A revista britância "Economist" publicou artigo nesta sexta-feira (29), afirmando que o Rio de Janeiro, sede dos Jogos Olímpicos este ano, está em decadência desde os anos 1960, e não somente agora, com visíveis problemas enfrentados pela cidade como sujeira da Baía de Guanabara, o vírus zika e os problemas com as instalações na Vila dos Atletas.

Segundo a publicação, quando o Rio ganhou a disputa para sediar a Olimpíada, há sete anos, a o município fazia jus ao título de "Cidade Maravilhosa", já que a violência vinha caindo há mais de uma década e a economia da cidade e do estado carioca viviam um boom, em decorrência à demanda por petróleo e pelas expectativas quanto ao pré-sal.

"Os Jogos exibiriam uma cidade próspera e autoconfiante, diziam seus organizadores", lembra o artigo. "Mas agora, a poucos dias da cerimônia de abertura, essa autoconfiança parece estar abalada. O sucesso dos jogos pode elevar o ânimo. Mas isso não será suficiente para fazer da cidade uma potência econômica."O cenário mudou nos dias de hoje. A matéria indica que as administrações estaduais foram incapazes de atrair investimentos e melhorar serviços e infraestrutura.

A reportagem ressalta os esforços do prefeito Eduardo Paes de melhorar os gastos em saúde e educação, embora acentue a dificuldade do Estado de manter o equilíbrio nas despesas e arrecadação, além de conter o aumento da violência.O Globo informa que, saindo do cenário local, o "Economist" lembra que as dificuldades locais foram agravadas pelas crises nacionais, listando o afastamento da presidente Dilma Rousseff, que sofre processo de impeachment e os problemas na Petrobras.

Para a revista, as raízes da decadência estão nos anos 1960, época que a capital federal foi transferida do Rio para Brasília. Foi a partir disto que o Rio de Janeiro viu a maioria das agências públicas se mudarem em massa para a nova sede, e perdeu a liderança industrial para São Paulo, vivenciando o setor financeiro ser engolido.

Para terminar, o artigo admite que os jogos conseguiram manter os empregos e aumentar a renda na cidade, enquanto o resto do país sofre com a recessão."O cenário espetacular faz as pessoas desejarem ir ao Rio, mas vai ser preciso mais que uma luta contra a violência, melhor gestão fiscal e melhora nos serviços públicos para fazer alguém querer ficar".