Transexual pede morte assistida se não puder trocar nome e gênero
Designer de 44 anos entrou na Justiça para tentar a retificação de documentos
© Reprodução / Facebook / Neon Cunha
Brasil Saúde
Uma designer transexual luta na Justiça para alterar seu registro civil. Se seu nome de batismo, Neumir, e o sexo masculino que aparece em seus documentos não foram trocados, Neon Cunha, de 44 anos, pede "o direito a uma morte assistida".
Em depoimento ao jornal Folha de S. Paulo, ela conta que teve uma infância marcada por bullying em São Bernardo do Campo (SP). Meninos a chamavam de "bichinha" e "mulherzinha" - termos que não a incomodavam até que um irmão mais velho explicou que um "homem" não poderia aceitar esse tratamento. Aos dois anos e meio, ela passou a se reconhecer como sendo do sexo feminino.
Neon se recusa a ser diagnosticada com disforia de gênero, condição em que uma pessoa não reconhece em seu corpo o gênero que realmente tem. Essa é o principal ponto "polêmico" em seu processo judicial.
"Não vou passar por controle médico, me recuso a passar por um processo de patologização. Como eu vou ficar nua na frente de alguém para provar que eu sou eu. Eu não tenho essa disforia [não reconhecimento da genitália com que se nasce], nunca tive. Uma mulher pode nascer com um falo e não se incomodar com isso", diz.
"Essa ação era o sonho do meu advogado, é a tese dele. Ele diz que é o último processo que vai pegar. Disseram que ele vai parar no Tribunal de Ética da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], mas ele peita. Ele pode ser proibido de advogar. Mas vou levar adiante", conta.
"Não tenho medo da morte. Tenho medo de morrer sem dignidade. A morte assistida seria morrer com os meus queridos ao redor, saber que eu ia ser enterrada com o modelão que eu escolhesse".