E-mails mostram ligação entre dirigente do COI e cambistas desde 2010
Documentos comprovam trocas de mensagens entre membro do conselho executivo do comitê e empresário inglês apontado como um dos maiores vendedores de ingressos do mundo
© Reuters
Esporte Investigação
Após operação de busca e apreensão, investigadores da Polícia Civil do Rio de Janeiro encontraram e-mails que comprovam elo entre o membro do Comitê Executivo do COI e presidente do Conselho Olímpico da Irlanda Patrick Hickey e o empresário inglês Marcus Evans, investigado por cambismo. As mensagens datam de 2010 até o início da Rio-2016.
Com a prisão de Hickey, na semana passada, um dos maiores esquemas de venda ilegal de bilhetes para grandes eventos foi desmantelada. Segundo informações da revista Veja, a máfia dos bilhetes atuou na Copa do Mundo de 2014 e na Olimpíada do Rio.
Em depoimento à polícia, Hickney admitiu ter conversado com Evans. O assunto da conversa, porém, seria um pedido de explicações sobre a prisão do irlandês Kevin James Mallon, flagrado vendendo ingressos horas antes da Cerimônia de Abertura.
No entanto, a conversa encontrada pelos agentes é de dois dias antes da prisão do suspeito, como explica o delegado Ricardo Barbosa, diretor do Núcleo de Apoio aos Grandes Eventos (Nage): " Kevin James Mallon só foi preso dois dias depois da conversa que eles falavam sobre os ingressos da cerimônia de abertura. E o contato deles vem desde de 2010, pelo menos".
Segundo a polícia, o dirigente do COI sabia sobre a venda de pelo menos 84 ingressos inicialmente destinados ao Conselho Olímpico da Irlanda. A operação ficaria a cargo da empresa THG, que já havia sido flagrada em esquema semelhante durante a Copa.
Os ingressos para a abertura dos Jogos, que custavam até R$ 3 mil, chegavam a ser vendidos por R$ 25 mil. No total, a quadrilha planejava movimentar cerca de R$ 10 milhões durante a Olimpíada. Uma parte dos ingressos do esquema eram provenientes, também, da empresa Pro10 - credenciada pelo Conselho Olímpico Irlandês para a venda de ingressos.
Até agora, sete integrantes das duas empresas tiveram mandados de prisão decretados. Outros dirigentes do Conselho Olímpico da Irlanda permanecem sob investigação, inclusive o atual presidente William O’Brian. A polícia apreendeu, no último domingo, passaportes de três membros do comitê.
Leia também: Seis integrantes do Comitê Irlandês estão proibidos de sair do Brasil