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Cade prepara medidas para tentar evitar cartéis em licitações

As medidas que estão sendo enviadas ao PPI trarão mais oportunidades de negócios para as empresas do setor de infraestrutura

Cade prepara medidas para tentar 
evitar cartéis em licitações
Notícias ao Minuto Brasil

11:45 - 27/08/16 por Estadao Conteudo

Economia Empreiteira

Escaldado pelo escândalo que revelou a formação de cartéis de empreiteiras e um esquema de pagamento de propinas em obras de estatais, especialmente nos setores de petróleo e energia elétrica, o governo encomendou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) propostas capazes de proteger as futuras concessões da atuação de cartéis.

Para o presidente interino do Cade, Marcio de Oliveira Júnior, as medidas que estão sendo enviadas ao Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) - criado logo no início do governo interino de Michel Temer para tentar destravar as concessões no País - trarão mais oportunidades de negócios para as empresas do setor de infraestrutura. Em entrevista ao Estado, ele destacou que este é um efeito positivo da Operação Lava Jato.

Como o sr. avalia o novo modelo proposto pelo governo, no qual o Cade debate esses temas antes de os negócios acontecerem?

É extremamente importante. Tradicionalmente, a ação do Cade é repressiva. Se há cartel, é aberto um processo e as pessoas podem ser punidas. Agora, é uma atuação preventiva. Vamos colaborar com medidas que possam elevar o número de concorrentes e aprimorar os editais de forma a reduzir a probabilidade de cartéis nas licitações.

O sr. acredita que, diante do receio causado pela Lava Jato, isso pode trazer mais segurança para investidores?

Sim, com editais mais claros e mais tempo para se analisar o edital, ou seja, com todas as medidas sugeridas, um maior número de empresas deve participar. Essas medidas trarão mais oportunidades de negócios para as empresas.

Quais são as medidas sugeridas?

O documento é dividido em quatro partes. A primeira trata das considerações gerais feitas pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, grupo que reúne os países mais desenvolvidos do mundo) para reduzir a probabilidade de ocorrência de cartéis em licitações, basicamente aumentando a quantidade de empresas participantes dos certames com diminuição de barreiras nos editais. O segundo item é sobre desenhos pró-competitivos de editais: evitar cláusulas de restrições desnecessárias, quando possível tornar a identidade dos competidores confidenciais, evitar trazer concorrentes juntos em reuniões e evitar divulgação de informações que sejam sensíveis à concorrência, entre outros. O terceiro item engloba medidas baseadas em experiências de países como Canadá, Nova Zelândia, Estados Unidos e Índia. O quarto ponto refere-se a medidas que gerem instabilidade a possíveis cartéis com regras para os editais que reduzam a previsibilidade acerca dos principais parâmetros da contratação: valor de referência, quantidade a ser contratada, divisão em lotes e critérios técnicos de habilitação.

Quais os benefícios da implantação dessas medidas?

São dois o benefícios. Impacto sobre os gastos do setor público, que vão diminuir, e impacto no valor dos deságios em concorrências desse tipo, como no caso de pedágios. Com maior concorrência, os deságios serão maiores e vão beneficiar os consumidores.

As sugestões feitas para as concessões seguirão especificações para cada setor, como rodovias ou pré-sal?

A ideia é essa. Apresentamos questões de caráter geral. Mas cada setor tem suas especificidades. Agora, em contato com a equipe técnica do PPI, o Cade vai analisar cada um desses setores para saber das particularidades de cada concorrência.

O Cade vai participar diretamente desde o início da concorrência até o final?

Esse é um primeiro documento. A partir de agora, a equipe técnica do Cade ficará em contato com o PPI e os detalhes da nossa participação serão discutidos. Na primeira reunião, o Moreira Franco (secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos) indicou que é importante a participação na fase de produção de editais. Eventualmente, se for de interesse do governo, poderíamos atuar até em fases posteriores. Com informações do Estadão Conteúdo. 

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