 0,4% em abril, a maior alta desde fevereiro de 2013. A média das estimativas de analistas ouvidos pela Bloomberg era de alta de 0,3%.
Além disso, a produção manufatureira nos EUA subiu em abril pela primeira vez em três meses. A alta foi de 0,3%, contra uma queda de 0,3% em março, segundo o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA). A produção industrial total, que inclui minas e serviços públicos, avançou 0,7%, acima do esperado por analistas.
Ambos os indicadores ampliaram as apostas de aumento dos juros americanos mais rápido que o esperado.
Na Europa, a Bolsa de Londres subia 0,13%; Paris, -0,69%; Frankfurt, -0,79%; Madri, -0,15%; e Milão, -1,70%.
Na Ásia, as ações chinesas recuaram nesta terça-feira. Em Tóquio, o índice Nikkei avançou 1,13%, a 16.652 pontos.